Londres, Inglaterra
Junho de 2019
Amber
No outro dia de manhã, despertei bem cedo e decidi levar Kal para uma caminhada. Imaginei que, com a situação de Henry, ninguém estava se atentando à necessidade do bichinho. Enquanto eu tentava ajustar a coleira, ele pulava fazendo festa e tornava a tarefa ainda mais desafiadora.
Para minha surpresa, Marianne já estava de volta quando retornei do passeio. Esperei que ela não me julgasse imprudente por deixar Henry em casa sozinho. E pelo visto, nem se incomodou. Foi apenas amável e me agradeceu pela disponibilidade.
- E então, vocês dois... - ela inclinou a cabeça na direção que Henry estava.
Fingi que não estava entendendo, só para que ela concluísse a pergunta.
- Conseguiram conversar?
- Sim. Um pouco. - respondi, insatisfeita.
- Parece que não foi como gostaria. - ela deduziu.
- Nada como o tempo para ajustar as coisas, não é? - tentei dar fim ao assunto. - Vou fazer café. Me acompanha na cozinha?
- Claro. Faço os ovos.
Logo após o café da manhã, fui para casa. Aquelas 24h tinham sido sem igual. Como se fôssemos estranhos perdidos em um outro tempo, tentando encontrar o portal que nos resgataria para a vida atual.
Aquela semana passou voando e a única coisa que me fazia sofrer em câmera lenta era esbarrar com Gabriel, no mínimo, duas vezes por dia, lembrando que Henry não sabia sobre o beijo. Eu queria contar, mas aquele não parecia ser o momento ideal. Ficarmos bem de novo era meu objetivo e, por ora, colocar uma pedra no meu próprio caminho não seria inteligente. Precisaríamos fazer ajustes, com conversa honesta em pequenas e constantes doses para sarar.
***
No sábado seguinte, Marianne tinha voltado para casa em Jersey e Cora ficou com a missão de ajudar Henry nas rotinas de casa.
Novamente, cheguei antes dele acordar e preparei ovos, suco, panquecas, café e torrada. Procurando não fazer barulho, arrumamos a mesa do café da manhã sob a cobertura no quintal.
Por volta das 7h da manhã, Henry ainda dormia e Jimmy e Ralph chegaram para os cuidados médicos usuais e sessão de fisioterapia respiratória e local, para reabilitar o tornozelo lesionado.
- Estou vendo que Sr. Cavill vai sair um pouco da caverna hoje. - disse Ralph.
- Sim, vai ser bom pegar um pouco de sol, não acha? - perguntei.
- Dona Amber, eu tento. Mas ele nunca quer sair de casa. - reclamou Ralph.
- Sei... Ele está muito incomodado com essa situação. Henry é ativo, sabe?. Deve ser estranho para ele depender de outras pessoas para fazer coisas simples.
- E anda um pouco mal-humorado também. - Ralph falou em voz baixa, levando a mão à boca, como se me contasse um segredo.
Eu ri e tentei defender.
- Acho que está preocupado com a recuperação.
- É compreensível. Já tive pacientes muito mais difíceis do que ele.
- Fico com dó de acordá-lo... - falei olhando para o lado de dentro da casa.
- Se isso ajudar, acho que ele prefere ver seu rosto ao acordar e não o nosso. - brincou, olhando para Jimmy.
- Vamos lá. - eu disse.
Ao lado da cama, observei Henry dormir serenamente por uns segundos, com sua respiração profunda e lenta enchendo o peito e as linhas do seu rosto suavizadas pelo relaxamento que o descanso dava. O vento que agitou a cortina fez com que entrasse mais claridade no ambiente e Henry se mexeu incomodado com a luz do sol no rosto. Os meninos nos deram um pouco de privacidade naquele momento. Aproveitei para tocar sua mão na intenção de ajudá-lo a despertar. Antes de abrir os olhos, ele deu um longo suspiro.
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Thanks, Kal
Fanfiction*CONCLUÍDA* Amber, executiva do Vale do Silício, deixa o paraíso da tecnologia na Califórnia para abrir seu café e levar uma vida mais simples em Londres. Durante a caminhada matinal no novo bairro com sua Golden Retriever Jackie, Amber esbarra em H...