Epílogo

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Outubro de 2020, Cidade de Tehra

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Outubro de 2020, Cidade de Tehra

- Diz tchau para Laura, Sarah -- disse Ruth do outro lado da tela pegando a filha no colo, a menina balbuciou algo que Laura entendeu como "tia Laula" e mandou muitos beijos do seu jeito fofo de sempre, derretendo ainda mais o coração da jovem, a qual retribuiu o gesto carinhoso faltando apenas beijar a tela do celular.

-- Eu adoraria ficar jogando conversa fora com você, Laura, mas eu acabei de ser recrutada pela Bel a ajudá-la com o presente do João Paulo. 

-- Por favor, não deixe ela comprar outra polo para ele. Sejam mais criativas!

-- E você acha que ela me chamou por quê? Pra abusar da minha criatividade. óbvio!

-- Possivelmente! -- riram. E ainda ficaram alguns segundos na linha, após desligar a chamada de vídeo Laura sentiu a saudade apertar ainda mais seu coração, porém, ao levantar a vista e encarar o casarão de mais de duzentos anos, o encanto de estar estudando no berço da civilização um curso que ela estava apaixonada a cada nova aula fez com que escondesse a falta que sentia da família numa caixinha para sentir quando visitasse eles no recesso de natal.  

Por ser começo de outono o clima estava muito agradável e o céu tão azul que sua vontade era continuar recostada na enorme árvore que estava há tantos minutos e permanecer ali, apenas admirando aquele lugar tão bonito. No entanto, a mensagem de Miryan dizendo a sala onde elas se encontrariam a fez lembrar que ali ela não estava sozinha - mesmo que aquele momento não houvesse ninguém fisicamente ao seu lado - tanto que a primeira coisa que ela descobriu ao pisar na Cidade de Tehra, seis semanas antes, foi a célula de uma igreja pentecostal dentro do campus da Universidade de Tehra, que também seria a sua universidade pelos próximos quatro anos. 

Deus era tão maravilhoso que estava fazendo tudo perfeito e a guiando para pessoas que a edificava e a ajudaria a viver os quatro anos ali da forma mais confortável possível. Ter conhecido Miryan ainda no aeroporto provava isso. Distraída com tais pensamentos e ainda trocando mensagens com a amiga acabou dando um encontrão em alguém ao entrar no prédio de educação. Pediu desculpas em português enquanto levantava a cabeça e massageava a lateral do tórax atingido por uma mochila pesada, ouviu um pedido de desculpas também em português e sorriu. Era sempre bom encontrar um conterrâneo por ali, mesmo os encontrando aos montes, uma vez que a quantidade de brasileiros na Cidade de Tehra era absurda de grande.

-- Brasileiro? -- questionou sorrindo para o moreno na sua frente, que lhe pareceu familiar, talvez tivesse alguma aula com ele. 

-- Não acredito que com tantos lugares para nos reencontrarmos no Brasil, nos encontramos justo aqui do outro lado do mundo, Laura -- a jovem o encarou franzindo o cenho, como ele sabia o nome dela?

-- Desculpa, eu não me lembro de você -- ele riu e estendeu a mão para ela. 

-- Absolutamente aceitável, na última vez que nos vimos eu estava mais morto que vivo e você ainda me viu através de um vidro. Eu sou Moabe.

Laura Matias demorou um segundo a mais para fazer a associação do nome a pessoa, enquanto apertava a mão quente e marcada por calos dele sentiu um pequeno arrepio ao sorrir para Moabe e foi tomada pela mais pura felicidade (e a descrença ao mesmo tempo), finalmente não mais precisaria se perguntar quem era Moabe. 

[CONCLUÍDO] CARTAS À MOABE - O Encontro de Uma Mulher Com Seu DeusWhere stories live. Discover now