Capítulo 37 - Ele me beijou

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Amber

Como eu poderia olhar para Gabriel de novo ao nos encontrarmos no trabalho? Fingir que nada aconteceu? Tocar no assunto assim que chegasse? Eu não sabia o que fazer.

Meu Deus, que mancada, Amber!

Pensei nisso ao acordar, com uma enorme dor de cabeça martelando meu juízo. Queria ver como Gabriel se comportaria e, se eu tivesse a oportunidade, conversaríamos em algum momento do dia.

Quando cheguei à Royal Cups, ele me cumprimentou normalmente, ocupado com clientes no balcão e entregando pedidos aos atendentes. De manhã na loja, era sempre mais movimentado e logo me envolvi com as atividades do dia.

Mais tarde, ao olhar no relógio, lembrei que estava próximo do seu horário para sair e não queria adiar a conversa. Da porta de minha sala, vi que ele já tinha tirado o uniforme, se preparando para sair.

- Gabriel, poderia vir aqui um instante? - eu disse, tentando soar casual.

- Claro. - atendeu prontamente, guardando o avental dobrado em sua bolsa.

Ele entrou e fechou a porta, enquanto eu voltava para minha mesa.

- Acho que... Precisamos falar sobre ontem. - falei em voz baixa, tomando cuidado para não ser ouvida do lado de fora.

Meu olhar para Gabriel pedia discrição e cumplicidade, como se eu suplicasse para não entrarmos em detalhes. Notei um minúsculo sorriso se formando em seu rosto.

- Amber, desculpe... eu não queria... - ele deduziu o que eu iria falar.

- Não. Por favor, Gabriel, não há motivo para você pedir desculpas. Se alguém precisa se desculpar por ter deixado aquilo acontecer, essa pessoa sou eu. Não quero que pense que... Eu gostei, mas foi egoísmo da minha parte... - eu admiti.

Não foi fácil. Tentei escolher as palavras com cuidado para não ofender ou magoá-lo. Ele havia sido carinhoso comigo na noite anterior, disposto a oferecer o afeto que eu procurava.

- Mas foi algo que não pode se repetir. Desculpe se o fiz pensar diferente... - Dei um longo suspiro. - Estou em um relacionamento um pouco confuso, talvez, mas ainda tenho esperança que se resolva.

Acho que não existe mesmo uma forma gentil de dispensar alguém. As palavras que eu disse não me soariam tão bem se eu estivesse em seu lugar, mas eu não podia deixá-lo pensar que teria mais de mim, pois eu ainda acreditava na reconciliação com Henry.

- Não posso envolvê-lo neste momento da minha vida e, paralelo a isso, não gostaria que ficasse um clima estranho entre nós. - tentei explicar.

Como se lamentasse a impossibilidade de argumentar, ele encolheu os ombros.

- Bem, o que eu posso dizer? - ajeitou-se na cadeira e continuou falando com voz mansa. - Tudo bem. Você explicou suas intenções, eu entendo e acho que seria honesto dizer as minhas, mesmo que não dê em nada.

O calor que me queimava o rosto e me fazia transpirar não permitiu que eu falasse. Gabriel olhou fixamente nos meus olhos, deixando-me completamente desconcertada e, naquela hora, me convenci do que Henry havia dito.

- Eu gosto de você, Amber!

O que eu deveria dizer depois de ouvir isso? Confesso que seria melhor não ter certeza. Um desnecessário flash do beijo me veio à mente e tentei dispersar.

- Eu... sinceramente, não sei como lidar com isso. Você é um cara divertido e inteligente. Gosto da sua companhia, mas não temos como ser mais do que amigos. Sinto vergonha pelo que permiti acontecer, e agora jogar um balde de água fria. Me sinto péssima, de verdade. Me desculpe.

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