Epílogo

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6 meses depois...

Não consigo evitar o grito de dor ao sentir a forte contração pela milionésima vez, deixando Diogo ainda mais tenso ao apertar desesperadamente sua mão.

- Merda, façam alguma coisa! - Ele grita para um dos enfermeiros no quarto que o olham apavorados.

- Não há muita coisa que possamos fazer, senhor. Ela não tem passagem para um parto normal, a Cesária está sendo preparada.

- Imbecis! Vocês sabem que ela não pode passar pela Cesária!

- Nós sentimos muito, mas precisamos retirar o bebê.

Cesária. Eu e Diogo fomos informados que, caso eu tivesse que enfrentar uma Cesária, seriam pequenas as chances de eu sair com vida. Os exames apontaram que eu tenho um tipo raro de alergia à anestesia, e a partir do momento em que ela for aplicada a mim, a probabilidade de impedir minha falência será quase nula. Mas meu filho não pode esperar.

- Ei, olhe pra mim. - Chamo Diogo com dificuldade, respirando rapidamente. Quando ele me olha com seus olhos mais abertos que o normal deixando transparecer seu desespero, eu ergo minhas forças para tirar minha mão de entre as suas e acariciar seu rosto. - Vai ficar tudo bem.

Ele balança a cabeça para os lados e fecha os olhos com força.

- Deve haver outro jeito.

Outra contração mais leve faz-me contorcer sobre a maca, e Diogo abre os olhos para me olhar.

Eu lhe dou um sorriso.

- Nosso filho... precisa nascer.

- Eu não posso perder você.

- Você não vai. - Outra contração, e dessa vez eu seguro a barra da maca com um grito rasgando o quarto do hospital.

- Não faça isso comigo, Luna...

Quando a dor se distancia me permitindo abrir os olhos, posso perceber uma lágrima escorrendo pela sua bochecha antes de ele secá-la.

Não precisa de uma prova maior que essa. Nos últimos seis meses ele nunca me disse se havia se lembrado de algo ou sequer que me amava, mas a cada dia que se passava, a cada momento, seus gestos e suas palavras não me deixavam ter dúvidas. E honestamente, eu não me importaria se ele não se lembrasse do que vivemos antes do seu trauma. Tudo o que enfrentamos juntos durante minha gravidez já valeu por toda a vida.

- Eu... amo você. - Sussurro entre respirações profundas, olhando na imensidão dos seus olhos verdes - agora vermelhos em volta.

Ele se inclina sobre mim de olhos fechados, descansando levemente sua testa sobre meu coração.

- Fale de novo, por favor.

- Eu te amo, Diogo. - Engulo e inspiro. - Não importa o que aconteça... eu vou... te amar até meu último suspiro.

Ele balança a cabeça, e quando se levanta para me olhar, outra lágrima se desprende.

- Eu tenho algumas coisas pra te dizer também.

Tento sorrir da melhor maneira possível, buscando respirações do fundo do meu pulmão.

- Então se apresse... seu tempo está acabando. - Minha voz sai estrangulada na última frase e eu me contorço.

Tudo bem, meu pequeno Stephan... você já vai nascer...

- Não agora. - Diogo balança a cabeça segurando minha mão novamente. - Quando tudo isso acabar. Quando você puder pegar nosso filho no colo... então a gente conversa.

Apostas do destinoWhere stories live. Discover now