Capítulo 32

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- Entre. - Carlos me disse ao abrir uma porta no longo corredor em que começamos a caminhar. - Doutor Rubens vai conversar com você.

Doutor Rubens? Conversar comigo?

Olhei para ele buscando uma explicação silenciosa para o fato de ele supostamente estar me mandando conversar sozinha com o médico que aparentemente desejava desligar as máquinas de Diogo de qualquer jeito, mas a única coisa que recebi em troca foi um olhar paciente, mas inexpressivo.

- Entre. - Ele repetiu com um aceno de cabeça, e sem encontrar qualquer outra coisa que eu pudesse usar para negar sua ordem, obedeci.

Doutor Rubens estava sentado atrás de sua mesa examinando alguns papéis, mas ergueu o rosto para me olhar quando adentrei seu consultório, escutando, para minha confirmação e completo pavor, que Carlos fechava a porta permanecendo do lado de fora.

- Sente-se, Luna. - Rubens resmungou uma voz baixa, porém estranhamente calma para quem estava impaciente algumas horas atrás.

Me aproximei de sua mesa e me sentei em uma das duas cadeiras que estavam dispostas diante dela sentindo meu coração me sufocar ao tentar sair pela boca. Ele organizou os papéis sobre a mesa.

- Eu vou te fazer uma pergunta e preciso que você seja muito sincera comigo. Pode fazer isso?

- Posso.

- Bom. - Ele desviou os olhos para os papéis novamente por um segundo antes de me olhar de novo. - Diogo realmente apertou sua mão?

Engoli em seco. Eu sabia o que tinha sentido, mas uma coisa era tentar convencer com minhas palavras, outra coisa eram as provas que provavelmente estavam marcadas nos papéis que estavam em suas mãos.

- Apertou. - Felizmente minha voz soou firme e decidida.

- Você tem certeza?

- Absoluta.

Ele respirou fundo, deixando os papéis e cruzando as mãos sobre a mesa.

- Eu espero que você não leve isso para o lado pessoal, mas eu conversei com Carlos alguns minutos atrás, e... bem, ele confessou a mim que mentiu. Achei sensato da parte dele, decidir não colocar seu emprego em jogo. Mas eu preciso da verdade vinda da sua parte também, Luna. Você realmente sentiu Diogo apertar sua mão?

Esfreguei as palmas das mãos ao lado das minhas coxas para secar o suor frio que brotava.

Carlos contou a verdade? Por que então mentiu anteriormente? Por que me fez acreditar que realmente se importava? O que mudou?

Senti minha mandíbula ficar tensa antes das lágrimas retornarem intensas, embaçando minha visão. Ele era minha única testemunha, minha única esperança... se ele desistiu, acabou.

Mas eu não desistiria. Não podia desistir depois de tudo. Eu ainda confiava que Diogo havia me escutado, e enquanto eu vivesse, jamais duvidaria disso. Jamais.

- Escuta, Doutor... - Falei calma, embora minha voz começasse a me trair. - Eu não sei por que Carlos mentiu para contar a verdade depois. Não sei o que se passou na mente dele, nem o que o motivou a querer salvar a vida do Diogo e depois escolher o próprio emprego, mas uma coisa que eu sei, é que ele me escutou. - Engoli o nó da minha garganta sem me dar ao luxo de duvidar das minhas próprias palavras. - Eu pedi um sinal de que ele estivesse me escutando, e ele me deu esse sinal. Eu senti e vi. Eu sei que não foi nenhuma... ilusão ou... truque da mente tentando me fazer acreditar que Diogo está vivo. Foi real. E não me importa se você nem ninguém acredita em mim, mas mesmo que o mundo inteiro me ache louca, eu não vou duvidar. - Balancei minha cabeça para dar ênfase à minha declaração. - Eu não vou duvidar porque eu sei que ele não me abandonou. Eu confio nele. Então jamais... eu duvidarei que ele apertou minha mão.

Apostas do destinoWhere stories live. Discover now