1.
Ficamos na The History até às 6 da manhã bebendo, dançando e rindo. Nem sei como conseguimos, mas pegamos um táxi e fomos para a minha casa. Daniel teve que ser carregado. Não se aguentava de bêbado e de sono. Chegamos eram quase 7 horas da manhã. Minha mãe e minha avó não estavam, tinham ido à missa dominical, com sorte elas iriam fazer mercado como sempre minha mãe fazia e nós teríamos tempo para tirar um bom cochilo.
— Eu preciso ir para a minha casa, Mané. — Resmungou Daniel com os olhos fechados.
Entramos no meu apartamento cambaleando. Eu segurava o Daniel pela cintura e pelo braço que estava ao redor do meu pescoço.
— Você vai depois que cochilar um pouco. Você não está em condições de fazer nada. E nem eu. — Falei tentando chegar no meu quarto.
A nossa sorte é que quando eu vi que já estava ficando alto e que o dinheiro estava acabando, comecei a tomar água e ficar de olho no Daniel. Ele sim extravasou e gastou o que tinha e o que não devia.
Coloquei ele sentado na minha cama feito um boneco. Tirei a sua camiseta e ele caiu com o corpo de lado já cochilando. Fiquei de olho com medo de que a qualquer momento toda aquela bebida o fizesse vomitar. Tirei os tênis e as meias dele. Segurei seu pé, fechei os olhos e cheirei entre seus dedos e meu pau voltou a ficar duro. Olhei para ele apagado e mil coisas passavam pela minha cabeça. Desafivelei seu cinto, lutando contra pensamentos pecaminosos e mesmo entre resmungos e palavras desconexas consegui tirar suas calças e deixei ele de cueca, completamente apagado.
Tirei minha roupa e arrumei ele de lado antes de deitar. Se vomitasse, pelo menos não engasgaria. Coloquei meu braço em cima do travesseiro para fazer um apoio melhor para a sua cabeça. Ele pegou minha mão direita e a puxou. Deixou minha mão presa com a sua do lado esquerdo do seu peito.
"Espera eu dormir primeiro?
Espero. Claro que espero."
Meu peito grudou em suas costas. Minhas pernas se encaixaram nas dele e ele fez questão de enroscar seus pés nos meus. Meu pau encaixou na sua bunda, assim como uma salsicha se encaixa no meio do pão de um hot-dog. Fechei os olhos para manter a calma e não fazer uma merda que me trouxesse arrependimentos futuros. Colei meu nariz no seu pescoço e senti seu corpo arrepiar sob o meu. O cheiro de sua nuca era uma mistura de shampoo e suor. Ambos fomos vencidos pelo sono. Apertei ele nos meus braços e dormimos juntos, quase nús, na minha cama, agarrados, como dois amigos.
Infelizmente esqueci de fechar e trancar a porta do meu quarto.
2.
Na Europa, durante a Idade Média as noivas eram vistas como uma fonte de energia positiva no seu dia. Para que todas as convidadas se beneficiassem disso, a tradição era cortar pedaços do vestido da noiva após a festa. Além disso, ela levava um buquê de ervas, especiarias e flores para estar perfumada no seu dia especial, já que o ato de tomar banho para ocasiões especiais não era tão comum naquela época.
Com o tempo os costumes foram se adaptando e, mesmo com a "popularização" do banho, as noivas mantiveram o buquê como talismã da sorte. Quanto a fonte de energia, os dois antigos costumes se fundiram e, para não retalhar o lindo vestido da noiva, foi adaptado o lançamento do buquê como símbolo de compartilhamento da sorte para as convidadas.
O propósito é sempre o mesmo, se beneficiar da energia positiva dos noivos. E era por isso que a Labeless trazia essa brincadeira para os palcos.
O buquê de alstroemérias cor-de-rosa ainda estava parada no alto, entre os dedos de uma mão, segurando-as firmemente. As pessoas da plateia se afastaram para que pudéssemos lá de cima do palco enxergar quem era o sortudo naquela noite no Hello There.
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100 Cuecas!
RomanceToda história tem um começo, meio e as vezes precisa ter um fim. Após uma década de espera, Fábio Linderoff está de volta em uma história inédita! A terceira parte de sua epopeia pelo mundo LGBTQ conta o que aconteceu após a Parada Gay em que ele de...