15_ Caos.

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Heaven Quinn

- Para de tremer! - O professor de educação gritou para o garoto do meu lado.

Como uma vagabunda formada, eu sabia que tremer não era algo que a pessoa escolhia fazer.

Então, ele mandar o ruivinho parar de tremer sendo que estamos na posição de prancha faz quase 5 minutos, sem intervalos, era uma hipocrisia.

Só restavam 3 pessoas: o ruivinho, eu, e o James.

Enquanto o ruivo tremia como se tivesse acabado de sair de uma suruba, o James parecia que tava dormindo, de tão calmo e quieto que tava.

Eu apenas continuava aguentando porque o meu espírito competitivo e o meu ego não aguentariam perder para dois homens.

Tudo que envolve prejudicar um homem, eu estou dentro.

Empurrei o ruivinho pro chão e ele gemeu caindo enquanto eu tentava voltar na posição.

Esperei que o professor não estivesse olhando pra tentar empurrar o James, mas ele levantou o braço que eu ia empurrar, me fazendo quase cair.

O James, com os olhos semicerrados, me encarou, um pequeno sorriso crescendo nos seus lábios.

- Olha aí professor! - Dedurei. - Levantou o braço.

- Nada de levantar o braço! - O professor gritou.

Eu fui empurrar o James, mas ele voltou a desviar, agora com os olhos arregalados.

- De novo, professor! - Avisei, os meus braços começar a tremer pelo esforço.

- James, se você voltar a levantar o braço, você tá fora. - O professor anunciou e eu abri um sorriso gigante.

O professor começou a anotar algo em um papel e eu empurrei o James com toda forca, mas ele não se mexeu nem um centímetro, o que quase me fez cair de cara no chão.

- Quem é que não aceita ser derrubado pela vida? - Reclamei desacreditada.

O James apenas se virou pra mim, notando os meus braços e pernas começando a tremer, e sorriu de lado.

- Você fica linda tremendo. - Murmurou baixinho com a respiração começando a pesar.

- Se você cair, eu te mostro em quantas posições eu fico linda tremendo. - Pisquei pra ele e o sorriso do mesmo aumentou, as suas covinhas aparecendo e as suas bochechas tomando
um tom vermelho.

Estávamos lado a lado, então foi fácil ver quando o James ergueu as sobrancelhas e assentiu, colocando os joelhos no chão e saindo da posição de prancha.

- Ganhei! - Gritei, levantando, apesar das minhas pernas ainda estarem tremendo um pouco. - Jesus é bom!

[...]

Fingindo estar lendo a bíblia em um canto do corredor, eu observei o diretor sair da sala dele apressado e segurei o meu sorriso.

Assim que ele passou por mim e desapareceu por outro corredor, eu fechei a bíblia e levantei ajeitando a saia, enquanto andava para o escritório dele.

Abri a porta e entrei enquanto respirava fundo.

Agora eu só precisava descobrir onde ele guardava as cartas enviadas pelos pais.

O James franziu as sobrancelhas quando me viu entrar e eu neguei a cabeça desacreditada do meu azar.

- Que um avião me atropele. - Murmurei baixinho.

- Eu acho que o seu tio tá apaixonado por mim. - O James falou.

Ele estava sentado no sofá de dois lugares, as suas costas contra o material suave e as pernas levemente afastadas, o que fazia o seu uniforme ficar um pouco amassado e puxado.

O cabelo molhado do James, por ter sido recentemente lavado, caia sobre a sua testa em pequenas ondas. Ele jogou a cabeça para trás, me dando a visão do seu pescoço e da sua maçã de adão se mexendo.

- Eu não duvidaria. - Dei de ombros me aproximando da mesa do diretor.

Um pequeno sorriso cresceu na boca do James escutando a minha resposta.

- Mas por que você diria isso? - Perguntei, observando os papéis na mesa com atenção, pra ver se achava alguma coisa útil.

- Ele me convidou para tomar um chá.

- Que tipo de chá? - Franzi a testa preocupada.

- Chá de camomila. - Ele respondeu confuso.

- Espera. - Franzi ainda mais a testa, só agora percebendo um detalhe. - Como você sabe que o diretor é meu tio?

- O Nolan me contou. - Deu de ombros se levantando e começando a caminhar na minha direção.

- Boca do tamanho de um esgoto. - Xinguei.

Com o nome do Nolan, a lembrança de que eu estava aqui procurando as cartas que tinham chegado hoje voltou e eu comecei a olhar em meu redor com ainda mais eficiência.

- O que você está fazendo aqui, Heaven? - Ele sussurrou, me fazendo perceber o quão perto ele estava de mim agora.

Ergui o rosto para encarar o James que já me observava com atenção, mas não movi um músculo para responder.

- Você tá olhando em volta como se achasse que o diretor tá escondido em um canto. - Deu de ombros. - Ou você tá procurando alguma coisa.

Filho da puta inteligente.

Vou ter que voltar a usar a minha técnica.

Como se o James pudesse ler os meus pensamentos, ele semicerrou o olhar e negou com a cabeça, fazendo o seu cabelo úmido se mover perfeitamente.

- Eu não vou cair nas suas tentativas de me distrair, de novo, pequeno diabo. - Anunciou e eu abri um sorriso angelical.

O olhar do James caiu para o meu sorriso na hora, permanecendo lá por severos segundos e não desviando por nada. Ele engoliu seco, a sua respiração começando a se acelerar e o silêncio se prolongando na sala.

Mas então ele piscou os olhos e desviou o olhar, começando a encarar o chão.

- Deus, até o sorriso é diabólico... - Murmurou sobre a sua respiração pesada.

Do lado do sofá que o James estava sentado antes, tinha uma caixa com letras escritas em maiúsculo:

"CARTAS"

Tá na hora de causar um pouco de caos.

continua...

O Inocente Aluno NovoDonde viven las historias. Descúbrelo ahora