Bon Voyage, KIM SEOKJIN • 1

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12h in Translation

por inmoon36

Capítulo 1


Quando me disseram três dias atrás que eu teria que colocar o meu japonês enferrujado em prática, a primeira coisa em que pensei foi que o universo não passava de um senhor velho e entediado que tinha como hobby arquitetar minuciosamente a melhor maneira de me ver sofrendo. Tenho certeza de que ele adorava rir da minha cara.

E agora, dentro desse avião, ignorando por completo as instruções de vôo da comissária de bordo (que possuía o japonês mais estridente e irritante que já ouvira em toda a minha existência patética), eu tinha mais do que certeza disso. Minha vida tinha se tornado domínio público para divertimento do destino há tempos.

O avião decola e eu apoio minha testa no vidro da janela, observando enquanto lentamente nos distanciávamos do solo.

Sete bilhões de pessoas no mundo, seis continentes, cinco oceanos, quase duzentos países. E fui me perder logo no Japão.

Ao contrário do que a maioria dos leigos possam pensar, quando se cresce em uma família extremamente severa quanto aos costumes coreanos, você não aprende a amar o Japão e a odiar a Coréia do Norte. Na verdade, uma das melhores notícias que tivemos nos últimos anos foi o futuro acordo de paz e fim da Guerra das Coréias*. Os jornais não paravam de falar disso naquela manhã.

Aquela maldita manhã.

- Preciso de representantes da empresa na convenção em Tóquio semana que vem. - A sala de reunião ficou completamente em silêncio e comecei a rezar para que aquele fosse só um comentário bobo e não uma ordem. - Dong Yugan, leve seus melhores funcionários com você e avise ao financeiro depois sobre isso.

Dong Yugan era um homem de meia-idade, porém de cabelos absurdamente brancos que, apesar de ostentar o cargo de Supervisor no departamento internacional da Bogun&Ko - Coffee Kong (uma das maiores distribuidoras de grãos de café da Ásia*), era completamente incapaz de sequer ajeitar a gola de sua camisa sem minha ajuda. Que, no caso, nada mais era do que seu secretário particular.

Definitivamente, eu não tinha ideia de como é que passei do "aluno prodígio" na faculdade de economia, para um faz-tudo em um cargo tão baixo. Mas acreditem, poderia ser pior. Pelo menos eu estava empregado, não é?

De todo modo, eu não sei dizer o que me desesperava mais em toda essa história de viagem ao Japão: saber que teria que ficar em solo japonês, falando japonês e socializando com (isso mesmo) japoneses, ou a quantidade imensa de homens (babacas) que "seus melhores funcionários" significavam para o meu chefe, Yugan.

Praticamente todos os hyungs da equipe de gestão e marketing estava naquela viagem, o que me tornava automaticamente o maknae do grupo que teria de aturar por um final de semana inteiro velhos rabugentos traindo suas esposas.

Cheguei a quase chorar de alegria ao descobrir no hotel que, ao menos, não teria que dividir quarto com ninguém. Não bastava ter de aturar aqueles hyungs mais do que a mim mesmo... Abrir mão da minha privacidade já seria pedir demais.

Mas voltando a falar de quartos de hotel, aquele era pequeno e bem simples. A cama de lençóis brancos ficava bem ao lado de uma pequena escrivaninha, que era iluminada por um abajur de luz em um tom frio. Pelo que vi, o closet de parede estava bem ao lado da porta do banheiro que, além de apertado, era de diferentes tons de branco e azul, combinando com o papel de parede do restante do quarto. Não podia esperar mais de uma viagem empresarial com tantas pessoas, mas... Pelo menos, era tudo bem limpo e compactado.

Bon Voyage • BTSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora