Capítulo 39 - O que nós somos agora?

479 57 33
                                    

San Diego, Califórnia

Maio de 2019

Amber

- Amber, sou eu, Henry.

Senti meu sangue correr gelado nas veias ao ouvir sua voz. O objetivo da ligação era ter notícias de Henry, mas assim como uma adolescente insegura, eu não soube o que dizer por alguns instantes.

- Henry! Oi! Ah, meu Deus! Que bom ouvir sua voz. Você está bem? - perguntei, afobada.

- Bem, acho que estou. Ainda vivo pra contar. - ele disse com a voz arrastada, ainda meio dopado.

- Eu iria correndo te ver, se não estivesse na Califórnia agora.

- É onde você está? O que aconteceu? - Henry perguntou com a voz rouca e falhada.

- Vim visitar minha mãe, após uma cirurgia. Mas não se preocupe. Está tudo bem.

Ouço Henry respirar e reclamar de dor com alguém.

- Ótimo. Amber, me desculpe. Está doendo até para respirar. Preciso desligar.

- Sim, sim! Claro! Não queria que você fizesse esforço. Desculpe.

Notei que ele estava com dificuldade para falar, então não era momento de ficar batendo papo. Enquanto eu considerava desligar a chamada, ouvi a voz de Lauren.

- Amber, como vai? O efeito dos analgésicos deve estar passando e Henry precisa de repouso agora. Está bem?

- Claro! Não quero incomodar.

- Marianne e Colin estão a caminho. Fique tranquila que vou mantê-la atualizada sobre o estado dele. Não se preocupe.

- Certo. Obrigada, Lauren.

Eu desejei tanto estar naquele quarto de hospital. Mamãe estava precisando de minha assistência e eu não podia largar tudo para ir à Alemanha. Até vê-lo pessoalmente, precisei juntar os pedacinhos de informações que recebia sobre seu pós-operatório.

Passei mais duas semanas com mamãe e Jessie em San Diego, para consultas e exames. Consegui me conter e ligar apenas uma vez por semana para ter notícias. Era angustiante esperar, mas temi ser inconveniente.

***

Na semana anterior ao meu retorno ao Reino Unido, eu e Henry tivemos uma breve conversa. Bem melhor do que no dia da cirurgia.

- Alô! Espero não estar ligando em uma hora ruim. - eu disse, na hora, ainda sem saber quem tinha atendido.

- Não, tudo bem. Consigo falar agora.

Era Henry.

- Como está se sentindo hoje? - perguntei.

- Estou bem. Ainda com bastante dor, mas prestes a ser liberado.

- Sinto muito que esteja se sentindo assim.

- É... acontece. Vou precisar de um tempo para me recuperar e voltar ao trabalho. - Pareceu chateado.

- Então, você vai para casa? - aquela possibilidade me aquecia o coração.

- Vou assim que receber alta. Meus médicos, em Londres, querem fazer uns exames complementares para começarmos a reabilitação.

- Que bom! - eu disse, empolgada.

- É... - Henry respondeu de modo indefinido.

- Bem, espero que eu possa fazer uma visita. - Arrisquei.

- Obrigado por ter ligado.

Não disse que sim, nem que não. Henry estava agindo de forma diferente. Ligeiramente mais amigável, mas nada parecido com o Henry que eu conhecia.

Thanks, KalWhere stories live. Discover now