8_ Filha. De. Um. Bolsonaro.

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Heaven Quinn

Pecado.

Crescendo, eu ouvi de diversas bocas, não tão bonitas, que eu era um pecado com pernas.

Eu não sabia se interpretava isso como um elogio ou uma forma me chamar de "feia como o diabo".

Mas eu sou um docinho, então isso só deixava a outra opção.

Todas as bocas que me chamaram de pecadora, gritando que eu era um monstro, eram piores que eu.

Elas se escondiam no ódio, clamando sentir nojo de mim pelas coisas que eu fazia, mas, eles eram os maiores pecadores.

Uma batida na porta da sala de aula me fez travar com o pincel de tinta na minha mão.

Esta era uma sala abandonada que eu acolhi como minha própria filha.

Não faria sentido nenhum alguém me encontrar aqui.

Era em um dos edifícios mais afastados do colégio.

Tomando coragem, virei, apenas para encontrar uma porta já semiaberta, que eu não ouvi abrindo, e um garoto curioso na porta.

James.

Esse filho de uma puta tá me perseguindo?

- O que você tá fazendo aqui? - Levantei do banquinho e caminhei na direção dele como louca.

- Eu to perdido. - Ele soltou como explicação, fechando a porta.

- Meu filho, você tá sempre perdido. - Semicerrei os olhos. - Tá parecendo cego em tiroteio.

- Por favor, abaixa o pincel. - Pediu e só então eu notei que eu tava segurando o pincel igual uma faca pronta pra matar uma galinha.

O James não era uma galinha tão feia.

- Não é possível que um ser humano seja tão perdido como você. - Continuei apontando o pincel pra ele. - Nem uma criança é assim.

- Você tá falando que uma criança é mais inteligente que eu? - Ergueu a sobrancelha, desacreditado.

- Falei. - Me aproximei. - Porque é o que está parecendo. Você estava nos dormitórios femininos faz algumas horas e agora tá aqui de madrugada. Você sequer chegou a encontrar o seu dormitório? - Ri desacreditada.

- Na verdade, encontrei. - Ele saiu da parede e se aproximou de mim. - Mas aquela garota que estava com você, veio até mim e me convidou para o dormitório dela.

- A garota baixinha, cheia de ódio na alma, e com carinha de neném? - Tentei confirmar, não acreditando.

- Não, a outra. - Esclareceu e os meus olhos arregalaram.

Filha. De. Um. Bolsonaro.

- Aubrey? - Abri um sorriso desacreditado.

- Esse é o nome dela? - Fez uma careta confusa.

- Ela te chamou para o seu dormitório e...? - Fiz questão de saber a fofoca toda.

Fofoca quentinha é meu pau de cada dia.

Mesmo no escuro, as bochechas do James, tinham um vermelho profundo e ele parecia incapaz de fazer contato visual de repente.

Só melhora...

- Conta pra mim, garotinho bonito. - Pedi e ele me encarou na hora.

- Você pode abaixar esse pincel, por gentileza? - Pediu mais uma vez, agora semicerrando os olhos.

- Promete me contar o que aconteceu? - Combinei.

- Prometo. - Intercalou o olhar entre o pincel e os meus olhos com medo.

Abaixei o pincel e coloquei um sorriso angelical no rosto me afastando.

- O que vocês fizeram no dormitório dela? - Inclinei a cabeça para o lado e o James respirou fundo antes de responder.

- Quando eu entrei, ela... me pediu para sentar. - Franziu as sobrancelhas.

- No pau grosso dela? - Arregalei os olhos, fingindo surpresa.

Os olhos do James se arregalaram na mesma hora e eu prendi o sorriso, notando as bochechas rosadas.

- Na cama. - Corrigiu sem graça.

- Que aborrecido. - Me sentei no meu banquinho, desejando que fosse uma piroca.

Esse ato fez o James cortar a distância entre nós e se aproximar, sentando em uma cadeira da mesa do meu lado.

Eu aposto que ele também desejou que fosse um bilau.

- Ela, do nada, colocou uma música, e não era evangélica. - Ele olhou pra mim como se aquilo fosse uma catástrofe, o que me fez sorrir com todos os dentes.

- Abominável. - Sussurrei.

- Ela... se aproximou...

- Fala, macho!

- Ela subiu em cima de mim.

Que garota vagabunda.

Me julgando e fazendo o mesmo nas costas.

Eu vou guardar um espaço bem quentinho no inferno pra ela.

No colo do capeta, já que ela gosta tanto de subir em cima das pessoas.

- E o que você fez? - Levantei do banquinho e me aproximei do James, obrigando ele a erguer o rosto, para conseguir me encarar, e manter o contato visual que ele tão desesperadamente parecia precisar agora.

- Eu travei. - Sussurrou, olhando para mim como um cachorrinho perdido e com os lábios entreabertos.

Eu assenti, colocando uma mão no ombro firme e musculoso do James.

Me posicionei no meio das suas pernas, notando apenas agora que ele usava uma calça moletom cinza e uma camiseta branca, que fazia tão pouco para esconder o corpo dele. A corrente de ouro com uma cruz, que estava escondida sob a roupa, atraiu o meu olhar para o pescoço dele. As mãos grandes dele estavam em cima da sua perna, exibindo as veias levemente saltadas e o único anel que ele tinha em um dos dedos.

- E depois, o que você fez? - Subi a minha mão do ombro dele para o pescoço, brincando com a corrente dele.

Os olhos do James pularam de um olho meu para o olho, o verde dos mesmos tomando um tom ainda mais intenso, parecendo cada vez mais escuro a medida que as suas pupilas se dilatavam. Os óculos permaneciam como um suporte para alguns dos seus cachos rebeldes que caiam no rosto.

Ele não parecia respirar o suficiente, ou talvez, apenas tivesse parado de respirar.

Os lábios avermelhados do James se separaram por longos segundos antes de responder.

- Eu tirei ela de mim e sai de lá. - Respondeu e eu me controlei para não erguer as sobrancelhas.

- Você se arrepende? - Perguntei.

- Não. - A resposta saiu na hora, sem precisar pensar.

Eu assenti, me aproximando ainda mais do James, só que dessa vez na direção da orelha dele.

A mão dele segurou a minha coxa e eu sorri.

- Eu não acho que podemos realmente julgar ela por tentar ficar em cima de você, podemos? - Sussurrei na ponta do ouvido dele, sentindo a mão dele apertar a minha coxa.

continua...

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quando tiver 2.222 comentários eu posto o próximo capítulo;)

O Inocente Aluno NovoWhere stories live. Discover now