58_ Hematoma.

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Heaven Quinn

Eu bati a lateral na minha cabeça contra a parede branca do lado da porta do balneário masculino bem na hora que ela abriu.

Os meninos do time de futebol que saíam me notavam instantaneamente, cumprimentando com acenos e sorrisos.

Bando de vadia querendo me dar.

Eu sorri preguiçosamente de volta pra eles, erguendo a minha mão e acenando com os dedos.

Normalmente eu faria "uni duni tê" pra escolher quem veria o paraíso, mas...

O Nolan saiu por último, abrindo um sorriso de pura felicidade assim que me viu.

- A gente ganhou! - Ele falou animado, os seus olhos brilhando assim que ele segurou o meu rosto entre as suas mãos.

- Eu sei. - Sorri surpresa pra ele. - Você me contou isso várias vezes enquanto saia do campo correndo e me derrubava no gramado na frente de todos.

- Eu sei, mas a gente ganhou, Heaven! - Ele continuou sorrindo igual uma criança e eu soltei uma pequena risada.

- Nolan, vem ver isso! - Um dos jogadores chamou e o Nolan apenas lançou um pequeno olhar distraído na direção dele antes de voltar a me encarar.

- Foi incrível. - Ele comentou apressado. - O James salvou o jogo todo faltando 10 segundos. - Sorriu desacreditado.

- E onde tá o James? - Perguntei como quem não quer nada.

- Tá aí dentro. - Respondeu, o mesmo garoto voltou a chamar ele, e o Nolan suspirou, o sorriso diminuindo, mas não desaparecendo. - Eu falo com você depois, tá? - Soltou antes de ir embora.

Eu fiz um beicinho, esperando o Nolan desaparecer pelo corredor e olhando em volta antes de entrar no balneário masculino.

O James estava na frente do espelho do seu armário, erguendo a regata branca enquanto analisava algo no seu abdômen definido.

- Oi, tomatinho. - Murmurei a uma distância segura, me aproximando lentamente.

- Oi, diabinha. - O James respondeu, e mesmo sem erguer o olhar para mim, um sorriso sem dentes se espalhou pelo seu rosto.

Chegando perto dele, eu soltei todo ar que eu estava prendendo. Só a presença dele parecia ser capaz de afastar todas as minhas preocupações.

O James é a única pessoa que eu já quis abraçar, depois do meu pai.

Eu ergui os meus braços pra colocar eles em volta da cintura e abdômen do James, a minha cabeça indo em direção do peito dele em um abraço.

O James se afastou.

Ele se afastou tão rápido de mim que as minhas mãos não conseguiram nem tocar o tecido da sua regata.

Eu olhei para o espaço que ele estava alguns segundos atrás e ergui o olhar para o seu rosto, mantendo contato visual confusa. Magoada.

- Por que você fez isso? - A minha voz saiu mais fraca do que eu pretendia.

Talvez ele finalmente tenha percebido o quão impura eu sou?

O quão difícil é ficar perto de mim.

Talvez ele já não consiga me tocar sem sentir nojo.

A minha mãe chegou a me avisar, ninguém conseguiria realmente me amar com tantas cicatrizes.

Mas então o meu olhar desceu para o abdômen do James, o mesmo abdômen que ele estava observando no espelho alguns segundo atrás, encontrando um hematoma gigante.

O hematoma na lateral do seu abdômen parecia ser maior que a minha mão.

- Que porra aconteceu, James? - Eu me aproximei dele abruptamente, arrancando a mão dele da regata e segurando a mesma com as minhas próprias mãos, pra conseguir examinar o hematoma.

Eu sei bem como cuidar de hematomas.

- Não se preocupa. - Ele falou, a sua voz tentando me acalmar. - Foi no jogo.

- Porra que foi no jogo. - Falei irritada, soltando a regata. - Se fosse no jogo, o Nolan não teria saído daqui sorrindo e rindo como se tivesse perdido a virgindade do cu. Ele teria ficado aqui com você. Te ajudando. Cuidando.

- O Nolan não sabe. - O James justificou, as suas maçãs do rosto ficando avermelhadas.

Eu franzi as sobrancelhas processando a informação.

- Se o Nolan soubesse, ele teria me tirado do jogo no mesmo segundo que aconteceu. Nós teríamos perdido. - Ele se aproximou, me obrigando a erguer o meu rosto pra continuar mantendo o contato visual. - Eu não podia arriscar isso.

O James segurou a lateral do meu rosto, o seu dedão passando por cima do meu lábio inferior avermelhado. Eu mordi o dedo dele com força. Ele sorriu.

- Eu vou ser melhor na próxima vez. Por você. - Ele sussurrou na ponta da minha orelha, beijando o meu pescoço suavemente. - Eu prometo não me machucar de novo.

- Eu sei. - Empurrei a mão dele pra longe do meu rosto, fazendo o James me observar atentamente, o seu rosto ainda perto demais do meu. - Ou eu vou te dar outro machucado pra combinar com o que você recebeu.

- E eu gostaria disso. - Ele sorriu e eu mantive o olhar firme. - Eu amo quando você me machuca.

- Você deveria manter o seu coração em segurança, amor. - Aconselhei com um tom de provocação.

- Por quê? Ele tá tão confortável nas suas mãos. - O James inclinou a cabeça levemente para o lado.

continua...

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⏰ Last updated: Feb 06 ⏰

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O Inocente Aluno NovoWhere stories live. Discover now