Capítulo 23

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- Não! - Balancei minha cabeça violentamente. - Diogo é um idiota, mas ele não... ele não é um assassino.

- Pense, Luna. Monte o quebra cabeça. Um dia, por telefone, você me contou que ele tinha um ódio mortal do Nicolas e estava mantendo segredo sobre isso. Ele já te disse porque?

Meus pensamentos estavam dispersos e eu não conseguia encaixá-los em uma ideia fixa.

- Não... - Murmurei de novo porque era apenas isso que ecoava em minha cabeça.

Não... por favor, não...

- Foi o Nicolas quem encontrou as primeiras pistas sobre ele. Nicolas começou a desconfiar e investigar mais a fundo. Por isso Diogo o odeia.

- Ele não faria isso. - Minha voz estava falhando e meus olhos embaçados. A verdade era que eu estava tentando convencer a mim mesma, mas estava se tornando cada vez mais difícil.

- Ele mentiu pra você esse tempo todo, amiga. - Sofia balançou a cabeça e apertou minha mão. - Ele nunca lamentou pela morte do seu pai.

- Não! - Eu me afastei do seu toque subitamente, fazendo-a pular de susto. - Você não sabe o que está dizendo. - Eu estava balançando minha cabeça freneticamente, como se assim eu pudesse expulsar todas as ideias horríveis que estavam tomando meus pensamentos. - Ele não faria isso.

Sofia não respondeu. Ela encolheu a mão, descansando-a sobre o colo e me olhou fixamente, com os olhos marejados.

- Ele não faria isso. - Falei de novo. Eu queria - não, eu precisava - me convencer disso.

Diogo não seria capaz de dizer as palavras que ele disse no balão se tivesse matado meu pai. Ele não seria capaz de me abraçar todos os dias como se tudo estivesse bem, se tivesse sido o assassino da pessoa mais importante que já existiu na minha vida...

Não. Ele não seria capaz.

- Eu sinto muito, amiga.

- Cala a boca. - Escondi o rosto entre as mãos e só então percebi o quanto estava tremendo.

Meus olhos estavam molhados com as lágrimas insistentes que imploravam pra cair, mas eu pisquei tentando levá-las para meu interior de novo.

- Luna, me desculpe. - Sofia disse tocando em meu braço. - Eu não queria... você não precisava saber sobre isso.

- Saia daqui. - Tentei manter minha voz controlada mas ela tremeu.

Droga. Piscar não estava adiantando. As lágrimas voltaram, dessa vez mais fortes, empurrando todas as minhas barreiras e tentando escapar.

- Amiga, eu estou tentando te ajudar. Me deixa...

- SAIA DO MEU QUARTO, SOFIA! - Gritei afastando minhas mãos do rosto bem a tempo de vê-la pular de novo com o susto.

Ela me olhou com os olhos mais abertos que o normal demonstrando claramente seu pavor, mas eu sabia que ela não estava com medo de mim.

Ela estava com medo por mim.

- Me deixa sozinha. - Eu não conseguia mais controlar minhas emoções. Minha voz estava saindo embargada e distante, se fazendo estranha até pra mim mesma. - Por favor.

Sofia respirou sem desviar os olhos de mim. Por fim, balançou a cabeça.

- Tudo bem. Eu vou estar lá fora.

Eu não respondi, apenas fiquei a olhando enquanto ela se levantava da minha cama e caminhava até a porta, parando uma última vez para me olhar por um momento, e então saiu, fechando a porta ao passar.

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