Capítulo 35 - Quem é esse cara?

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Henry

Os primeiros dias de volta às filmagens foram difíceis. Tive dificuldades para me concentrar e dar o melhor de mim. Só conseguia pensar em Amber e em como as coisas poderiam ter sido diferentes, se ela tivesse me deixado explicar. Com o passar do tempo tentei me convencer de que, por mais que quisesse fazer dar certo, Amber tinha feito sua escolha. Caberia a mim, respeitar sua decisão e torcer para que o tempo fosse nosso amigo.

Os dias foram seguindo e, aos poucos, consegui recuperar o foco, dando crédito devido às boas conversas que tive com Chuck. Meu amigo e diretor logo percebeu que algo estava errado na forma como eu estava me cobrando, sem conseguir me doar 100% para o personagem. Chuck me ajudou a ver que não havia nada a ser feito naquele momento. Amber tinha pedido um tempo e eu estava longe. Só me restava cumprir o que eu tinha ido fazer na Alemanha: trabalhar.

Depois de vencer meus bloqueios, consegui me dedicar às filmagens, treinos e ensaios e fiquei satisfeito com meu desempenho novamente. Ao final do dia, eu chegava ao hotel tão exausto que mal conseguia me perder em meus pensamentos, o que naquele momento era bom.

Com a segunda temporada, a série ganhou novos desdobramentos e personagens, trazendo uma nova dinâmica entre a equipe. Fiz questão de não precisar de dublê para as cenas de ação, fazendo com que as cenas levassem mais tempo para serem gravadas, devido aos ensaios exaustivos que as antecederam. Eu estava bem satisfeito por manter meus níveis de adrenalina nas alturas e gastava minhas horas na academia até meu corpo ficar fatigado. Era desanimador quando tínhamos períodos de folga, pois eu não sabia o que fazer para ocupar o tempo livre.

Quebrando o silêncio, Amber me surpreendeu com um telefonema. Por alguns segundos, fiquei olhando para o celular sem saber o que esperar. Estava doido para falar com ela, mas aquela ligação repentina, depois de tudo o que disse, só poderia ser má notícia ou por engano. Atendi, torcendo para que não fosse nenhuma das duas alternativas e acabei me antecipando na conversa ao perguntar se tinha acontecido algo grave. Para meu alívio e alegria, Amber queria apenas saber se eu tinha chegado bem da viagem. Eu estava feliz ao ouvir sua voz, mesmo que tivesse demorado quase um mês para isso.

Passei aquele período sem contato tentando aproveitar o tempo fora para dar-lhe espaço, sem forçar a barra. Peguei-me dizendo que sentia sua falta e que esperava que ela não estivesse se divertindo sozinha a ponto de desistir da gente. Fui idiota. Não era para tocar naquele assunto por telefone. Poderia soar como uma tentativa para pressioná-la a tomar uma decisão.

Me sentia muito inseguro em relação ao nosso futuro juntos. Sugeri conversarmos quando eu estivesse em Kensington e Amber concluiu a ligação deixando a possibilidade em aberto, dizendo "quem sabe?", com a sensação de hipótese, de dúvida.

Ambs não estava tão disposta a fazer dar certo como eu? Esforcei-me para esquecer esta parte da conversa. Quis me prender na chance de reconciliação que poderíamos ter em breve e no fato dela ainda se importar, a ponto de ligar para saber como eu estava. Aquele era um ponto positivo.

Teríamos três dias de folga das filmagens na semana seguinte. Segundo a produção, precisávamos de um descanso e de um tempo com a família, pois o trabalho estava exigindo muito de todos os envolvidos. Quando soube que poderia voltar para casa, tive medo, a princípio. Por mais que estivesse louco de saudades de Amber, temia que ela tivesse chegado à conclusão de que sua vida era melhor sem mim, enquanto para mim, estava mais difícil viver sem ela. Deus sabe o esforço que eu fiz para não ligar e não pensar nela! Até quando dormia, a encontrava em meus sonhos.

Talvez depois de todo esse tempo, com os ânimos mais calmos eu possa explicar melhor tudo o que aconteceu no mal entendido com Karen. Poderemos conversar de novo e ver que não faz sentido ficarmos separados se nos amamos tanto. Volto para casa dando lugar à esperança e deixando o medo de lado. Sim, estou contando que o tempo tenha trabalhado a nosso favor. Cinco dias são tempo suficiente para nos acertarmos e matarmos pelo menos um pouco da saudade. Dentro do táxi, a caminho de casa, pego o celular e vejo nossas fotos, algo que evitei fazer nos dias em que estive fora. Não canso de me surpreender com o quanto ela é linda...

Thanks, KalWhere stories live. Discover now