Uma princesa GG

35. Verdades

Sua gargalhada estridente ocupa todo o quarto, e nesse momento eu só gostaria que tudo não passasse de uma piada.

Ametista se curva para frente de tanto rir e eu me mantenho sério apenas esperando pelo que virá a seguir.

_ Você é hilário. Seu pai é um rei, e nesse caso você seria um príncipe?- Pergunta ainda rindo.

_Exatamente. Para ser mais exato, eu sou o primeiro sucessor direto ao trono, ou era.- Falo sério.

_ Isso só pode ser piada.- Vejo ela passar da alegria a histeria em poucos segundos. - É brincadeira não é?

_ Receio que não.

_ Está me dizendo que você me escondeu esse tempo todo que faz parte da droga da família real de Genóvia!- Sua voz sobe umas três oitavas e vejo ela passar da histeria para a raiva, o que me da um pouco de medo.-VOCÊ TEVE TEMPO DE ME CONTAR SOBRE SEU PRIMEIRO BICHO DE ESTIMAÇÃO, MAS NÃO PENSOU EM ME CONTAR QUE SUA FAMÍLIA É A REALEZA.- Ela anda de um lado para o outro no quarto e eu deixo que estravaze todo o ódio sem interromper.- Ai meu Deus, se eles descobrirem toda essa farsa eu posso ser presa. Vão me jogar num calabouço....

_ Nós não temos um calabouço. - Interrompo tentando segurar o riso e acabo recebendo um olhar mortal por isso.

_ A culpa é toda sua.- Ela joga um objeto em minha direção e eu não tenho tempo de desviar antes que a almofada atinja meu rosto. De onde ela tirou isso.

" Senhores passageiros, pedimos que voltem aos seus lugares e afivelem os cintos. Pousaremos em cinco minutos".

Escutamos a voz do piloto pelo auto falante e vejo quando Ametista vira as costas e se dirige ao corredor. Sigo-a e vejo quando ela se senta e coloca seu sinto de segurança voltando a olhar para a janela. Sento-me novamente em sua frente e também afivelo meu sinto enquanto a observo perdida em seus pensamentos.

_ Me perdoa, eu....

_ Você pede perdão de mais.- Fala de maneira fria, enquanto me corta.- Eu não teria que te perdoar tantas vezes se você parasse de fazer merda. Olha, eu não quero ouvir mais nada que venha de você, então evite me dirigir a palavra pelas próximas horas, por favor.- Ela volta a olhar para a janela e meu coração se aperta. A minima ideia de perde-la sem ao menos ter tido a chance de tentar me desespera.

Não posso deixar que isso aconteça.

👑👑👑

Finalmente em terra firme Ametista me espera enquanto me despeço do piloto. Ela ainda não está falando comigo e isso está me matando aos poucos.

Vou até ela e nós seguimos em silêncio até o lado de fora do aeroporto onde Alfred nos esperava parado do lado de fora do carro.

_ Senhor Grimald, senhorita Bancks.- Ele nos cumprimenta enquanto abre a porta do carro para nós e pega a mala de Ametista.

Entramos no carro e assim que as malas estão em seu devido lugar, seguimos nosso caminho.

_ Espero que tenham feito boa viagem.- Alfred fala quando percebe o clima estranho entre nós.

_ A viagem foi ótima Alfred, obrigada.- Fala com um pequeno sorriso para ele, o que me deixa totalmente desconfortável.- Pensei que estivesse de férias.- Ela volta a conversar com ele como se eu não estivesse aqui.

_ E estou. Eu sou natural daqui e costumo passar minhas férias com minha família.- Alfred responde sorrindo.

_ Se você está de férias, por que veio nós buscar?- Ela pergunta.

_ Não estou aqui como funcionário do senhor Grimald. Esse é só um trabalho extra que faço para a família real em minhas férias. Minha mãe é uma senhora já, e todo seu sustento vem de mim, por isso eu aproveito todas as oportunidades de conseguir um extra.- Eles conversam me ignorando totalmente.

_ E como eles são?- Ela pergunta.

_ Eles quem?- Alfred parece falante de mais para o meu gosto.

_ A família real.

_ Bom, eu não tenho muito contato com toda a família até porque, meu trabalho é só dirigir. Com quem eu tenho maior contato é com a senhorita Liliana, irmã mais nova do príncipe. Ela é uma criança adorável e sempre conversa comigo quando estou no palácio.

_A quanto tempo você trabalha com eles?

_ Desde sempre, eu acho. Minha mãe trabalhava na cozinha do palácio, então cresci aqui e assim que completei a maior idade o rei me contratou.

_ Você realmente parece gostar daqui.- Fala.

_ Genóvia é a minha casa, por que não gostaria.- Ele sorri para ela e dessa vez eles foram longe de mais.

_ Então é isso mesmo, você prefere falar com o motorista a ter que conversar comigo?- Falo indignado.- Você também vai querer saber o que ele comeu no café da manhã, ou o número do sapato dele. Talvez queira saber se ele é casado também.- Sei que estou sendo totalmente babaca e infantil agora, mas não consigo controlar.

Ela fecha os olhos, respira fundo, solta o ar pela boca e depois se vira em minha direção,
me olhando de maneira gélida.

_ Eu quero sim saber todas essas coisas sobre o Alfred, sabe por que Philip? Porque ele é sincero comigo, ao contrário de você. Mas se você quer conversar, mesmo sabendo que ainda estou com muita raiva de você, tudo bem, vamos conversar....- Ela fala nitidamente tentado controlar a voz para não gritar e eu me arrependo de ter me metido em seu dialogo tão amistoso com Alfred, que no momento parece ter encontrado algo extremamente importante na rua a nossa frente, pois se mantém olhado-a fixamente. - Que tal começarmos com você me dizendo por que mentiu para mim sobre sua família, ou melhor por que você não me conta o motivo de ter ido visitar minha mãe e não ter me contado. Melhor ainda, por que você não me explica como foi que você sabia onde ela estava internada. Eu nunca te disse que era adotada, nem que minha mãe estava doente, nem tão pouco meu endereço, mas ainda assim você aparentemente sabia de tudo isso, você pode me explicar como?- eEa me olha esperando uma resposta e eu não sei o que dizer.

Ametista tem todos os motivos para estar furiosa, eu omiti muitas coisas dela e continuo fazendo isso agora. Como posso esperar que ela confie em mim se vivo escondendo coisas dela.

_ Foi o que pensei.- Ela me olha frustrada.- Seu maior erro foi menosprezar minha inteligencia. - Ela se cala e vira seu rosto em direção a janela me ignorando novamente e eu decido deixa-la em paz. Tenho muito no que pensar.