Capítulo 25 - Compromissos

711 78 28
                                    

Henry

Paris

Esse tempo em Paris é tudo o que nosso relacionamento precisa. Não somente pelos encantos da cidade, mas por necessitarmos de um tempo só nosso. Reconheço que falhei por não ter contado sobre as cenas. A distância causada pelo trabalho não nos deu muita oportunidade de conversar com calma. Então, poder ter três dias me concentrando somente em Amber seria especial em qualquer lugar do mundo. Calhou de ser em Paris, mesmo decidido de última hora e graças ao Chuck! Agora devo mais uma para esse cara que está sempre pronto a ajudar quando preciso.

Apesar do pouco tempo que tivemos, esses dias contribuíram para o nosso relacionamento. Depois do que passamos, pude perceber o quanto Amber significa para mim. O mais remoto pensamento de perdê-la foi uma das piores sensações que pude vivenciar. Não consigo mais imaginar minha vida essa mulher. Em tudo o que eu vivo e que eu penso, ela está presente. E se não está fisicamente, tudo o que eu quero é poder compartilhar minhas experiências com ela, assim que surgir uma oportunidade.

É fato que estamos tendo dificuldade com o meu trabalho. Reconheço que minha carreira não é fácil e eu mesmo tenho questões em relação à invasão de privacidade. Não acho justo a minha profissão mexer com sua vida, eu sei. Tento ao máximo evitar que isso aconteça, dando liberdade para que se envolva o quanto quiser. Porém, independente de nossa intenção, Amber já faz parte desse mundo. Sei que ela está tentando, por mim, e o que nos resta é administrar da melhor forma possível.

Conhecer um pouco mais de sua história e do seu antigo relacionamento me ajudou a entender melhor suas inseguranças. Senti muita tristeza e raiva ao ouvir como um cara pôde tratá-la com tanta indiferença e desprezo. Nem Amber, nem qualquer outra mulher merece ser tratada de tal forma: sem respeito, sem consideração e sem lealdade. Apesar de querer muito ir atrás desse tal de Frank e tirar satisfações, preferi me concentrar na mulher forte e destemida que estava diante de mim.

Amber é digna de todo o amor, carinho e cuidado que alguém possa receber, por tudo o que viveu e por conseguir se reerguer, tocando a vida. Tudo isso me fazia amá-la ainda mais. Sim, estou falando de amor, algo que ainda não tinha sentido nesta intensidade, de forma tão arrebatadora que chega a doer o peito. Tentei evitar por muito tempo, por achar que não era para mim, que deveria fazer da minha carreira o centro da minha vida. Amber veio para derrubar todos os muros mantidos com muito esforço por anos, e me fez ver que não preciso deles.

Poder dizer o que sinto, em voz alta, é libertador! Sim, eu a amo e nunca fui tão feliz. Livrei-me de todas as amarras que me prendiam, do medo da temida intimidade. Sempre fui muito reservado com a minha vida e nunca havia me conectado com alguém que me fizesse querer compartilhar meus pensamentos, desejos e sonhos. Meus relacionamentos anteriores não deram certo por muito tempo, pois não conseguia me abrir e partilhar minha intimidade, tampouco me revelar. Com Amber, foi muito diferente. Abri minha vida, e em troca eu só esperava que ela fosse verdadeira e quisesse ficar, mesmo com os meus erros.

Naqueles dias, resolvemos focar em nós dois e deixar tradicionais passeios turísticos para outra oportunidade. No dia seguinte da nossa chegada, passamos longas horas entre conversas, risadas e nenhuma roupa. Amber é bem divertida, mas confesso que é difícil me concentrar em suas palavras com aquela bela pele nua diante de mim.

Com o fim da tarde se aproximando, decidimos dar uma volta pelo bairro. Chuck tem duas bicicletas guardadas nos fundos da casa e aproveitamos para dar um passeio. O tempo está agradável, então visto uma bermuda, blusa de botão e chinelos. Para compor o estilo de turista, pego emprestado um chapéu de Chuck que está pendurado no cabideiro, no canto da sala. Amber está linda em um vestido azul.

Aproveitamos os últimos raios de sol do dia, enquanto pedalamos alguns quarteirões. Vejo um café convidativo e, antes que eu sugira uma parada, Amber vira para de pedalar, colocando os pés no chão. Com seus cabelos bagunçados pelo vento, ela dá um sorriso e concluo que ela pensou o mesmo que eu.

Thanks, KalWhere stories live. Discover now