Lições de vida

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Esqueça o passado

Não tente saber demais sobre os relacionamentos prévios de seus ficantes ou aspirantes a namorados. Isso pode criar em sua cabeça uma eterna comparação entre você e pessoas que talvez você nunca venha a conhecer. De uma maneira ou de outra somos resultado da soma de tudo aquilo que vivemos e se estamos com uma pessoa devemos respeitar tudo o que ela viveu, assim como ela também deve respeitar tudo aquilo que você viveu. Se o destino os uniu nesse ponto de suas vidas, pense sempre daqui para frente. Não devemos fugir do passado e sim aprender com ele. Às vezes a ignorância é uma benção. Se você puder evitar aquilo que certamente vai te deixar mal e não vai acrescentar nada em sua vida é melhor.

Não crie expectativas

Sabe quando os pais se frustram porque querem que o filho seja médico e ele quer ser tatuador? Então, é isso. Como tatuador ele pode ter uma estabilidade profissional que sendo médico talvez não teria. Mesmo assim, há pais que não aprovariam essa decisão simplesmente porque aquilo não foi o que eles idealizaram. A expectativa era poder ter um filho médico simplesmente. Todas as vezes que depositamos expectativas no outro ser humano há a probabilidade de frustração. O mesmo acontece em relacionamentos. A gente projeta no parceiro(a) as nossas expectativas como se eles fossem obrigados a cumprir. Entretanto, não são. Apostar demais no outro pode impedir que você veja a pessoa como ela realmente é com suas virtudes e seus defeitos. Pessoas são diferentes, pensam diferentemente e portanto, farão uma hora ou outra coisas que você não estava esperando. Assim como não queremos ninguém decidindo como devemos ser e o que devemos fazer, o sentimento em relação ao outro deve ser recíproco.

Não prometa algo que não conseguirá cumprir

No início do relacionamento sempre tentamos fazer de nós mesmos vitrines atrativas. Escondemos nossas imperfeições e evidenciamos as nossas virtudes. Não deixamos o outro olhar o produto além do escaparate de palavras bonitas e boas maneiras. Muitas vezes mentimos e omitimos para tentar parecer mais atraentes e esquecemos que as pessoas têm que gostar da gente do jeito que somos, com nossas virtudes, com os nossos defeitos, com os nossos vícios e as peculiaridades de nosso jeito de andar, falar, agir e pensar. Há pessoas que gostam de prometer mudanças para agradar mais o outro do que a si mesmo. Na verdade promessas devem ser feitas quando vão beneficiar mais você do que o outro. Há pessoas que prometem que vão parar de fumar, mas não param. E não param porque não querem parar, elas sentem prazer em fumar. Querem prometer algo que vai contra a sua vontade. Quais as chances de essa promessa ir por água abaixo? Há pessoas que prometem que vão ficar em casa no sábado a noite, mas saem escondidas. Pessoas que prometem que não conversam com o ex, mas nunca fecha essa porta. Pessoas que prometem muitas coisas simplesmente para "comprar" um certo tempo de paz, mas só postergam discussões e resoluções necessárias. Sempre que você promete algo só para agradar, promete algo que dentro de si sabe que será muito difícil de cumprir, você coloca a confiança que o outro tem em você em jogo. E quem perde sempre é quem promete.

Saiba escolher suas batalhas

Lidar com outro ser humano é um desafio constante. E sempre será assim porque uma outra pessoa é um universo de costumes, valores e crenças diferentes do seu. Não existe e jamais existirá uma relação humana completamente sem problemas para resolver. Isso é uma guerra constante. E nessa guerra você só tem duas armas: verdades e mentiras. Por isso temos que saber escolher nossas batalhas. Pois se não houver esperança de vitória, nem comece. Verdades são armaduras e escudos que você sempre poderá usar para se defender. Atacar com verdades nem sempre é eficaz, não causa tantos danos. Por isso nós temos as mentiras. Elas são como boomerangs afiados. Você os atira e torce para decepar os argumentos afiados dos outros. Dependendo da forma que a pessoa é atingida até machuca. Verdades são objetivas. Mentiras se alastram. Todos mentimos o tempo todo. Isso é uma verdade que dói. Nunca contamos aquele fato do jeito que realmente aconteceu. Sempre contamos algo acrescentando ou omitindo algo. A nossa memória é seletiva. Não guarda tudo que vemos ou ouvimos. Apenas o que é relevante e necessário para nós mesmos. Portanto, sempre que contamos algo ou passamos uma informação para frente, estamos mentindo um pouquinho. Dói saber disso, mas é a verdade. E de tanto a gente contar a nossa versão de uma história, passamos a acreditar que ela é a verdadeira. Entretanto, se essa arma — a mentira — volta na nossa direção não há verdade que resista ao estrago que ela é capaz de fazer. Por isso, ao invés de mentir, temos que escolher com cautela o que falar. Saber o que falar e como falar é uma dádiva dos deuses. Omitir para evitar confrontos sangrentos e muitas vezes desnecessários é uma boa opção. Omita, mas não minta.

Sexo é um dos termômetros da relação

Não é preciso estar numa relação para transar, mas é necessário transar para permanecer em uma (na maioria das vezes, pelo menos). Há uma supervalorização do ato sexual desde sempre. E — felizmente — nem sempre o sexo precisa ser ótimo. O que eu quero dizer é que existem vários fatores que determinam a qualidade do sexo. O parceir(a), o órgão genital, a performance, o estado emocional e o sentimento que se tem pelo outro(a) são apenas alguns deles. Vivemos em um caldeirão de cultura e diversidade que tenta a todo custo perpetuar valores e costumes herdados de nossos ancestrais europeus. Besteira. Tudo isso só serve para deixar o sexo chato. Na Alemanha, por exemplo, a maioria das mulheres não gostam de falar sobre sexo ou sequer abrem esse assunto para debate com seus parceiros(as). Quando você não conversa sobre sexo acaba gerando um tabu no relacionamento. Quando isso acontece na maioria das vezes o sexo acaba virando uma obrigação periódica e não um momento de entrega e de prazer. Quando não há diálogo acerca desse assunto todos os envolvidos acabam criando medo e vergonha desnecessários. Medo do que o parceiro(a) vai pensar caso descubra o que de fato lhe daria (mais) prazer e vergonha da expectativa que criamos a respeito de como a melhor performance deve ser. Sexo é um assunto delicado. Tanto na hora de glamourizar, quanto na hora de marginalizar. O sexo é instrumento de conquista, de aproximação, de repelência e de humilhação, quando deveria ser instrumento de reprodução e prazer mútuo. Apenas. Pior que sexo de filme de Hollywood e novela, só sexo de filme pornô, com pessoas depiladas dos pés ao pescoço e homens com rolas quilométricas. O seu sexo não necessariamente precisa ser igual ao desses filmes e você não precisa ser igual a esses atores e atrizes. Não existe o modelo de parceiro(a) perfeito porque ninguém é perfeito. Não existe o manual do melhor jeito de se transar que sirva para duas pessoas dentro de uma relação. Somos diferentes e somos imperfeitos. Temos receio de admitir isso, por conta disso há uma idealização de que a atividade sexual deve se realizar segundo padrões de intensidade, desempenho, frequência e variedade de parceiros, os quais são inatingíveis para a maioria das pessoas. Todos estão lutando para serem felizes com base em alguma coisa repleta de imperfeições, furos, idealizações baratas, e ainda com o acréscimo de que a sua realização repousa no nevoeiro caótico do desejo de quem desejamos sexualmente. Transar é bom, transar é legal e para a maioria necessário. Relação sem o desejo, a erotização e a intimidade que o sexo proporciona é amizade por mais que uns e outros insistam em provar o contrário. Portanto, aprenda a se conhecer, a se permitir e não tente rotular tudo e todos. Toda vez que você categoriza alguém ou alguma coisa, você inconscientemente exclui ela de outras possibilidades. Não existem regras no sexo, mas limites. E isso deve ser respeitado. Se o momento de maior prazer e entrega é o sexo, e se é isso que fecunda um tipo sublime de amor entre duas pessoas, caso o desejo pelo outro(a) e a vontade de praticá-lo diminuem é um momento de você analisar o que está acontecendo e avaliar as possibilidades que o desdobramento disso causará. Existe amor sem sexo, existe sexo sem amor. Mas não existe uma relação sem amor e sem sexo.

E você? Tem alguma lição de vida para compartilhar?

100 Cuecas!Where stories live. Discover now