Thanks, Kal

Capítulo 8 - Such a tease (18+)

Amber

No final de uma semana de bastante movimento no café e atendendo fornecedores para suprir a loja no mês seguinte, quis me recompensar com minha bomba efervescente preferida com aroma de pêssego para curtir na banheira. Coloquei Of Monsters and Men para tocar na caixinha de som em cima da bancada do banheiro e por mais de uma hora esqueci o mundo lá fora. Lembrar dos nossos beijos errados e conversas por telefone me tirava o ar. Ele quis limpar o sorvete da minha boca! Não era coisa da minha cabeça, era real.

Entrei no banho com a intenção de desconectar, mas o pensamento nele não me ajudava a relaxar. Saber que faltavam dois dias para vê-lo de novo, me deixava inquieta.

Vesti um pijama descombinado para dormir e fui à cozinha abrir uma garrafa de vinho para acompanhar o lanche que eu trouxe da loja. Aquele seria meu jantar, assistindo a um filme repetido da Natalie Portman com Ashton Kutcher. Parecia um plano razoável para um sábado à noite sozinha.

Minha vizinha Judy, que também morava sozinha e tinha 72 anos, sempre pedia ajuda com a tevê a cabo ou com o aquecedor, antigo como a casa. As casas do meu bairro tinham fachadas centenárias e portas com aldravas. Judy sempre batia três vezes e achei ter ouvido isso quando levei a garrafa vazia para a cozinha. Imaginei que só podia ser ela àquela hora. Jackie cochilava no tapete da sala e despertou quando ouviu o barulho das chaves, indo logo bisbilhotar.

Ao abrir a porta, fiquei surpresa ao me deparar com Henry.

- Você? - falei espantada.

Senti como se tivesse recebido uma descarga de alta tensão. Foi bem ridículo! Ele não percebeu, apenas ofereceu o melhor sorriso.

- Sei que a hora é ruim, mas - hesitou continuar - quis te ver. Que saudade de ouvir aquela voz!

Jackie farejou sua mão e recebeu a atenção com um carinho de Henry, que se agachou para coçar sua cabeça.

- Ei, garota! - Jackie lambeu o dorso de sua mão e seu rosto.

Satisfeita, voltou para continuar cochilando em seu cantinho.

- Pensei que chegaria depois de amanhã. - falei.

- Posso entrar? - perguntou ao ver que eu ainda estava bloqueando a porta.

- Claro! - abri caminho para que entrasse.

Considerei trocar de roupa para algo mais apropriado. Não estava esperando visita quando decidi vestir um blusão cinza e shorts que mostravam mais do que eu gostaria.

Mas será que não era mesmo apropriado estar confortável com Henry por perto, dadas as minhas intenções?

- Desculpe o pijama. Talvez deva me trocar. - falei para ouvir o que diria, enquanto ele passava os olhos por mim dos pés à cabeça.

- Imagina. Eu peço desculpas pela hora. - disse, levando a mão ao peito.

Tirou a bolsa carteiro do ombro, onde carregava seus textos e material de trabalho, mostrando que realmente não tinha passado em casa e tinha vindo direto me ver.

- Então, veio antes do planejado? - concluí, pendurando sua bolsa no gancho da parede.

- Quis fazer surpresa. Algumas cenas vão ser refeitas, mas não iriam precisar de mim, por enquanto.

- Fazer surpresa? Para mim? - Registrei apenas a primeira parte do que disse.

- Para quem mais? - ele perguntou e olhou-me com fogo nos olhos, fazendo um silêncio mais demorado que o necessário. Tinha visto algo parecido quando estávamos prestes a nos beijar quando ele deixou a cidade.