18_ Acordo com o diabo.

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Heaven Quinn

... - Suas cicatrizes nas coxas.

Algo dentro de mim encolheu e eu pressionei as minhas coxas mais juntas uma da outra, em uma tentativa de conforto.

Abaixei o olhar, apesar da voz do Nolan ter continuado.

- Eles têm falado coisas idiotas, como você estar tentando se matar, ou que isso é um tipo de ligação satânica, fetiche. Coisas ridículas. - Se apressou a assegurar. - Eles falaram até...

Levantei o olhar, depois que o Nolan parou de falar de repente.

- Falaram o quê? - Incentivei a continuar mas ele franziu as sobrancelhas negando com a cabeça.

- Não importa.

- O que eles falaram? - A Niani perguntou com a voz preocupada.

- Eles estavam falando sobre os seus pais e o seu tio. - Confessou, o desconforto aparente no seu rosto, deixando claro que ele não queria revelar essa parte. Tinha muito mais que ele não estava contando, e eu não sabia se queria descobrir o que era ou não.

- Quem? - Demandei.

- Heaven. - O Nolan me encarou com simpatia, uma espécie de conforto.

- Quem começou? - Exigi, ignorando o olhar dos gêmeos.

- Eu não sei. - Respondeu o Nolan, parecendo derrotado.

A Aubrey passou do meu lado, a sua risada alta ecoando pelo corredor até que o seu olhar caiu em mim.

- Era pra isso que a lâmina servia, então? - Sorriu e piscou o olho pra mim antes de entrar no refeitório.

- Onde tá o Ken? - Perguntei para o Nolan. - Eu vou quebrar a porra da cara dele.

- O quê? - Ele me olhou confuso e assustado. - Não pode ser o Ken-

- Apenas responde, Nolan. - Mandei irritada.

- O Ken foi expulso. - Contou. - Semana passada, bem depois que ele te assediou. Eu pensei que você sabia, o seu tio expulsou ele assim que você saiu do escritório dele.

- Ai, meu pai amado. - A Niani falou alto, colocando as mãos sobre a boca.

- Amém! - O padre respondeu, passando atrás da Niani.

[...]

Entrando na minha sala abandonada, apenas iluminada pela luz da lua e estrelas, travei quando notei o corpo alto que observava os meus quadros.

O James ouviu a porta fechando e ainda com as mãos nos bolsos da calça moletom, ele se virou pra mim.

- Oi... - Sussurrou, a sua voz baixa ecoando por todo cômodo e me fazendo arrepiar.

- Oi. - Respondi, duvidosa. - Se você tá aqui pra terminar o que eu comecei na sala do diretor, eu devo te avisar que eu não sou muito boa em encarar as minhas encrencas. - Me aproximei dele, um sorriso provocativo dançando nos meus lábios enquanto eu falava. - Mas por você eu posso tentar. - Dei de ombros quando estava perto o suficiente dele para precisar erguer meu rosto e encarar ele.

As bochechas do James tomaram um tom avermelhado com a memória do que aconteceu hoje na sala do diretor.

Ele prendeu a respiração dele e o seu olhar caiu na minha boca, descendo pelo meu pescoço.

Comecei a abrir os botões da minha camisa azul, manchada por tinta em alguns lugares, mas parei assim que o James falou.

- Eu apenas queria ver se tá tudo bem com você. - Confessou, forçando o seu olhar a voltar para os meus olhos. - As pessoas não tavam falando coisas muito legais sobre você hoje.

Tópico errado. Tópico errado. Tópico errado. Tópico errado. Tópico errado. Tópico errado. Tópico errado.

- Podemos voltar a falar sobre eu tirar minha roupa? - Sorri amarelo e o James fechou os olhos, um sorriso gigante aparecendo na sua boca.

Ele deu um passo para trás e eu franzi as sobrancelhas quando o seu olhar varreu a sala toda, passando alguns segundos extras em alguns dos meus quadros.

- Você pinta. - Apontou e eu soltei uma risada nasal. - E desenha.

- Eu roubei isso tudo de um senhor na rua. - Dei de ombros. - Rogério.

- São lindas. - Ele murmurou baixinho, admirando as pinturas.

- Vou deixar o Rogério saber disso assim que eu encontrar ele mais uma vez. - Cruzei os braços.

- Por que você não coloca algumas pinturas na exposição de arte da atividade? - Sugeriu.

- Por que eu faria isso? - Franzi a testa.

- Por que não? - Deu de ombros.

- Se você está aqui para me convencer a colocar as minhas coisas na atividade pra todo mundo do colégio ver, nem tente. - Aproximei o meu rosto firme do dele que apenas me encarou de cima.

Depois de segundos em silêncio, apenas segurando o contato visual do James, ainda com os braços cruzados, passei por ele e segui para os pincéis, pronta pra pegar um e enfiar nele.

De preferência no cu.

- Me ensine a pintar. - A sua voz grossa soou atrás de mim, me fazendo travar por longos momentos, até que eu me virei pra ele surpresa.

- Quê? - Soltei.

- Me ensine a pintar, Heaven. - Deu um passo na minha direção.

- Por que eu faria isso? - Perguntei, a minha respiração começando a pesar. - O que eu ganharia com isso?

- O que você quer ganhar? - Ele jogou a questão, me fazendo mergulhar em um oceano de possibilidades.

- O que você está disposto a me dar? - Me aproximei do James.

Ele estava sem óculos hoje, deixando os seus leves cachos caírem rebeldes pelo topo de sua testa.

O James inclinou a cabeça, descendo o seu olhar penetrante pelo meu pescoço e então subindo ele para a minha boca.

A sua mandíbula foi travada e a boca avermelhada do James se entreabriu antes de ele falar.

- Não acho que tenha alguma coisa que eu não te daria se você pedisse. - Ele soltou, a sua confissão fazendo as minhas costas ficarem retas.

- Se eu te ensinar a pintar, James, você fica me devendo algo. - Avisei, o meu corpo a poucos centímetros do corpo do James. - Não importa o que eu te peça, você deve me dar.

O olhar do James pulou de um olho meu para o outro, considerando a proposta descarada que eu havia acabado de fazer.

Mas não havia dúvida nenhuma na voz do James quando ele respondeu.

- Fechado.

Parte de mim se perguntava se o James sabia que ele tinha acabado de fazer um acordo com o diabo.

continua...

O Inocente Aluno NovoWhere stories live. Discover now