31. Primeiros sinais

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Acordo sentindo o cheiro de café fresco entrar em minhas narinas.

Abro os olhos ainda meio sonolenta. e me deparo com um teto totalmente branco. Esfrego os olhos ainda meio desorientada e viro minha cabeça para o lado, percebendo instantaneamente que não estou em minha casa.

Sento rapidamente, me livrando das cobertas e forçando minha mente meio sonolenta a se lembrar do que aconteceu na noite passada.

_ bom dia bela adormecida.- sigo o som grave da voz que me chama, e o reconhecimento me vem a mente quando vejo Philip parado quase ao meu lado com dois copos de café na mão.- fiz café.- ele me estende uma das xícaras e eu aceito.

_ eu dormi aqui.- constato o óbvio.

_ sim.- ele sorri, se sentando ao meu lado.- eu tentei acorda-la ontem a noite, mas você me mandou te deixar em paz, então resolvi não contrariar.

_ eu falei dormindo?- pergunto meio envergonhada.

_na verdade você me xingou enquanto dormia, mas eu perdoo você.- ele fala fazendo drama, o que me faz revirar os olhos.

_ que horas são? - pergunto.

_ você não é muito de conversar de manhã, não é? - ele pergunta.

_ não.- sou direta.

_ eu percebi. Agora são 8:00h.- fala calmamente.

_ isso tudo - levante rapidamente e com os olhos arregalados.- eu estou muito ferrada, a Luna vai.... Essa não, a Luna.- sento de volta no sofá, recosto minha cabeça e cubro os olhos com o braço já imaginando todas as piadinhas que serei obrigada a ouvir assim que chegar em casa.

_ você esta bem?- ele me pergunta realmente preocupado.

_ não.- falo meio chorosa.

_ eu posso te ajudar de alguma forma?

Tiro o braço que cobria meu olhos e olho para ele surpresa por sua atitude tão solícita. Quase não parece o idiota de sempre.... Mas só quase.

_ eu tenho que ir para a lanchonete. Nós abrimos em meia hora e eu já deveria estar lá.

_ vamos, eu levo você.- ele se levanta e estende a mão para mim.

Assim que nossas mãos se tocam, eu sinto uma corrente elétrica passar por meus dedos me dando um choque, o que fez com que eu soltasse sua mão imediatamente. Olho para ele e vejo em seus olhos que ele também sentiu isso.

_ vamos?- chamo tentando acabar com esse clima estranho.

_ vamos.

Ele passa por mim apressadamente e abre a porta me  dando passagem.

Olho para ele com uma das sobrancelhas levantadas e ele gargalha com minha expressão.

_ eu prometo que não vou olhar.- fala cruzando os dedos em forma de X em frente da boca, beijando levemente e rindo logo em seguida

_ por que será que eu não consigo acreditar em você.- passo por ele o olhando com os olhos semi serrados enquanto saio do apartamento e seguro o riso assim que o ouço suspira. Ele não tem jeito mesmo.

👑👑👑

Seguimos para o flor da manhã em uma conversa amistosa que jamais  pesei ter com ele. Quem diria que poderíamos passar tanto tempo assim sem que eu queira mata-lo.

_ já estava quase me esquecendo. Nosso voo sai amanhã as 9:00h da manhã.- fala, mas sem tirar os olhos da rua a nossa frente.

_ tão cedo? Ainda não entendo por que temos que ir amanhã, se o casamento é só daqui a três semanas.- falo começando a sentir aquele receio antigo dar as caras.

_ eu sei que é cedo, mas eu prometi que ajudaria Elena nessa última fase do casamento e por isso temos que ir com tanta antecedência. Além do mais quero poder passar um tempo com meus irmãos e minha mãe antes da semana do casamento.- fala normalmente.

_ por que você nunca fala do seu pai?- pergunto me arrependendo assim que vejo seu rosto se fechar em algo bem sombrio.- não precisa responder, não é da minha conta.- falo tentando concertar a burrada que fiz.

_ não tem problema.- ele respira pesadamente.- eu e meu pai nunca nos demos muito bem, ele sempre quis que eu fosse bem mais do que eu estava disposto a ser, além é claro de querer me forçar a ser como ele, o que ao meu ver não é algo bom.  Eu sempre via meus amigos falando o quão legal era o pai deles e que eles queriam ser iguais quando crescessem, e eu me perguntava por que meu pai não poderia ser assim. Ele foi o motivo de eu ter vindo para Los Angeles.- fala parecendo perdido em seus pensamento.- mas eu não quero falar sobre isso.- ele olha em minha direção e sorri fracamente.- e então, você também não falou muito dos seus pais ontem.- ele muda de assunto.

_ meus pais sempre foram maravilhosos comigo. Você ja sabe que eu fui adotada certo?- pergunto e ele balança a cabeça em afirmação, o que me traz um questionamento antigo que ainda me incomoda, mas que por hora vou deixar quieto.- então, eu fui adotada aos 14 anos e digamos que essa não é uma boa fase para ninguém, mas mesmo assim eles sempre estavam ali presentes para me amparar. Eu só tive chance de conviver com meu pai adotivo dois anos antes dele falecer, mas mesmo assim, ele me faz muita falta hoje. Ele era muito bom em ser pai.

Olho para o lado e o vejo sorri calmamente novamente, o que me faz bem de uma forma que eu não quero entender agora.

_ e sua mãe, como ela é?- pergunta curioso.

_ dona Dora é uma rocha, mesmo com tudo que está acontecendo ela não perdeu o sorriso terno e reconfortante, nem tão pouco deixou de se preocupar com todos antes de si mesma. Ela não ficou nem um pouco feliz quando contei sobre essa viagem.- falo mais uma vez me lembrando da nossa última conversa a quase dois dias e sinto um aperto no peito.

_ ela reagiu tão mal assim?- ele me fita de canto de olho e deve ter percebido minha tristeza repentina.

_ mal? Foi péssimo.  Ela gritou comigo, algo que nunca fez em doze anos. Além é claro do fato de achar que você é um maníaco excêntrico, que pode estar querendo me levar para longe para vender meus órgãos no mercado negro.- falo fazendo uma careta- não que eu também não tenha pensado nisso algumas vezes mas...- falo vendo ele gargalhar em seu banco, o que me faz rir também.- eu só queria que ela entendesse que tudo que estou fazendo é por ela... Eu só queria poder retribuir tudo que ela já fez por mim...- falo voltando a tristeza de novo.

Sinto a mão dele pousar sobre a minha que estava em minha coxa e ele a aperta levemente, antes de me dar um meio sorriso reconfortante.

_ eu tenho certeza que ela sabe de tudo isso, mas assim como toda boa mãe, também se preocupa com seu bem estar. Ela entende você Ametista, eu sei que entende.- ele fala enquanto estaciona em frente ao flor da manhã. - está entregue.- ele sorrio.

Pego minha bolsa e tiro o sinto de segurança, saindo do carro logo em seguida.

_ obrigado por tudo Philip.- falo colocando a cabeça de volta para dentro do carro pela janela.- até que você não é assim tão ruim.- falo sorrindo.

_eu te disse.- ele sorri largamente.- até amanhã Ametista.

_ até.- saio da janela e ele arranca com o carro enquanto coloca um braço para fora e acena.

Não sei o que esperar desses dias que virão mais uma coisa é certa... Eu não deveria estar acenando de volta.

Uma princesa GG Where stories live. Discover now