17_ Glória!

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Heaven Quinn

Ouvi alguém gritando o meu nome no corredor atrás de mim, mas eu ignorei porque a pessoa tava gritando ele muito feio.

A mão agarrou o meu braço e eu me desvencilhei rapidamente.

- Eu só não conto nada para o diretor porque eu não quero prejudicar o James. - A Aubrey cuspiu com ódio. - Ele não passa de outra vítima dos seus pecados.

- Devo te lembrar, Aubrey, que eu não ficaria no colo dele se ele não tivesse deixado. - Semicerrei os olhos pra ela. - Não é como se eu fosse você. - Sorri.

- Eu não faço a mínima ideia do que você tá falando. - Ela soltou, apesar do seu corpo todo ter ficado tenso na hora.

- Não mesmo? - Abri um sorriso ainda maior. - Quem diria que Deus te abençoou com uma memória de peixe.

- Eu não ligo para o que você fala, Heaven. - Se aproximou e eu não recuei, deixando que o seu rosto se aproxima do meu. - Mas eu vou te avisar que não vou esconder os seus pecados do diretor uma próxima vez. Então se afasta dele.

- Eu não sei o que te dá a impressão que você pode me mandar fazer alguma coisa, Aubrey. - Me aproximei dela, mas dessa vez, ela recuou.

- Eu posso fazer você se arrepender de tudo. - Ameaçou e eu ergui uma sobrancelha.

- Se você tentar fuder com a minha vida, eu vou fuder ele. - Soltei com o olhar desafiador. - Porque diferente de você, quando eu quero alguém, eu consigo.

Enquanto eu me virava para ir embora, a voz da Aubrey soou mais uma vez.

- Você acha que é melhor que eu, não é? - Soltou com ódio.

- Eu sou melhor que você. - Respondi, não me incomodando em parar de andar.

Virando o corredor, encontrei o Nolan conversando com alguns amigos. Passei do lado dele sorrindo e discretamente coloquei a carta no bolso de trás da calça dele.

Olhando para trás, encontrei a Aubrey lá, nos observando.

[...]

Toda sexta feira, nós tínhamos missa, onde o padre reclamava da nova geração, dizia umas palavras mágicas estranhas e depois mandava a gente se ajoelhar.

A parte de ajoelhar era algo que eu sabia muito bem.

Ficando de joelhos na pequena almofada que eles colocavam para nós, olhei para o James, que estava a algumas cadeiras de mim.

Ele tinha os seus olhos fechados, se preparando para a oração.

- E o que aconteceu depois? - A Niani sussurrou no meu ouvido, a sua voz ansiosa e curiosa fazendo cócegas no meu pescoço. - Não se conta fofoca pela metade.

- Eu soquei ele. - Murmurei, o meu olhar ainda no James.

- Meu Jesus Cristinho. - Ela falou alto.

- Aleluia! - O padre respondeu.

- E depois? - Ela quase enfiou a boca no meu ouvido.

- Ele virou um bicho, parecia até capivara querendo vir pra cima de mim.

- Pai nosso! - Ela falou alto mais uma vez, em puro choque e indignação.

- Glória! - O padre voltou a responder.

- E depois? - Os seus olhos, cor de mel, arregalados da emoção, me encararam.

- O Nolan e o James me defenderam. - Mordi a parte de dentro da minha bochecha.

- O assassino de sapinhos e o mijador de camas? - Ela me encarou como se aquilo fosse a maior surpresa da vida dela.

- E aí o diretor apareceu, me levou para o escritório e simplesmente ficou com a cara de bunda dele de sempre. - Terminei, brincando com a minha saia. - Foi divertido.

- Eu prometo não sumir essa semana pra conseguir acompanhar tudo. - Ela sorriu pra mim.

Ela sempre prometia a mesma coisa, mas nunca cumpria.

E não é como se eu pudesse culpar ela por não conseguir aguentar a dor que uma mãe pode causar em você.

Eu já passei pela mesma coisa e já fiz as mesmas promessas vazias.

Sorri fraco para a Niani e apenas o olhar dela me provou que ela sabia o que eu achava da promessa dela.

A Niani não receberia uma carta essa semana, me lembrei.

- Podem levantar. - O padre anunciou. - Muito obrigado, menina Frost, pela sua oração motivadora. - Encarou a Niani com um sorriso quando passamos pela porta.

Ela devolveu o sorriso brilhante e orgulhoso, o que me fez prender uma risada.

Assim que saímos do anfiteatro da escola, percebi que algumas pessoas murmuravam enquanto me encaravam e outras até mesmo arregalavam os olhos.

- O que tá acontecendo? - A Niani indagou do meu lado.

O Nolan passou os braços pelos nossos ombros e começou a nos empurrar para longe dali, seguindo o corredor que levava para o refeitório.

- O que aconteceu? - Perguntei.

Pelo jeito que os braços do Nolan pareciam tensos em volta dos meus ombros, era óbvio que ele sabia de alguma coisa.

- Alguém espalhou algo. - Ele engoliu seco. - Seu.

- Ah, por favor, Nolan. - Revirei os olhos, nada surpresa. - Eu já lidei com nudes vazados. Eu não me importo de abençoar as pobres almas com a minha beleza.

- Não foi um nude. - Ele corrigiu baixinho. - É uma... informação.

- É verdadeira, pelo menos? - Cruzei os braços, tentando entender a situação.

- Eu não sei... - Ele sussurrou e a sua voz denunciava o quanto essa informação parecia estranha e delicada.

- Como assim você não sabe? - Questionei intrigada. - Você é o meu melhor amig-

- Eu nunca vi. - Ele se apressou a explicar, apesar da voz ainda baixa.

- O que você está falando sobre? - Sai do seu braço e me virei para encarar o mesmo, que ainda tinha o braço em volta de uma Niani confusa.

O Nolan, me observou com olhos delicados, e suspirou, movendo o olhar para o refeitório atrás de mim, também cheio de pessoas que me encaravam pelo canto do olho.

- Alguém espalhou algo sobre cicatrizes. - Ele finalmente revelou. - Cicatrizes suas nas coxas.

continua...

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qnd tiver 6.666 comentários eu posto o próximo cap;)

O Inocente Aluno NovoWhere stories live. Discover now