● Capítulo 35 ●

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|Ângela|

"Obrigada pela compreensão dona Sandra."- agradeço uma vez mais.

"De nada querida, e as melhores ao teu avô. Adeus, beijinhos."- e nisto desligo a chamada voltando a deitar-me na cama apenas a olhar para o teto.

Sentia-me cansada, cansada de não fazer literalmente nada, cansada psicologicamente com toda esta situação. Mas o que interessa é que o meu avô encontra-se estável, embora todos saibamos que a recuperação irá ser difícil. Arranjei coragem e depois de tomar um duche vesti-me para o ir visitar. Sentia-me nervosa, insegura e ansiosa. Não sei se era capaz de entrar naquele quarto e ver uma das pessoas que mais adoro nesta vida ligada a umas quantas máquinas, incapaz de agir.

Os meus pensamentos são interrompidos pelo meu telemóvel a tocar. O meu coração para por momentos ao pensar que poderá ser a minha mãe, mas um sorriso instala-se no meu rosto quando vejo que era André. Para além de Maria, e Jack que se encontra do outro lado do mundo, André tem sido das pessoas a dar-me mais apoio. Aprecio muito esse seu gesto.

"Vamos dar uma voltinha para espairecer até ao parque da cidade? Tenho de me mentalizar que logo á tarde estarei dentro daquele estádio rasco de Alvalade!"- suspiro rindo-se.

"Por acaso ia agora ver o meu avô."- a minha voz saí mais triste do que aquilo que eu esperaria e queria. Mordo o lábio esperando a sua resposta.

"Então? Estás nervosa? Queres que vá contigo?"- questiona preocupado.

"Muito nervosa, não sei se sou capaz de lá ir sozinha."- levo a minha mão ao meu cabelo colocando umas mexas para o lado direito.- "Não te importas? É que a minha mãe ainda não saiu de lá, nem o meu pai, então como podes ver estou sozinha, com o Chanel."

"Claro que não me importo, estou aí em dez minutos."

"Obrigada."- sorrio, mesmo sabendo que o moreno não estava a ver.

"Sempre às ordens bebé."- coro um pouco com a alcunha que André pronuncia. Nunca gostei muito disso para ser sincera, sei lá é demasiado meloso pelo menos em português. Não sei se me consigo fazer entender, mas na minha opinião estas palavras soam tão melhor em inglês, mas vindo do André é querido de se ouvir.

Desço as escadas e como uma coisa rápida para o pequeno-almoço, uma sandes com fiambre e um iogurte da Danone, a seguir trato de dar a refeição a Chanel e claro, uma data de mimos pelo meio. Custava-me deixa-lo aqui sozinho, mas não tenho outra alternativa. Era nestas alturas que o café da Ellen fazia jeito. Ouço uma buzina e logo deduzo que seja André. Dou mais uns quantos beijinhos ao cachorrinho e depois de pegar na minha mala saio de casa caminhado em passos largos até ao famoso carro preto de André.

"Aproveitei e trouxe uns muffins da Starbucks."- ele entrega-me o saco de papel.- "Já agora bons dias."- o típico beijo é deixado sobre os meus lábios.

"Obrigada, e bom dia."- Rapidamente abro o saco e André começa a conduzir.- "São deliciosos!"- Falo com a boca cheia o que provoca o riso do moreno. Comida é vida, muffins são vida.

"Espera, estás aqui suja."- com o seu polegar retira a pequena quantidade de creme do canto do meu lábio limpando ao guardanapo desseguida quando paramos num semáforo vermelho.

Não demoramos muito até chegar ao Lusíadas, o hospital onde o meu avô estava internado e onde a minha mãe trabalhava. André estacionou o carro e eu apresso-me em entrar dentro de um dos edifícios que eu mais odiava. Ambiente de hospital dá-me náuseas. No senhor da receção dou o nome do meu avô e eles indicam-me o seu quarto no piso 3. Subimos as poucas escadas e logo encontro a minha mãe do lado de fora do quarto com o meu pai sentados nuns sofás naquele longo corredor. O nosso instinto foi abraçarmo-nos os três de imediato.

I Found You - |André Silva|  ✔ Where stories live. Discover now