44. Amiga

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Ficamos um longo tempo apenas aproveitando a companhia um do outro enquanto comiamos um manjar maravilhoso de tâmaras.

Eu queria muito poder ir até a cozinhar para pegar a receita com o chefe, mas prefiro deixar para lá, já que não seria nada elegante de minha parte.

_ Eu estou curiosa com uma coisa. - Falo enquanto degusto mais um pouco dessa maravilha.

_ Pode falar.- Ele segura minhas pernas e as coloca por cima das dele no sofá.

_ A Rainha Amália, sabe dessa história?

_ Não. Além de você, Elena, Âmbar e Escott são as únicas pessoas que sabem dessa história. Para os outros eu sou apenas um mimado que desistiu das responsabilidades para viver na farra. Minha mãe sabe o que eu quis que ela soubesse, ou seja, eu e meu pai tivemos uma grande briga por ele se meter em minha vida e isso acabou tomando proporções fora do meu controle, o que resultou na agressão e minha expulsão do palácio.

_ Não acredito que vocês deixaram que a mulher que cuidou de vocês esse tempo todo e que consideram uma mãe, fosse enganada todos esse anos.

_ Não faria a menor diferença para ela, Ami. Minha mãe sempre soube das traições e nunca disse nada. O casamento deles não passa de um acordo comercial e nada mais, não exite amor ali. Além do mais, ela saber de todos os podres dessa história só a colocaria em perigo e definitivamente não é isso que eu quero.

_ Entendi.- Falo ainda chocada com tudo que descobri sobre essas pessoas.

_ Agora me conta, - Ele começa a massagear meus pés e eu me surpreendo em quão bom ele é nisso.- Você alguma vez já pensou em descobrir quem são seus pais verdadeiros?

Perco totalmente o foco enquanto suas mãos massageiam meus pés com maestria. Minha consciência parece ter ido dar uma volta e ao sentir suas mãos subindo por minhas pernas, a falta de raciocínio lógico só piora.

_ Ami, você não deveria gemer desse jeito. Não se quiser apenas conversar essa noite.- Ele se inclina sobre mim e sussurra em meu ouvido, fazendo com que todo o meu corpo se arrepie.

_ O que foi que você me perguntou mesmo?- Saio de baixo dele e me levanto do sofá rapidamente, respirando com dificuldade. Com certeza devo estar vermelha como uma pimenta.

Ele dá uma gargalhada alta e estende a mão para mim, me levando de volta ao sofá assim que eu a aceito.

_ Perguntei se você pensou em  encontrar seus pais de sangue.

_ Sinceramente.- Ele balança a cabeça em afirmação. - Quando eu era pequena, sim. Hoje, não.

_ Por que?- Pergunta enquanto se deita em meu colo, o que me faz rir. Ta pra nascer alguém tão folgado assim.

_ Eu sempre pensei em meus pais como pessoas que não tinham condições de me criar e que por isso me largaram na porta de um orfanato com poucos dias de vida, - Falo tentando controlar as emoções.- Mas agora eu não sei mais se isso me convence. Tenho medo de descobrir que na verdade eles nunca me quiseram ou estão mortos. Eu já perdi pessoas de mais.- Falo com pesar.

_ Algum dia você vai me contar sobre sua infância?- Ele pergunta.

_ Quem sabe quando eu me sentir mais confortável em lembrar do passado.

_ Vou esperar ansiosamente.- Ele sorri e me da um selinho demorado que mais uma vez tira meu raciocínio.

_ Além do mais eu já tenho uma família. Eu tenho minha mãe, meu pai, que mesmo não tendo muito tempo com ele foi o melhor pai que eu poderia ter. Tenho o Afonso, que mesmo o conhecendo a pouco tempo já é como um irmão para mim, e tenho a Luna.... Droga.- Falo me levantando brutalmente e o fazendo cair no chão.- Desculpa.

_ O que aconteceu?- Ele se levanta.

_ Eu me esqueci completamente de ligar para casa, a Luna deve estar surtando sem notícias minhas. Ela já deve estar pensando que você me matou e largou em uma vala qualquer.- Pego o celular usando a discagem rápida e torcendo para que ela me atenda.

**Ligação on**

_ Até que enfim. Eu já está preste a ligar para a SUAT.- Ela atende no terceiro toque.

_ Me desculpa Lu, é que aconteceu tanta coisa que eu realmente me esqueci de ligar.- Falo com pesar, enquanto volto a me sentar no sofá ao lado de Philip.

_ Espero que essas coisas envolvam agarrar um certo loiro de olhos claros e sorriso cativante. Ai!- Ela grita e eu me preocupo.

_ Aconteceu, alguma coisa?- Pergunto.

_ Eão eu só.... Bati o dedo na quina da cama, mas não fuja do assunto, você ficou ou não com ele?

Olho para Philip que está distraido com seu celular e um pequeno sorriso surge em meu rosto.

_ Sim.- Respondo ainda sorrindo e provavelmente vermelha.

_ O QUE?! Eu quero saber de tudo me ouviu bem dona Ametista. Pode ir falando. Aah...- Escuto ela gemer e eu não consigo acreditar no que minha mente acabou de perceber. Só pode ser brincadeira.- Pensando bem, acho melhor deixar para amanhã. Já está tarde e eu estou com muito sono.

_ Sério. Você, Luna Turner, com sono antes das três da manhã em uma sexta a noite.- Debocho.- Me engana que eu gosto.

_ Eu tive muito traBAAAlho hoje la na lanchonete.- Ela respira com dificuldade e eu seguro o riso.

_ Esta tudo bem mesmo, amiga.- Pergunto fingindo preocupação.

_ Esta sim. É que eu acho que vi um rato.- Ela mente descaradamente.

_ Acho melhor chamar o exterminador. Nós não queremos ratos em nossa casa.- Falo enquanto reviro os olhos.

_ Não se preocupe eu vou providenciar um amanhã bem cedo.

Escuto um barulho bem alto seguido de um urro masculino e um palavrão, o que me fez segurar o riso.

_ O que foi isso?- Pergunto.

_ A televisão. Eu estou assintindo um filme.

_ Que tipo de filme. Pelo barulho, ou você está assistindo um filme de terror, ou cinquenta tons de cinza.- Vejo Philip me olhar curioso e eu faço sinal dizendo que depois eu explico.

_ Terror, com toda a certeza.- Ela fala e eu não consigo segurar o riso.

_ Tudo bem, eu vou deixar você terminar seu "filme" e amanhã nós nos falamos. Boa noite Lu.

_ Boa noite Ami, até amanhã.

_BOA NOITE AFONSO.- Grito bem alto para que ele escute do outro lado da linha e ele me responde o que me faz gargalhar alto antes de  desligar.

**Ligação off**

Esses dois não tem jeito mesmo.

Uma princesa GG Onde as histórias ganham vida. Descobre agora