Capítulo 14

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⚠️CONTÉM GATILHO EMOCIONAL. PODE SER SENSÍVEL PARA ALGUNS LEITORES⚠️


**REPOSTADO NOVA VERSÃO**

Moisés De La Torre


'''Eu ainda era uma criança quando minha mãe amava dizer a todos que eu era seu filho prodígio, seu orgulho. Eu deveria ficar feliz? Sim, mas eu nem sorria. E por isso ela gostava tanto de mim. Eu não ria, não sorria, não chorava, não a incomodava, porque praticamente nem falava.

Eu poderia sentir fome e pedir comida, um grito dela e eu me calava, não protestava, apenas sentava no sofá e esperava sua boa vontade de me dar algo para comer. Mas sentia algo ali, sentia ódio dela. Eu era muito pequeno, mas eu nutria ódio por minha mãe. Ficando calado ela imaginava que era obediência, sendo que, na verdade, eu estava pensando em inúmeras formas de fazê-la sofrer. E mesmo sendo pequeno, eu conseguia imaginar diversos cenários cruéis, e eu gostava daquilo, mesmo que ainda não entendesse tanto o que era.

Minha mãe era uma prostituta, que engravidou do meu pai, que era seu cafetão. Em seus momentos de drogas ela amava jogar na minha cara e na do meu irmão o quanto nos odiava, depois chorava pedindo perdão. Ela era completamente patética, mas, ainda assim, cuidava de mim e do meu irmão. Eu até gostava dela naquela época, só tinha ódio quando me deixava com fome, e quando batia no meu irmão por ele pedir o que comer.

Meu irmão era meu oposto, inquieto, agressivo, gostava de chamar atenção. Por isso eu era o filho exemplar.

Fui crescendo vendo minha mãe fugindo de traficantes, de clientes, das amantes dos seus clientes, de cafetões e de prostitutas com quem ela tinha rivalidade. Perdi a conta de quantas vezes fui parar na casa de alguma vizinha porque minha mãe tinha chegado em casa ensanguentada por uma agressão.

Ela não me amava, amava o fato de um filho não a incomodar.

Aos nove anos de idade nos mudamos para um local onde tinha um córrego a frente. Não aguentava mais a minha mãe, ou melhor, não aguentava mais ver tantos clientes entrando e saindo de casa, suas drogas e bebidas, e escutar seus gemidos.

Eu ia para frente de casa, via sapos perto do córrego. E ali virou minha distração. Jogar pedras nos sapos, caçá-los e matá-los.

Não eram gatos e nem cachorros, e sim sapos. Porque animais domésticos não corriam de mim. Era só eu me aproximar dos sapos e eles começavam a saltitar para irem embora. Era uma luta, uma caça que me distraía.

Depois comecei a pegá-los com a mão, colocar bombinhas, colocá-los na água fervente, corta-los ainda vivos...

E minha mãe via tudo, não estranhava, para ela era tudo algo infantil. ''brincando de ser veterinário, um médico'', ela dizia.

No mesmo ano meu pai apareceu em casa, cobrou uma dívida da minha mãe, ela não pagou, ele me levou embora. Porque só eu era o seu filho, meu irmão era filho de um ladrão qualquer.

Meu pai me pegou para me prostituir, pagariam caro por uma criança, naquela época eu já tinha feito dez anos.

Meu pai queria que eu fosse como minha mãe.

E para evitar aquilo, peguei uma faca, quando ele estava dormindo, enfiei na sua jugular, como no filme que assisti. Minha mãe pouco se importava com classificação de filmes, afinal, ela fazia coisa pior na nossa frente.

Uma família para o mafioso - Em busca da filha perdida (Livro 1 e 2)Where stories live. Discover now