Bon Voyage, KIM SEOKJIN • Extra

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12h in Translation

por inmoon36

Capítulo Extra

Minha manhã de domingo não podia ser mais melancólica e esquisita. Tentei com todas as forças do universo focar apenas e unicamente no último dia da convenção sobre grãos de café e não pensar em tudo que tinha acontecido nessa minha curta passagem pelo Japão, ao qual eu já não sabia dizer se ainda era o meu lugar menos preferido do mundo.

Apesar do sentimento ruim de abandono e (obviamente) de coração partido, tinha também dentro de mim uma sensação estranha de alívio.

Como se, agora, as coisas finalmente estivessem claras e definidas. Um campo de guerra silencioso com uma bandeira branca no meio, indicando paz mesmo que doa a quem doer pelos mortos e feridos.

Minha cabeça, graças aos céus, extremamente bem treinada, conseguia focar no trabalho o suficiente para que meu chefe não notasse o turbilhão de pensamentos que se passavam por ela, e quando saímos do almoço executivo com alguns companheiros de empresas aliadas a nossa, decidi que havia ainda uma ponta mal resolvida daquele emaranhado de nós que criei com Sakura na sexta-feira.

- Vejo que mudou de idéia. - Park Jimin sorri todo convencido quando entro em seu estúdio de tatuagem por volta das duas da tarde, sendo que meu vôo estava agendado para as cinco em ponto.- Achei que não fosse voltar. Cadê sua namorada?

- Quanto tempo você leva pra fazer aquela tatuagem que ela escolheu? - Pergunto cortando completamente o assunto ainda doloroso em minha mente.

- Dependendo do tamanho... Uns... Trinta, quarenta minutos. - Ele ajeita seus cabelos, tirando a pasta de desenhos debaixo do balcão e começando a procurar a flor de cerejeira.- Talvez mais... Está com pressa?

- Um pouco... - Tento não pensar muito na loucura que estava prestes a fazer, tinha medo de surtar e acabar me sentindo um idiota medroso depois.- Acha que consegue fazer ser indolor?

Ele dá uma risada irônica e me manda sentar, dizendo que levaria alguns minutos para fazer o desenho e, depois de medir o meu pulso, passou alguns minutos em silêncio na mesa de desenhos que havia atrás da recepção.

Pensei por alguns segundos se o que estava fazendo era um ato de coragem ou apenas idiotice, mas não fui capaz de chegar a uma resposta antes de sentir a primeira agulhada absurdamente dolorosa em meu pulso.

Quer dizer, talvez não fosse tão dolorosa assim, já que aos poucos eu fui me acostumando com a dor, e assim que me senti confortável o suficiente para falar algo sem engasgar, decidi que era hora de tirar algumas dúvidas.

- Porque veio para o Japão? - Questiono observando o rapaz limpar meu pulso com uma mão, seu rosto coberto pela máscara cirúrgica da mesma cor branca de suas luvas plásticas.

- O meu pai é japonês e... Quando vi que era loucura ser tatuador na Coréia convenci minha mãe de deixar eu vir morar com ele. É claro que ele ficou puto de raiva quando descobriu que eu tinha mentido sobre minhas intenções e que só estava aqui pra aprender a tatuar legalmente e me expulsou de casa. - Ele ri de forma irônica, como se não fosse nada demais.- Mas depois de uns anos aprendeu a lidar. Na verdade, ele tem hora marcada comigo hoje. Estou fazendo um tigre branco enorme de olhos azuis nas costas dele.

- É sério? - Pergunto incrédulo, e arqueando as sobrancelhas quando ele assente com a cabeça rindo.- Wa, isso que eu chamo de reviravolta. Jamais imaginaria...

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