50_ Brinca comigo.

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Heaven Quinn

- A vossa mãe tá aqui.

Eu observei a mulher bem vestida em um conjunto preto formal enquanto ela olhava em volta, procurando pelos filhos. As minhas mãos apertaram a bandeja de comida com ódio.

Ela não me conhece, mas eu conheço ela.

Eu conheço ela tão bem.

Eu sei o sabor do veneno dela e o quão fundo as unhas dela podem cortar.

Eu sei que ela não se importa de matar os filhos dela com as palavras dela.

Ela é um monstro. Assim como a minha mãe foi.

- Quê? - A Niani levantou, o olhar dela indo instantaneamente para a mãe dela na porta. Um olhar tão esperançoso que quebrou meu coração. Ela acha que a mãe tá aqui pra ver eles.

- Por quê? - O Nolan perguntou, a voz baixa.

- Eu não sei. - Menti, mas o Nolan viu a resposta no meu rosto e se ergueu com os olhos arregalados.

- Eu não tenho recebido nenhuma das cartas dela. - A Niani ponderou, se afastando da mesa e ficando do meu lado enquanto mexia nervosamente na sua saia.

O Nolan me encarou e eu cerrei a mandíbula, deixando o silêncio me consumir.

- Você realmente não sabe porque ela tá aqui, Heaven? - A Niani perguntou e eu me recusei a encarar ela.

- Não. - Menti.

A minha resposta saiu bem no momento que a mãe dos gêmeos, a senhora Frost, nos encontrou no meio do refeitório. Um sorriso se abriu no rosto dela e o meu estômago revirou quando a Niani correu até a mãe dela sorrindo.

Eu queria gritar com a Niani, avisar que a família dela nunca vai mudar e que ela deveria correr. Fugir.

- Você acha que ela sabe? - O Nolan me tirou dos meus pensamentos, ficando do meu lado e cruzando os braços.

A senhora Frost, mesmo abraçando a Niani, me encarava. Eu conhecia esse olhar. Um olhar tão penetrante e cheio de desgosto que era impossível disfarçar. E, do mesmo jeito, eu não conseguia desviar o olhar.

Ela sabe.

- Sim. - Fui honesta. - O que você acha que ela vai fazer? - Respirei fundo, virando o meu rosto para o Nolan e encontrando o seu olhar congelado na mãe, a sua mandíbula marcada firme.

Eu tenho 99 problemas, e causei todos eles.

- Só a porra do diabo sabe. - Suspirou.

- Eu não sei de nada. - Fiz uma careta indignada.

[...]

- O que é essa água? - Perguntei para o James, apontando para a vasilha de metal que estava do meu lado na escrivaninha dele.

Ele ergueu o olhar da cama que estava arrumando para mim, sentada na sua mesa, enquanto balançava os meus pés no ar.

- Água benta. - Contou, jogando a última almofada na cama e caminhando até o seu banheiro.

- Nossa, por isso que eu tava sentindo essa energia ruim. - Reclamei fazendo uma careta e dando um pulo pra sair da mesa do James, indo pra bem longe da água.

O Inocente Aluno NovoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora