Capítulo 6 - Knights of Honor

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Moscou, Rússia

Henry

- Encerramos por hoje, pessoal! Descansem e amanhã continuaremos as cenas 45 e 52. - disse o diretor da nova série que estou filmando.

Estão sendo semanas bem intensas, pois o diretor decidiu gravar todas as sequências de luta no início para saber se será preciso editá-las ou refazê-las. Chuck é perfeccionista e esse é o segredo de estarmos conseguindo produzir uma série de qualidade e conteúdo denso chamada Knights of Honor.

Sinto que finalmente estou trabalhando em um papel significativo e com muitas camadas. Não apenas por ser o protagonista, mas por todas as nuances que o personagem exige e, independente de como a série será recebida pela audiência, já me sinto realizado em fazer parte de um projeto desta magnitude.

A produção me ajuda a limpar a lama resultante da última cena e consigo me trocar no camarim. Era improvisado por estarmos no meio do nada, em um vilarejo afastado do centro de Moscou. Depois de organizarem o set, partimos para um pequeno hotel, no lugar mais próximo que a equipe encontrou perto da locação.

Sinto-me fisicamente desgastado e a primeira coisa que faço ao chegar no quarto é tomar um banho demorado, pois depois de um dia inteiro literalmente mergulhando na lama, um banho breve não seria eficaz. Ao me ensaboar, vejo novos arranhões e marcas roxas, resultado da dispensa de dublês. O sabão arde nos novos cortes, principalmente o do abdome. Chuck ainda pega no meu pé por causa disso e alega que estou me arriscando demais, porém acho que faz parte da imersão do personagem, e deixando a modéstia de lado, sou fisicamente preparado para as cenas. Ao sair do banho, passo a pomada que a produtora me deu para os possíveis hematomas.

Mesmo com todo o cansaço, depois do banho quente, não consigo dormir. O fato de não conseguir falar com a Amber desde que cheguei me incomoda. Não prometemos nada um para o outro, mas eu disse que entraria em contato e não tive sucesso em nenhuma das vezes que tentei. Não tenho sinal no celular e a diferença de três horas de Moscou para Londres não ajuda muito, principalmente com as gravações terminando tarde. Desde que cheguei tenho pensado muito na Amber e na nossa relação. Não que pudéssemos dar esse nome. A verdade é que nessa altura do campeonato, eu já não tenho certeza das coisas que até pouco tempo eram muito claras para mim.

Eu não esperava conhecer alguém como a Amber nesse momento em que estou completamente focado no trabalho, logo quando as coisas finalmente começam a acontecer para mim da maneira para a qual me preparei. Confesso que seu jeito desenvolto e livre me cativou desde nosso inesperado primeiro encontro, sem mencionar sua beleza estonteante e, ao mesmo tempo, despretensiosa. O que mais me atrai na Amber é que ela não tenta ser, simplesmente é e pronto. Mesmo me sentindo muito atraído por ela, achei que poderíamos manter as coisas mais simples, devagar, sem grandes riscos, mas todas as minhas certezas com ela viram dúvidas. Simplesmente não consigo ficar longe, e não é algo que eu tenha tentado, honestamente. Porque não é o que eu quero.

Mais uma manhã abastecida com bastante café para compensar as poucas horas de sono. Preciso chegar cedo ao set para fazer cabelo e maquiagem, reconstituir cortes e marcas de luta, além daqueles hematomas que naturalmente adquiri nas gravações. Antes disso, tento mais uma vez falar com Amber, em um horário diferente para ver se tenho sorte.

- Alô! - ela responde.

E com essa simples palavra me faz sorrir instantaneamente.

- Amber, oi! - espero que diga algo mais, mas faz silêncio do outro lado da linha - É o Henry.

- Oi Henry, eu sei. Ninguém pronuncia meu nome como você...

Ela ri e eu, sem perceber, abro um sorriso ainda maior, se é que é possível. O que esta mulher faz comigo?

Thanks, KalOnde as histórias ganham vida. Descobre agora