Capítulo 7 - Bendito sorvete

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Amber

Saí para minha caminhada matinal com Jackie lamentando não correr o risco de esbarrar com Henry, já que ficaria longe por algumas semanas. De repente, toda a graça em morar em Kensington era poder vê-lo casualmente e não aquela bobagem de trabalhar e viver o sonho. Ok, estou brincando. De todo modo, estar perto e ter a sensação de taquicardia e falta de ar toda vez que esbarrava com ele era deliciosa naquelas circunstâncias.

Henry me deixou muito intrigada com aquele beijo no dia em que foi embora. Eu não aguentava mais ter que me conter perto dele. Se nosso interesse era recíproco, porque ele não admitia logo? Ficávamos naquele jogo infinito de aproveitar o momento e depois agir como se nada tivesse acontecido. Apostaria todas as minhas fichas ao dizer que não tinha como aquilo dar certo. Poderíamos criar expectativas maiores do que a realidade, nos apaixonar e sair desse jogo magoados.

Não quis concentrar meus pensamentos nessa indefinição e decidi que esperaria Henry voltar para entender o que estava acontecendo entre a gente, sem dar corda para minha ansiedade. O café e a adaptação no novo país me mantiveram bastante ocupada e cansada. Não me sobrava muito tempo para tentar adivinhar o que se passava por sua mente em relação a nós dois.

Dispensei Lucca um pouco mais cedo, na intenção de fechar a loja somente com Diana e contar o que aconteceu na noite anterior. Tinha voltado para casa embasbacada, refletindo e tentando neutralizar minha euforia do momento. É de se admirar que eu tenha esperado tanto para lhe contar, honestamente.

- Que cara é essa, Amber? - Diana perguntou.

- Ele me beijou! - contei com expectativa.

- Nada de novo no reino da Dinamarca. - Não era a reação que eu esperava.

- Diana!

- O que é? Na última vez que conversamos, você me contou a mesma coisa. - disse, revirando os olhos.

- Não! Henry veio aqui na loja quando eu estava fechando antes de ir para o aeroporto. Ai, meu Deus, Diana nem sobre a noite do pub crawl eu contei.

- Não mesmo! Trate de me atualizar nessa novela.

- Então, rolou um clima bom entre a gente na noite do pub crawl, e Henry sempre comedido daquele jeito, trocando olhares e me observando. Só na volta para casa, dentro do táxi, que ele se rendeu.

- Eu fico me perguntando o motivo dele ser tão devagar. Eu sei, eu sei. Falei que você deveria acompanhar o ritmo, mas... por que, Deus? - disse Diana.

- Continuando: no táxi, Henry disse que era difícil se controlar e me beijou. Por várias vezes durante boa parte da viagem até chegarmos à minha casa.

- E aí? Vocês transaram? - perguntou animada.

- Não. Ele pediu desculpas e foi embora.

- De novo?

- Sim! Fiquei decepcionada e com essa mesma cara que você está agora. Não acreditei! Mas ontem ele esteve aqui, antes de ir para o aeroporto e desceu de um carro, que não era o dele, e sem que eu esperasse, me deu um beijo que me deixou tonta. E com a mesma rapidez que ele apareceu, foi embora.

- Nossa, que louco! Será que é uma coisa de artista? Não, não pode ser. Já teria dormido com você na primeira noite. Será que ele é comprometido? Nunca ouvi nada sobre isso. Vou dar um Google. - ficou divagando como se eu não estivesse presente.

- Diana, pare com isso. Vou descobrir sozinha. Assim que Henry voltar, vamos conversar. Não quero saber o que a internet fala sobre ele.

- Você nunca teve curiosidade? Nunca pesquisou nada sobre as namoradas anteriores, essas coisas? - ela perguntou.

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