46_ Manipular.

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Heaven Quinn

O James entrou na sala.

A energia do lugar parecia ter mudado completamente no momento que os seus olhos encontraram os meus.

O cabelo castanho do James estava molhado, por ter sido lavado recentemente, transformando os seus cachos em leves ondas. Ele não usava os óculos e os seus olhos azuis e verdes estavam fixos nos meus, não se importando em olhar para mais nada na sala além de mim. As suas maçãs do rosto estavam levemente avermelhadas.

Ele usava o uniforme completo impecavelmente. A camisa branca com todos os botões apertados e a gravata preta por baixo do casaco também preto. Uma das suas mãos estava dentro do bolso da sua calça preta e o meu olhar permaneceu lá por longos segundos lembrando da noite anterior.

Apenas a visão impecável dele foi capaz de fazer um arrepio passar pelo meu corpo.

Eu cruzei os braços e apertei a correntinha dele com força, sentindo a cruz aprofundar na minha pele.

- James. - O diretor murmurou, colocando as mãos nos bolsos e assumindo uma postura firme. - Como eu posso te ajudar? Eu achei que a nossa reunião só seria mais tarde.

- A senhora Frost está aqui no colégio. - Ele falou e o meu coração falhou.

A mãe dos gêmeos.

A mãe do Nolan e da Niani.

- E o que ela quer? - O diretor questionou cautelosamente, semicerrando o olhar.

- Ela exige falar com o diretor sobre as cartas. - O James contou e o seu olhar pulou pra mim sutilmente, mas eu já não conseguia respirar ou prestar atenção.

As cartas. As cartas As cartas.

Virei para observar o diretor, porém, a sua expressão era de pura confusão.

Ele não sabia que eu andava roubando as cartas que a mãe da Niani mandava pra ela.

Ainda.

O diretor se apressou em sair da sala e eu segui ele por alguns passos antes de travar bem antes da porta.

O medo queimava o meu corpo, mas assim que eu olhei para o lado e encontrei o James, tudo foi substituído por raiva.

Eu atingi um soco nele com toda a minha força.

O seu rosto virou um pouco para o lado pela intensidade do soco e ele fechou os olhos enquanto travava a mandíbula.

Talvez não tivesse sido uma boa ideia dar um soco nele com os meus anéis e a correntinha dele entre os meu dedos, mas agora já era tarde demais.

- Eu mereci, pelo menos? - Ele soltou calmamente e eu notei um pequeno sorriso de lado que ele estava tentando esconder.

- Com certeza. - Soltei entredentes com raiva.

- Você quer acertar outro? - Ele ergueu uma sobrancelha, me observando atentamente pelo canto do olho.

- Talvez. - Cerrei a minha mandíbula, irritada que ele não estava irritado.

O James assentiu, empurrando a porta da sala do diretor e fechando a mesma, nos deixando sozinhos no espaço.

Eu travei a minha mandíbula, assistindo ele cruzar os braços.

Por que ele não tá com raiva? Por que ele não tá com raiva? Por que ele não tá com raiva? Por que ele não tá com raiva? Por que ele não tá com raiva?

Eu me aproximei dele com ódio, esperando que ele recuasse, mas ele não recuou, permanecendo firme com os braços cruzados e me observando com atenção.

Eu tinha que erguer o meu rosto pra conseguir manter o contato visual.

Eu cerrei a mandíbula, sentindo os meus seios tocarem o peito dele e o meu corpo invadir o espaço do dele. O rosto dele estava perto demais do meu, tão perto que eu podia simplesmente beijar ele agora.

A sua respiração sútil bateu contra o meu rosto e eu semicerrei o olhar. Os seus olhos apenas pulavam de um olho meu para o outro, descendo eventualmente para a minha boca. A sua boca estava em uma linha fina, mas quando a minha mão bateu contra o peito dele, entregando a corrente do jeito mais rude possível, um sorriso de canto apareceu nos seus lábios avermelhados.

O James abaixou o olhar para o peito dele e pegou a correntinha de ouro antes que ela caísse, um pequeno franzir de sobrancelhas se formando no rosto dele.

- A Aubrey te entregou? - Ele murmurou confuso e eu soltei uma risada nasal desacreditada.

A crente do cu quente não mentiu.

Então ela também tem ido para o dormitório dele mesmo?

O quão inocente o James realmente é?

- Você sabia que eu não queria mostrar os meus quadros pra ninguém. - Comecei, a minha voz cheia de repulsa, fazendo o James franzir as sobrancelhas ainda mais. - Desde o dia que você sugeriu isso na minha sala de artes e eu neguei. Mas mesmo assim você contou para o diretor, o meu tio, que eu pinto e ainda assegurou que eu mostraria os meus quadros na atividade para todo mundo no colégio e os pais. Você sabia, James.

Ele permaneceu em silêncio, me encarando confuso.

Eu costumo agir como se eu não tivesse um coração, mas eu sinto tanto.

Eu confiei no James algo que eu nunca me atrevi a confiar em mais ninguém. Nem mesmo a Niani. Nem mesmo o Nolan.

- Como você se atreve-

- Eu te contei, Heaven. - Ele interrompeu, me olhando como se não entendesse.

A frase me fez recuar, as minhas sobrancelhas se juntando e a minha boca se contorcendo.

Se ele acha que ele vai conseguir me manipular, ele realmente não tem nenhuma noção de como eu cresci.

- Não, você não contou. - Falei firme, cerrando o meu punho.

- Eu pedi e você aceitou, amor. Eu também te contei sobre a Aubrey. - Se aproximou, me fazendo recuar.

continua...

O Inocente Aluno NovoWhere stories live. Discover now