[CONCLUÍDO] CARTAS À MOABE - O Encontro de Uma Mulher Com Seu Deus

A Décima Carta

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De: clara.mcarvalho@mail.com
Para: matiaslaura@mail.com

Laura,

Tudo bem se Miguel, eu e as crianças passarmos uma semana com vcs?
Bj

Clara Matias Carvalho

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Campos Verde, março de 2019

Querido, Moabe,

Foi esse email simples, quase insultante da Clara que me colocou no olho do furacão do próximo encontro da nossa família, Moabe!

Eu falei que tudo bem (e briguei sobre a idiotice de me perguntar isso) e falei com Tito e Marcos, eles concordaram na mesma hora e ainda chamaram Davi. Nosso irmão mais velho foi um pouco mais relutante, porém acabou por concordar, só teríamos que alterar o fim de semana, assim ele passaria quatro dias conosco, achei maravilhoso, Moabe, tem muito tempo que não ficamos nós sete no mesmo lugar… Fiquei tão empolgada que comentei com a Bel e ela se auto convidou também e comentou com Obede, ele e a noiva já estavam vindo passar um fim de semana com a tia Madá, apenas mudaram o endereço e falou no grupo da família sobre isso e, Clara disse que tia Tamar podia vir também, tudo bem... Desta forma todos da nossa família que estão disponíveis nos dias vinte e dois e vinte e três de março virão para o fim de semana da família Matias!

Eu amo a minha família, mas pode ser meio conturbado reunir todos os tios, tias, primas e primos num mesmo lugar, ainda mais um lugar que não tem espaço para trinta e sete pessoas dormir. Davi e Tito falaram que vão armar uma barraca no quintal, tia Tamar entrou na onda e ainda recrutou a Ana Maria, minha prima adolescente mais fresca que água de nascente, porém, cheia de adoração por ela; Enoque e Estrelinha (Esther para os de fora), meus primos que não vejo há uns oito anos, falaram a mesma coisa, vão armar barracas, por enquanto mais ninguém se manifestou, mas já prevejo um acampamento no nosso quintal entre a sexta e o domingo, supondo que alguém vá mesmo dormir. Porque todo mundo tem a mania de ficar até altas horas da madrugada conversando e brincando e esquecem de dormir, pelo menos era assim quando eu ia nos encontros da família Matias. Fiquei dois anos sem ir porque Joel não gostava de pegar estrada para algo tão bobo (palavras dele) e hoje me arrependo muito. Geralmente nossos encontros acontecem em junho/julho na casa do tio Bartolomeu e da tia Nazaré em Vicente de Paula, uma cidadezinha nos arredores de Belo Horizonte, mas com a vinda dos meus pais e essa súbita manifestação de alguns dos meus primos, tia Nazaré resolveu adiantar o nosso encontro anual e faremos outro em julho como de costume na casa dela…

Tô perdidinha com esse iminente encontro de família, Moabe e estou te deixando perdido! Aposto que essa carta não ‘tá fazendo o menor sentido.

O que quero dizer com tudo isso é que não sei se terei condições psicológicas para as perguntas sem filtro dos meus tios e primos mais velhos. A geração dos meus primos de segundo grau (a geração dos meus irmãos)  tem mais filtro - com exceção da Priscilla, mas todo mundo gosta da Pris, até eu - e não vão perguntar coisas difíceis de responder como se eu tenho falado com a família do Joel, se mantive contato, por que eu cortei os cabelos (essa é mais fácil de responder, sempre posso dizer que foi uma idiotice momentânea, até porque, que mulher nunca cagou no cabelo?) e mais uma infinitude de coisas sobre as quais não quero falar.

Quando eu era mais nova não gostava muito de falar sobre a minha vida para todo mundo, isso não mudou, mas conforme eu cresci quis compartilhar um pouco mais e gosto dos conselhos de algumas das minhas primas mais velhas. A minha prima Jafia tem mais de quarenta (Meu tio Abraão é vinte e três anos mais velho que minha mãe e a Jafia é só quinze anos mais nova que ela) e é crente há uns quinze anos só, diferente de mim ela não cresceu na igreja e viveu desde pequena a vida secular, tanto é que sofreu para acostumar a usar saia como é da doutrina da minha(?) igreja, qual ela frequenta desde o dia que aceitou a Cristo… Contei resumidamente a história da Jafia pra dizer que por saber como é o mundo ela tem excelentes conselhos, quase tão bons quanto os da minha mãe, mas minha mãe nem sempre está disponível por causa das missões - ela já esteve em comunidades completamente isoladas e passou dias sem falar com a gente - diferente da Jáfia que está sempre a distância de uma mensagem. Para ela eu gosto de falar da minha vida, dos meus sonhos, dos meus planos… Foi inclusive a primeira pessoa que contei quando decidi por design gráfico, do início do meu namorado com Joel (e da nossa primeira vez), da primeira vez que bebi, das nossas brigas idiotas, da minha decisão de terminar com ele e também foi a primeira pessoa com quem conversei quando tudo aconteceu.

Eu morei seis anos e pouco com a tia Madá, mas é a figura da Jafia que associo com uma segunda mãe. Aquela pessoa que eu sempre posso correr, mas nem com ela eu quero falar dessa vez.

Quero falar com você, Moabe, quero falar com alguém que não vai me olhar com pena (a Jafia não faria isso propositalmente, porém, todo mundo que sabe do que aconteceu acaba me olhando assim e dizendo ou no mínimo pensando: coitadinha da Laura.). E no momento só me resta você, alguém que eu nem mesmo tenho certeza que é real… Daí surge minha indagação frequente. Quem é você, Moabe?

Uma pena que essas cartas nunca serão enviadas para eu descobrir essa resposta.

Com amor,
Laura.

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Gente, boa noite, tudo bem?
O Wattpad tá de brincadeira com a minha cara... Deu algum tipo de erro e não publicou o capítulo que postei há umas duas horas. Desculpa.

Desculpa também pelo atraso, meus domingos tem sido dias atípicos demais. Completamente atípicos pra dizer a verdade. Mas o próximo capítulo já está prontinho é só apertar enviar e pronto, sem atrasos.

Beijos e chocolates,
Juliane Patrícia, 06/05/2019