73. Estranha Despedida

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Estou terminando minha maquiagem quando percebo estar sendo observada. Olho pelo espelho da penteadeira e vejo o rei parado no batente da porta me observando com olhar de desejo, e mais uma vez aquela ânsia de vomito me vem a garganta. É bom saber que não terei que vê-lo pelas próximas semanas. Fingir indiferença está ficando cada vez mais difícil.

_ Posso ajudá-lo Alteza. - Pergunto ainda sem me virar, mas o olhando pelo espelho.

_ Estou procurando meu filho, pensei que ele estivesse aqui. - Ele fala também me olhando através do espelho e seu olhar costumeiramente frio, me fitava de cima a baixo.

_ Ele não está aqui. - Falo, finalmente me virando e ficando de pé.

_ Nesse caso é melhor eu ir andando, tenho que acha-lo antes que vocês partam. - Ele se vira para sair, mas para e olha para mim mais uma vez. - Eu subestimei você. Achava que uma mera cozinheira não seria um empecilho para os meus planos de colocar Philip de volta no trono, mas eu subestimei você e agora meu filho está se afastando ainda mais de nós....

_ Deu filho está se afastando porque, graças ao senhor, ele não confia mais na própria família. A culpa é sua, não minha. Porém em uma coisa você está certo Alteza, os homens dessa família tem o péssimo hábito de me subestimar, mas eu não os culpo, as vezes as aparências enganam. - Falo de maneira serena e ao mesmo tempo misteriosa. - Por isso, se eu fosse você, pensaria duas vezes em tentar qualquer coisa com a Nina ou com qualquer outra empregada desse palácio, porque eu não sou a única a estar te observando e pode ser que os outros observadores não sejam tão gentis quanto eu.

_ Amor nós já... - Philip entra no quarto pela porta adjacente com um largo sorriso, mas o mesmo desaparece quando vê seu pai parado a porta. - Está tudo bem aqui. - Ele pergunta para mim e eu aceno a cabeça em afirmação.

_ Podemos ir? - Pergunto andando até ele e o abraçando sem ligar para o homem carrancudo na porta.

_ Eu vim te avisar que o Alfred está nos esperando lá fora e eu já pedi para alguém vir buscar nossas malas.

_ Então vamos, estou louca para conhecer o restaurante do seu amigo. - Falo realmente animada e ele sorri em resposta.

_ Philip.... - Escuro a voz do rei soar altiva como sempre pelo quanto, e Philip olha em sua direção. - Precisamos conversar.

_ Eu não tenho nada o que falar com você, mas se o que tem a me dizer é importante, eu sugiro que ligue para minha secretaria e marque um horário. Agora se me der licença tenho que levar minha noiva para almoçar.

👑👑👑

_ Vocês tem realmente que ir? - Elena me abraça e eu vejo lágrimas em seus olhos.

Me sinto culpada por privar Philip da companhia de pessoas realmente boas como Elena, Ariel e Liliana apenas porque eu não sou bem vinda. Mas o que posso fazer, ir embora foi escolha dele e não posso negar que eu estou feliz por não ter mais que estar de baixo do mesmo teto de Diana.

_ Vai ser melhor assim Ely.- Philip abraça a irmã de maneira carinhosa.

_ Mas você pode nos visitar no hotel e eu posso te ajudar com o casamento se precisas. - Falo com ela e a vejo sorrir um pouco menos triste.

_ Isso vai ser ótimo eu realmente vou precisar de ajuda, o Ariel ama doces de mais para conseguir me ajudar a escolher o bolo do casamento. Nós tentamos, mas foi um desastre. - Ela sorri amplamente e eu vejo seu noivo a abraçar.

_ Fazer o que, eu gostei de todos. - Ele ri e nós também.

_ Eu queria me despedir da Liliana antes de ir, mas eu não à vi hoje. Vocês sabem dela? - Pergunto preocupada, mas logo vejo um furacão de vestido azul correr em minha direção e por um triz, quase que ela esbarra em mais um vaso Ming da rainha.

_ Cheguei..- Ela fala assim que consegue parar e eu a abraço apertado. - Você tá me esmagando. - Ela reclama e eu a solto.

_ Eu vou sentir sua falta tampinha. - Falo com ela.

_ Mas a gente vai se ver no casamento da Elena, não vai? - Ela pergunta inocente.

_ É, nós vamos sim. - Philip fala e abraça a irmã menor, que reclama quando ele a tira do chão.

_ Senhor. - Alfred aparece na porta do hall deixando claro que já está na hora de ir.- O carro está pronto.

_ Temos que ir. - Ele fala comigo e eu me despeço dos empregados que vieram se despedir, incluindo Nina e Henry.

_ Vamos.

Nós nos dirigimos para a porta, mas paramos assim que a voz melodiosa da rainha chega aos nossos ouvidos.

_ Indo embora sem se despedir da sua mãe? - Sinto Philip enrijece ao meu lado e olho para ele confusa.

_ Só estava tentando evitar novos constrangimentos. - Ele fala se virando em sua direção, e o falso sorriso que vejo em seu rosto só me faz ficar ainda mais confusa.

_ Constrangimento por quê? Você fez sua escolha e eu aceitei, fim da história. Você continua sendo meu filho e eu continuo me importando com seu bem estar da mesma forma. - A rainha sorri de maneira doce e eu assisto enquanto eles se abraçam.

_ Nós temos mesmo que ir agora. - Ele fala se soltando do abraço da mãe e voltando a segurar minha mão. - Até logo a todos.

_ Tchau.


👑👑👑

_ O que está acontecendo? - Pergunto assim que entramos no carro.

_ Nada.

_ Você está estranho Philip. Eu nunca tinha te visto se retrair tanto quanto agora. Você mal falou com a sua mãe e eu percebi que você enrijeceu quando ela chegou. O que está acontecendo? - Pergunto mais uma vez e o vejo respirar bem fundo.

_ Mais cedo você disse que se eu não quisesse te contar, você não me obrigaria. - Ele joga minhas palavras contra mim.

_ E não vou. - Confirmo.

_ Eu não posso te contar.

Ele se vira para a janela e nós passamos o resto do caminho em completo silêncio, cada um preso em seus próprios pensamentos e apesar dele não querer, ou não poder me contar o que está acontecendo, me contento em saber que ele está tentando cumprir sua promessa de não mentir e por enquanto isso é suficiente.

Alfred, que também passou a viagem toda em silêncio, estaciona em frente ao calçadão da praia e eu espero até que ele abra minha porta.

Para a minha surpresa assim que saio do carro encontro Philip segurando a porta e ele tem aquele olhar de cachorro que caiu da mudança para mim, o que amolece ainda mais meu coração derretido e me faz sorrir para ele.

_ E então, como é esse seu amigo? - Pergunto enlaçando nossas mãos e me deixando ser levada por ele pelo calçadão e pelas inúmeras barraquinhas que estavam ali.

_ Ele é bem parecido comigo, ou seja, é um idiota. - Eu gargalho com sua constatação e ele me acompanha. - Mas tem bom coração. Além do mais, faz um risotto alla milanese de se comer rezando.

_ Algo me diz que vamos nos dar muito bem. - Falo animada por experimentar temperos novos.

_ Tenho certeza que sim.

Uma princesa GG Where stories live. Discover now