23_ Deus, me ajuda.

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Heaven Quinn

Hoje é quarta-feira, e tinha pizza no refeitório. Muita pizza.

Mas ser quarta-feira, também significa noite de jogos com o Nolan e a Niani.

Eu sei que vocês devem achar que os jogos são: ficar pelada e fazer coisas que o próprio diabo me ensinou. Tudo isso só porque eu sou vagabunda, e isso, meus amigos, é preconceito.

Na verdade, a gente vai jogar Uno e Monopólio.

E depois, eu vou descaradamente sugerir que todo mundo tire a roupa, como eu sempre faço.

Sim, eu sou terrivelmente hipócrita.

- E aí ele falou que eu gozei rápido demais. - A Niani reclamou, as suas sobrancelhas unidas com indignação. - Inacreditável. O que ele esperava? 1 minuto inteiro? Eu tenho ansiedade.

- Mas e o carinha que você tava gostando? - Perguntei genuinamente confusa.

Ele me deu a pizza dele hoje e eu chamei até chamei ele de "cunhado querido".

- Gosto dele pra nada. - Cruzou os braços em irritação.

- Então você gosta desse da gozada flash? - Semicerrei os olhos enquanto virávamos o corredor que dava para o quarto do Nolan.

De algum jeito, o Nolan conseguiu um quarto só para ele.

Acho que foi do dinheiro que ele desviou do meu negócio de maconha.

A gente tava lucrando bastante até que a Aubrey começou a achar todos os meus esconderijos da verdinha apenas ontem.

- Gosto dele também não. - Soltou pensativa. - Mas eu já sei de quem eu gosto. - Sorriu.

- De mim? De novo? Eu pensei que a gente já tinha superado isso. - Encarei ela desacreditada. - Bom, o meu principal defeito é ser muito gostosa, e eu não gozo rápido, na verdade, eu adoro ver a pessoa gozando primeir-

- O diabo teria inveja de você. - Ela semicerrou os olhos pra mim com irritação.

- Eu sou o diabo. - Sorri grande.

- Espero que o Nolan tenha conseguido pipoca. - A Niani pensou alto.

- Prefiro piroca.

Apesar da risada da Niani, eu consegui escutar passos atrás de nós, me fazendo travar.

Perto demais.

Os passos estavam perto demais.

Instantaneamente, eu abri uma porta aleatória e empurrei a Niani pra dentro em puro pânico.

Eu não me importava de me fuder, inclusive, faço questão.

Mas a Niani foi arrastada nessas noites de jogos por minha causa e eu não ia arriscar a minha melhor amiga, minha irmã, receber um sermão ou arriscar ser castigada por minha causa.

Eu por outro lado, sabia que eu não seria expulsa.

O meu tio daria o cu para o padre antes de me expulsar.

O que não está muito longe de acontecer, pelo jeito que eles tavam conversando no culto da última semana...

Fiquei parada, tentando controlar a minha respiração. O meu olhar fixo no canto onde o corredor virava.

As vozes dos seguranças soaram e eu arregalei os meus olhos.

- Deus, me ajuda. - Comecei a correr para a direção oposta.

Tentando fazer o mínimo de barulho possível com os meus chinelos da Barbie escorregadios, eu continuei checando atrás de mim pelos seguranças, até que o meu rosto bateu contra o peito duro de alguém.

A pessoa segurou os meus braços, bem acima do cotovelo, me equilibrando e evitando que eu caísse igual o pau mole do meu ex.

Eu coloquei as minhas mãos contra o peito musculoso da pessoa, empurrando com força até perceber que eu conhecia as mãos que me seguravam com firmeza.

James.

Encarei ele assustada, os meus olhos arregalados passando pelo que eu conseguia ver do seu rosto na escuridão, desde o cabelo bagunçado, os olhos preocupados e a boca entreaberta, pronta pra perguntar se eu estava bem.

Mas antes que eu conseguisse falar qualquer coisa ou tascar um beijão nele, os passos no corredor se tornaram mais rápidos e barulhentos.

Olhei em volta com desespero, não conseguindo respirar direito enquanto o meu coração batia forte no meu peito.

Eu nunca agradeci tanto por ver um armário de limpeza.

Em um ato de desespero, eu peguei o James pela camiseta de mangas longas, levando ele comigo para dentro do armário e fechando a porta com um estrondo maior do que deveria.

A minha respiração acelerada e desregulada, aqueceu rapidamente o armário frio e só quando os passos pararam, eu tive tempo de perceber que o meu corpo estava pressionado contra o do James, a sua respiração no topo da minha cabeça e as suas mãos grandes ainda segurando os meus braços.

Merda.

continua...

O Inocente Aluno NovoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora