10_ Clínica psiquiátrica.

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Heaven Quinn

Eu não conseguia achar a minha calcinha.

Esse era o maior sofrimento das vagabundas.

Da pouca luz que eu conseguia tirar da janela do dormitório desconhecido, eu apenas tinha achado a minha saia do uniforme e a camiseta preta, mas a calcinha, ainda era um mistério.

E eu não tenho a porra de um Scooby-Doo.

Assim que achei a pobre embaixo da cama, nem parei para pensar como ela foi lá parar, apenas peguei ela e me levantei.

- Aonde você tá indo? - A voz do garoto que eu ainda não sei o nome perguntou da cama.

- Eu... tenho... que dar banho no meu peixe... - Apertei a calcinha na minha mão.

- Você tem mesmo que ir embora? - O garoto que parecia o Ken insistiu.

Tendo em conta que eu nem deveria estar aqui e que já era o horário do café da manhã, sim.

Se eu não quisesse morrer enforcada pelo diretor, eu tinha que voar na minha vassoura de bruxinha direto pro meu quarto.

- Meu peixe tá afogando, sabe?

Sem nem esperar a resposta do menino, corri para a porta.

Com a porta aberta, dei de cara com o satã.

Deus me livre, que colégio católico desgraçado e assombrado.

- O que você tá fazendo aqui? - A Aubrey me olhou em choque e com desgosto.

- To fazendo neném. - Sorri amarelo.

- Com quem você tá aí dentro? - Tentou olhar para dentro do dormitório.

A pergunta era justa, já que era um dormitório duplo, mas o colega de quarto do garoto que eu fiz de cavalo deve ter dormido no lixeiro, porque não tinha nem um sinal dele no quarto.

- Papai Noel. - Sorri grande, fazendo o sorriso chegar até os meus olhos. - Quer ver seus presentes cedo?

- Você é uma vadia. - Insultou.

- O papai Noel e Deus tão vendo você me chamar desse nome abominável. - Fingi estar ofendida.

- Ele é meu ex! - Justificou.

- Papai Noel ou Deus? - Perguntei confusa.

- O Ken. - Quase gritou.

- Então o nome dele é mesmo Ken? - Arregalei os olhos.

- Você não sabia nem o nome dele? - Me olhou ofendida, revirando os olhos.

Já não é bonita, aí me revira o olho.

Pronto, barata possuída.

- Eu olho pau, não nome. - Franzi as sobrancelhas. - O nome dele podia ser Jubisniscleiton, mas se tivesse um bom pinto-

- Deus te salve! - Ela me cortou.

- Pera aí, ele é seu ex? - Olhei safada pra ele.

- Era um relacionamento católico. - Se apressou a explicar.

Assim como foi um ato católico subir no colo do James?

- Não foi o que pareceu quando eu tava lá dentro com ele. - Provoquei cruzando os braços e me encostando na batente da porta.

A Aubrey entrou no quarto esbarrando em mim e eu abri um sorriso quando ela começou a gritar com o Ken.

Sai andando pelo corredor com um sorriso.

Quem falou que felicidade de pobre dura pouco era um cão, um bicho e um demônio.

Vi o James no corredor, encostado na parede pelo ombro e com os braços cruzados. Mesmo sendo apenas quase 7 da manhã, ele já vestia o uniforme. Tudo no corpo dele gritando organização, desde o cabelo cacheado arrumado e o uniforme nada amassado.

O que era o completo contrário de mim, pois eu tinha certeza que o meu cabelo tava todo amarrado, a saia e camiseta amassadas e o chinelo da Barbie no meu pé não ajudava.

Faziam 2 dias desde que não nos víamos, mas isso não tornava a tensão mais fácil.

Eu ficava nua na frente de muita gente, eu simplesmente não podia evitar, sou uma gostosa.

Eu apenas tento abençoar o mundo feio com a minha beleza.

Mas aquele ato com o James foi de puro desespero, onde eu tive que usar a minha arma especial:

A putaria.

Ele estava de costas pra mim, mas isso não me salvou da vergonha, quando o filho da puta do meu melhor amigo, que estava na frente do James, me chamou.

- Heaven! - Gritou pra todo mundo naquela porra de corredor ouvir, me fazendo travar.

É isso que dá acolher fã como amigo.

Deus ainda vai me castigar por toda minha humildade.

Coloquei um sorriso amarelo no rosto enquanto caminhava até o Nolan sobre o olhar de todo mundo, incluindo as baratas, no corredor.

- Oi... - Sussurrei sentindo o Nolan passar os braços pelos meus ombros e me aconchegar contra ele.

O Nolan sempre teve um cheiro que me lembrava sabonetes caros e noites frias, mas o seu toque era quente e acolhedor.

O olhar do James estava em mim, me estudando e tentando entender porque o meu cabelo estava bagunçado.

Não demorou para o seu olhar cair na minha mão e os seus olhos se arregalarem.

A calcinha.

Um pequeno sorriso cresceu na boca do James ao notar a calcinha vermelha que eu tentava agora tão desesperadamente esconder na minha mão.

- Essa daqui é a Heaven, minha melhor amiga desde que eu era bem pequenino. - Contou orgulhoso.

- A gente tinha 14 anos. - Corrigi.

- Eu daria a minha vida por ela. - Continuou, ignorando o meu comentário. - Ela é bem calminha, nem precisa ir pra uma clínica psiquiátrica, nem nada.

- A gente se conheceu. - O James soltou e eu fechei os meus olhos enquanto o Nolan arregalava os dele.

- Aonde?

- Foi ela que me trouxe para o dormitório quando eu cheguei. - Falou simples.

E também foi ela que tirou a roupa na sua frente no seu primeiro dia aqui.

Não seria a primeira vez que eu faço isso.

Eu tenho que dar boas-vindas ao nível de um colégio católico, não?

Eu quero que todo mundo se sinta acolhido.

Dentro da minha buceta.

continua...

O Inocente Aluno NovoWhere stories live. Discover now