Capítulo 3 - Amigos?

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Amber

Nosso café começava a tomar forma depois de ter todo o seu antigo piso trocado, no local onde antes era uma tradicional livraria. Após mudarem para uma loja maior, o espaço que alugamos ficou fechado por muito tempo e ainda tinha pisos de madeira desgastados e cupim nos balcões. Tivemos trabalho para começar a obra de fato, colocando pisos de alto fluxo e trocando os forros corroídos das paredes por novos. Usei parte da grana que tinha reservada para comprar as máquinas de café e os móveis, enquanto Diana gerenciava os custos da obra.

Passamos semanas comprometidas em deixar o café pronto. O prazo que estabelecemos foi de um mês e estávamos perto de atingir o cronograma. Nos últimos dias, pintamos as paredes de um tom azul claro, tomando cuidado com os cantos já pintados de branco. Do lado de fora da porta, apenas uma placa informava a data de inauguração e o painel com o nome Royal Cup & Books.

Nesse período, havia falado muito pouco com Henry, dado o ocorrido na noite que ele me deixou em casa. Não tocamos mais no assunto, então o que tínhamos para falar era sobre o café e nossos animais de estimação. Falei sobre o nome que escolhemos e o andamento das obras, justificando meu sumiço das caminhadas pelo bairro. Nem todos os dias conseguia sair com Jackie, e quando tinha uma pequena brecha para isso, era em horários que variavam a cada dia. Por parte de Henry, soube através de suas mensagens que estava fora participando de um filme. Imaginando que estivesse muito ocupado, não quis incomodá-lo com atualizações diárias da transformação do café. Seria muito entediante para quem não estava diretamente envolvido. Nesse caso, eu e Diana.

Na véspera da inauguração, tínhamos tantos detalhes para acertar que passamos as primeiras horas da madrugada na loja, quase emendando com a chegada da equipe do turno das seis da manhã para o primeiro dia de trabalho. Diana tinha contatos de bons profissionais com quem trabalhou na época que era barista em um dos principais cafés de Londres.

Eu escolhi ficar, enquanto minha amiga e sócia foi para casa descansar um pouco e colocar os filhos na escola. Terminei a arrumação posicionando o último vaso de lavanda em cima da mesa e desabei de cansaço em um dos sofás da loja para um cochilo que evoluiu para um sono pesado, até ser interrompido por um dos funcionários às 05h30min da manhã batendo à porta de vidro ainda coberta com papel pardo.

- Lucca, bom dia!

- Bom dia, chefe! Diga que você não dormiu aqui. - disse, enquanto deu passos ágeis em direção às máquinas.

No dia anterior, Lucca tinha treinado os demais funcionários e testado as máquinas de café, estufas e os demais equipamentos, pois entendia aquilo como ninguém.

- Eu dormi. Preciso me arrumar para não parecer um zumbi diante dos clientes. - ele balançou a cabeça me desaprovando.

A amizade era recente, mas a identificação com Lucca foi imediata. Depois de vários dias trabalhando pesado para a inauguração, ficamos ainda mais próximos e formamos uma boa equipe.

- Recomendo que sim. Como nosso café vai ter boa fama se não é capaz de te acordar? Vou fazer um espresso bem forte enquanto você se arruma.

Corri no banheiro e lavei o rosto, aplicando nada mais que um corretivo, rímel e gloss. Era o suficiente para parecer viva. Belisquei as bochechas usando a técnica das vovós para parecer corada e voltei ao balcão. Dois goles do café especial de Lucca já me devolveram dignidade e deixaram pronta para abrir as portas.

Ao longo do dia, tivemos um grande movimento de clientes curiosos e alguns jornalistas convidados para falar sobre o nosso espaço em seus canais de comunicação. Pelo horário do almoço, oferecemos algumas opções de late brunch e tivemos troca de turno da equipe para o café e chá da tarde. Nesse período, deixei tudo sob o comando de Diana para aproveitar minha vez de descansar. Tinha trabalhado por mais de vinte e quatro horas para que a inauguração fosse um sucesso, o que veio a se confirmar depois nos jornais e revistas locais.

Thanks, KalWhere stories live. Discover now