A Vigésima Quinta Carta

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Campos Verde, maio, 2019

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Campos Verde, maio, 2019

Moabe, aconteceram tantas coisas na última semana que não sei nem por onde começar, vou tentar me ater a ordem cronológica.

Escolhi não responder a mensagem do Lucas com a desculpa que eu não tinha visto, porque tecnicamente falando eu de fato não teria visto se não tivesse ido ajustar o alarme, porque diferente do que eu te contei quando comprei meu celular, tô com dificuldade para me acostumar que tenho um celular e quase nunca lembro de programar os alarmes, pôr para carregar ou mesmo carregar comigo. Mas eu coloquei um alarme para me lembrar de pôr para carregar todas as noites e ajustar os alarmes, uma vez que domingo sempre tenho atividade diferente e não necessariamente preciso acordar às cinco da manhã. Foi quando me lembrei que posso deixar os dias definidos do alarme e me senti uma idiota por não ter lembrado disso antes, enfim. Só respondi o Lucas no domingo passado de manhã e disse que não iria ao culto, porque estava ocupada. Mentira. Eu apenas estava com medo.

Continuando, estava assando biscoitos doce (do tipo cookie) com a dona Joana -- porque eu descobri que cozinhar realmente alivia tensões, por isso sempre que posso ajudo ela com alguma coisa na cozinha -- quando ouvimos um carro chegar, ignoramos porque meu pai e meu avô estavam no quintal plantando azaleas e camélias, ou tentando pelo meno. Eles decidiram há uns quinze dias entrar na empreitada de plantar em todo o quintal em frente a casa um jardim; não levo muita fé, pois mesmo meu pai sendo super esforçado, não tem muito jeito para jardinagem. Voltando ao carro que havia chegado, estava ouvindo minha avó me dar dicas de como deixar os biscoitos macios por dentro e levemente crocantes por fora quando subitamente ouvimos as vozes da minha mãe e de um homem, no instante seguinte eles entraram na cozinha e adivinha? Era o Lucas, minha mãe disse na maior cara de pau que havia o convidado para uma visita, mas eu soube imediatamente que a igreja estava em uma missão de me levar de volta para casa, pois Lucas estava de calça social e camisa azul bebê que ele poderia usar com gravata e a Bíblia na mão direita. Não tive dúvidas que ele estava ali para me convencer a ir para o ERJ e foi exatamente o que aconteceu, uma vez que todos os meus argumentos foram descartados e todo mundo, sem exceção, queria que eu fosse para o encontro de jovens, não vi outra escolha senão por um vestido florido com fundo azul-céu que minha mãe me deu de presente e ir para o culto dos jovens. 

Preciso admitir que foi bom. Até mesmo encontrei com Rebecca, uma menina que havia crescido comigo, e continua a mesma de sempre, com sorriso fácil e atenciosa como apenas alguém que nunca foi maltratado pela vida consegue ser. E através de Becca fui apresentada a metade da mocidade feminina e não decorei nem metade dos nomes, mas me senti querida por ser apenas a Laura e não a filha de Lia e Juda Matias, pois geralmente é assim que sou apresentada e percebi que quero ser apenas a Laura e foi maravilhoso. A Palavra foi Gênesis 18, a promessa do Senhor para Abraão e Sara terem um filho, o preletor foi um jovem de São Paulo que me pareceu vagamente familiar e ele resumiu tudo com: não importa os empecilhos, se o Senhor te prometeu algo Ele vai cumprir.

[CONCLUÍDO] CARTAS À MOABE - O Encontro de Uma Mulher Com Seu DeusWhere stories live. Discover now