Capítulo 18

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- Assim está bom pra você? - Diogo perguntou quando me viu entrar na cozinha, depois de eu ter me acalmado o suficiente pra trocar minha blusa rasgada.

Olhei para o trabalho que ele tinha feito com fita adesiva. Ricardo estava sentado em uma das cadeiras da cozinha com a cabeça caída pra frente e os braços amarrados atrás das costas.

Diogo disse que amarrá-lo não seria necessário, já que não havia possibilidades de ele acordar antes que ele o tirasse da minha casa, mas eu insisti, porque certamente não estava preparada para ver se ele tinha razão.

Engoli em seco enquanto meu coração se paralisada por um segundo. Só de olhar pra ele eu ficava tonta. A alguns minutos atrás, esse homem amarrado na cadeira da minha cozinha tentou me estuprar...

Um arrepio percorreu meu corpo e eu desviei o olhar, balançando uma vez minha cabeça em tom afirmativo.

- Pra que isso? - Ele voltou a perguntar quando notou um paninho amarelo e um vidro de álcool na minha mão.

Eu o olhei.

- Tem sangue na sua boca. - Murmurei apontando com a cabeça.

Ele passou o dedo no canto do seu lábio e observou o líquido vermelho que o sujou, denunciando que eu estava certa. Então voltou os olhos pra mim sorrindo.

- Você vai me limpar?

Meu rosto ficou vermelho.

- Você pode fazer isso, se quiser. - Ofereci o pano e o álcool a ele.

Ele fez que não com a cabeça e puxou a cadeira mais afastada de Ricardo.

- Você limpa. - Então se sentou, oferecendo seu rosto a mim.

Eu suspirei e caminhei devagar até ele, lutando contra o impulso de correr e o abraçar apertado, sem intenção alguma de soltá-lo.

Me ajoelhei na frente dele entre suas pernas e molhei o pano com álcool. Com todo o cuidado passei o pano no canto de sua boca, onde o sangue já estava quase totalmente seco. Mordi meu lábio. Isso seria um pouquinho mais difícil do que eu supunha...

Ele acompanhava cada movimento meu com os olhos, sem desviá-los nem por um segundo. Me perguntei se ele estava se lembrando de piscar.

Vários segundos se passaram enquanto um silêncio constrangedor pairava entre nós. Ele apenas me olhava, e apesar das milhares de perguntas que tomavam conta da minha mente, eu ainda não tinha encontrado um jeito de colocá-las pra fora.

Ele estava aqui... como isso era possível? A última vez que eu o vi, ele estava furioso me olhando enquanto eu me afastava com Cristiano. Isso mais parecia um sonho ou novela, quando a mocinha está em perigo e o príncipe encantado surge para salvá-la.

Deus... Ele está aqui!

- Vamos lá, pergunte. - A voz de Diogo me tirou do meu devaneio enquanto eu passava o paninho em sua boca. - Eu consigo ver a dúvida em seus olhos. Pode perguntar.

Engoli e molhei novamente o paninho com álcool enquanto pensava em como colocar minhas dúvidas em palavras. Por fim suspirei enquanto voltava com o pano para o rosto dele.

- Como você chegou aqui?

Ele sorriu.

- Eu devia estar de castigo, mas quando ouvi minha mãe mandando esse desgraçado vir trazer sua mãe em casa eu tive que violar as regras.

Estava difícil organizar tudo em meu cérebro, então levei um momento para formular a próxima pergunta.

- Por que você faria isso? - Minha voz quase sumiu.

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