Capítulo 21 - Ficção x realidade

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Amber

Naquele dia da festa, algumas coisas me incomodaram, mas tentei esperar até o dia seguinte para digeri-las. Enquanto fazia cabelo e maquiagem no hotel, me distraí olhando com o telefone e acabei esbarrando em um vídeo que falava sobre Henry. A narrativa sensacionalista não me agradava, mas fiquei curiosa e resolvi assistir até o final. A matéria iniciava falando sobre a série e, na metade, mudava o foco para a amizade de Henry e Angie Kendrick, insinuando que existia algo mais. Fotos mostravam os dois caminhando na rua em Melbourne e depois em uma lanchonete. Dava a entender que os dois estavam se tornando próximos devido à série, chegando a comparar suas idades. Aquilo me deixou extremamente irritada, repetindo mentalmente mil vezes que aquilo era bobagem e que eu não deveria me preocupar a ponto de incomodá-lo, principalmente naquela noite importante.

Quando o fotógrafo pediu que Henry se aproximasse de Angie para fotos no tapete vermelho, lembrei imediatamente da matéria e me senti ridícula por continuar dando corda àqueles pensamentos. Pior foi me comparar com uma garota de 20 e poucos anos, enquanto ela posava para fotos com meu namorado, depois que tínhamos acabado de assumir o namoro diante da mídia. Ciúmes, inveja, tudo misturado. Eu não gostava desses sentimentos. Não queria ficar enciumada toda vez que alguma mulher bonita se aproximasse de Henry. Eu sei. Precisava amadurecer nesse ponto. Então, naquele momento, coloquei um sorriso no rosto e me afastei para que eles cumprissem seus compromissos como colegas de trabalho. Só não acho que precisava chegar tão perto ou pôr a mão na cintura dela, mas tudo bem.

Quase no final da festa, depois que a família de Henry foi embora, ficamos apenas nós dois na mesa. Com música alta e gente animada na pista de dança, puxei-o pela mão para me acompanhar. Eu adorava dançar e ele topava sempre, porque gostava de me ficar me olhando. Estávamos um pouco mais alegres, depois de umas taças de champanhe, trocando palavras ao pé do ouvido que ninguém deveria ouvir. Até que fomos interrompidos.

- Henry! Venha tirar foto com a gente. Ande logo! - disse Angie, impaciente.

Ignorando sua euforia e falando ligeiramente mais devagar, que era característico de quando Henry bebia, ele me olhou como se ninguém mais estivesse em volta e, segurando minha mão, disse que voltaria logo. Só assenti e fiquei esperando sozinha na pista de dança. Angie o puxou pelo braço para tirarem uma selfie em grupo e Henry acabou demorando um pouco mais. Seus colegas animados e ligeiramente bêbados, tiravam fotos e faziam vídeos para as redes sociais. Eu cansei de esperar e voltei para nossa mesa.

- Ambs, tudo bem? Você parece cansada. Quer ir pra casa? - ele perguntou, quando retornou.

- Eu aceito, se você não precisar ficar mais. - falei.

Aquela tinha sido uma noite sem igual para mim. Nunca tinha vivido aquela experiência de tapete vermelho, cercada de celebridades, na companhia de um homem que era o centro das atenções. Não quis compartilhar o que estava sentindo com Henry, porque nem eu conseguia compreender com clareza.

No dia seguinte, não o encontrando na cama, levantei e desci as escadas de sua casa. Ele estava tão distraído preparando o café, que não percebeu quando entrei na cozinha. O ruído provocado pela cadeira chamou sua atenção.

- Ei! Bom dia. - ele disse.

- Bom dia.

- Conseguiu descansar? - perguntou, tirando o waffle da máquina.

- Sim, só ficou uma dor de cabeça chata. - respondi massageando as têmporas.

- Como foi sua primeira noite oficialmente como minha namorada? - ele riu, todo orgulhoso.

- Uma experiência e tanto! - respondi.

- O que isso significa? - perguntou intrigado com o tom do meu comentário.

Thanks, KalWhere stories live. Discover now