Bon Voyage • BTS

Bon Voyage, KIM NAMJOON • 5

Passaporte das Palavras

por _meninadojardim

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Capítulo 5

Quarto Dia

Estava ventando muito forte, as pontas do meu cachecol escuro estavam voando descontroladamente atrás das minhas costas enquanto eu caminhava encolhido com as mãos nos bolsos do meu sobretudo preto em direção a uma grande árvore.

O tempo havia mudado de repente e eu comecei a achar que era para combinar com o meu humor tristonho e melancólico. Eu não conseguia esconder de mim mesmo o quanto eu estava sentindo falta da garota dos olhos azuis.

Olhei em volta e suspirei.

Eu só saberia se estava no lugar certo quando ela aparecesse para me comprovar. Pelo menos, o taxista tinha sido legal comigo, encontrando facilmente o endereço misterioso que Cathy havia me deixado quando eu menos esperava.

Depois do incidente com a bandeja, ela se afastou o mais rápido possível de mim e pediu para que a Sally limpasse a bagunça espalhada pelo corredor. Tentei conversar com a amiga loira, recebendo como resposta um olhar mortal que me fez recuar.

Passei a noite toda em claro, olhando para a tela do notebook.

Todo o sangue jorrando da jugular de alguém era substituído por beijos molhados e provocantes no pescoço da personagem. Ela arfava ao invés de gritar de pavor, mas no fim, fiquei aliviado por ter conseguido ao menos escrever alguma coisa.

Eu havia voltado a usar as palavras ao meu favor, usufruindo da calma e da ordem mental que elas me proporcionavam. Daquela vez, eu não reprimi os pensamentos românticos que pincelaram a minha imaginação, apenas deixei que eles me dominassem, me guiassem e reacendessem a minha antiga paixão.

Escrever estava voltando a ser tão natural quanto respirar.

Acordei com um sorriso bobo se alargando em meus lábios quando, naquela manhã, percebi um bilhete colado atrás da porta: "Eu adoraria que você me conhecesse de verdade".

Embaixo do nome dela, estavam o horário e o endereço do lugar onde nos encontraríamos.

Um cemitério*, Cathy? Sério?

Você e suas surpresas...

Ainda estava relativamente cedo, mas o horário sagrado do chá já havia passado e eu sabia que ela estava prestes a chegar. Aproveitei o momento de solidão para olhar em volta e "admirar" o ambiente. Era tão amplo, vasto e plano que mal dava para enxergar o seu começo ou o seu fim.

Esfreguei as mãos uma na outra e as levei até a boca para tentar aquecê-las com um sopro quente. Olhei de um lado para o outro e me assustei levemente quando senti uma presença atrás de mim.

Eu sabia que era ela.

Suas mãos pequenas cobriram os meus olhos e eu não consegui evitar um sorriso.

– Não quero que veja o caminho por onde vamos. – Cathy falou bem próxima de mim, sua voz mansa me causando um calorzinho gostoso no peito.

– Não confia em mim? – Eu sabia que era algo bem mais profundo do que ela estava fazendo parecer.

– Não é sobre confiança – ela amarrou um tecido sobre os meus olhos, como se fosse uma venda, e começou a me guiar devagarzinho para a frente –, é sobre você apenas sentir e ouvir o ambiente a sua volta.