Capítulo 31 - #tbt

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Amber

Kensington

O cansaço e o sono deram lugar à adrenalina e inquietação. Na mesma noite, pesquisei cada canto da internet que contivesse informações sobre o relacionamento de Henry e Karen. Fiquei tão agitada que descartei a possibilidade de perguntá-lo diretamente sobre o caso. Pelo pouco que conhecia sobre sua rotina e seu jeito reservado, acreditei que Henry não estaria nem um pouco disposto a conversar sobre aquilo às 3h da manhã.

Evidentemente, acordei na manhã seguinte me sentindo péssima, como se estivesse de ressaca. Meu corpo doía como se eu tivesse servido de saco de pancadas e a cabeça martelava sem trégua.

Vi coisas que me deixaram fragilizada. Estava aprendendo a reconhecer meus sentimentos, até mesmo os desagradáveis, e deixá-los assentar antes de tentar me livrar deles. A insegurança me visitava com mais frequência do que eu gostaria.

Karen era bonita, atraente, famosa, enquanto eu era uma simples proprietária de cafeteria. Só por saber que ela existia, eu não conseguia evitar a comparação entre nós, independente do que Henry poderia dizer. Primeiro com Angie e agora isso.

Era o segundo dia de funcionamento da nova filial da cafeteria e eu não poderia me dar ao luxo de passar a manhã inteira na cama. Uma ducha fria, um analgésico e um chá foram responsáveis por minha disposição para trabalhar. Passaria o dia remoendo minhas dúvidas e vasculhando a internet se não fosse o trabalho, então, o melhor para minha saúde mental era manter-me ocupada com algo realmente útil.

- Bom dia, Gabriel. Esqueci completamente que você viria pra essa loja hoje. - comentei, surpresa em vê-lo.

- Bom dia! Na verdade, não viria. Passei na matriz logo cedo e Diana disse que você não se sentia muito bem. E Lucca precisou ir ao médico, ela disse. Então, estou aqui. - Gabriel explicou.

Minha enxaqueca ainda estava presente e eu não conseguia raciocinar muito bem, como se não conseguisse conectar suas palavras.

- Hmm, tudo bem. - eu disse, reticente.

- Está melhor? - ele perguntou.

- Hã? - perguntei, dando alguns passos para trás, pois já tinha entrado no meu minúsculo escritório.

- Você... Quer alguma coisa? Um remédio, um chá?

- Hmm, não. Obrigada, Gabriel. Estou melhor. Vou fechar a porta um instante, ok? Preciso fazer umas ligações.

- Ok. - ele disse, encolhendo os ombros e voltou para o atendimento, sendo atencioso com um casal de idosos que entrara na loja.

Eu precisava, de fato, fazer algumas ligações para fornecedores, mas por duas vezes, fiquei parada, olhando a tela com o número de Henry e pensando em ligar. Em outros tempos, faria isso sem pensar e mandaria uma mensagem malcriada. No entanto, não quis repetir o comportamento e tentei pensar melhor. Será que eu estava fazendo tempestade em copo d'água? Não me sentia pronta para falar naquele momento e ainda não tinha um julgamento amadurecido. Então, preferi cumprir minhas tarefas de trabalho e auxiliar um pouco no funcionamento da loja com os funcionários novos.

No fim da tarde, me sentia tão exausta por não ter descansado bem na noite anterior, que quando Gabriel foi falar comigo, me encontrou com os cotovelos apoiados na mesa e as mãos cobrindo o rosto, temendo o retorno da dor de cabeça.

A história do talk show, Karen e Henry pareciam apenas um sonho ruim que eu não conseguia apagar da mente. Eu ainda tinha mil perguntas para fazer, mas ia esperar que ele chegasse de viagem, para conversarmos pessoalmente.

Gabriel limpou a garganta com um pigarro e pediu licença para falar comigo, com a porta entreaberta.

- Oi, entre. - falei, me erguendo para uma postura mais digna e forçando um sorriso.

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