Bon Voyage, KIM SEOKJIN • 2

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12h in Translation

por inmoon36

Capítulo 2
20:33

Quando eu era um garotinho, lembro de perguntar ao meu pai como foi que ele soube que a minha mãe era a mulher certa para ele, no entanto, tudo que obtive como resposta foi um "você vai saber quando for sua vez".

Não satisfeito, fiz a minha avó a mesma pergunta e, com um sorriso delicado olhando para a foto do meu avô, ela disse: "você sabe que é a pessoa certa quando consegue se imaginar tendo toda uma vida ao lado dessa pessoa".

Se ouvisse aquilo novamente, alguns anos depois, eu definitivamente teria achado poético e completamente ridículo. Afinal, passei a adolescência inteira me imaginando ao lado da Rachel Mcadams e ela não surgiu magicamente ao meu lado.

Mas diante agora daquela garota ajustando o piercing do nariz e colocando o cabelo atrás da orelha, eu praticamente podia me ver em uma casa de praia ao lado dela com três filhos correndo pelo jardim e brincando com um labrador amarelo de orelhas gigantes. E eu nem gosto de cachorros.

Eu tinha 100% de certeza que aquela era a mulher minha vida.

Quer dizer, talvez 99,9%, pois a mulher da minha vida não fumaria o maço de Luck Strike* que ela tinha na cestinha de compras azul da loja de conveniência.

Ao me aproximar da prateleira de Cup Noodles* (que ela admirava como se fosse uma obra de arte) decido que o mínimo que eu poderia fazer era puxar assunto.

Qualquer coisa banal que pudesse resultar posteriormente em um casamento já servia, mas perco a voz no instante em que minha boca se abre, pois me lembro de um pequeno detalhe: meu japonês é uma merda.

Se estivéssemos na época dos meus pais, aquele teria sido o fim para os meus planos de um matrimônio extravagante e uma família perfeita ao nível de comercial de TV. Mas eu não abriria mão do amor da minha vida assim tão fácil, não mesmo.

Peguei com pressa o telefone em meu bolso e já abri o aplicativo de tradução automática, agradecendo a mim mesmo por ter tido a ideia de instalar o mesmo ainda no avião, quando não fui capaz de entender com clareza as instruções da comissária de bordo.

Selecionei a língua nativa como coreano e a estrangeira por japonês, tratando de digitar com pressa a frase que queria dizer com perfeição para a moça. Sorri quando vi que o que tinha elaborado previamente em minha cabeça não era muito diferente da original, indicando que eu não estava tão mal assim na língua quanto pensava. Na verdade, já estava confiante o bastante para falar com ela quando...

"Anata wa watashi ni chikinfurēbāinsutantorāmen o watasu koto ga dekimasu ka?"
(Você pode me passar o macarrão instantâneo sabor galinha?)

- Nani? (O quê?) - Ela pergunta surpresa quando se assusta com o meu tradutor falando desenfreado no alto-falante. Tento desesperadamente fechar o aplicativo e vejo que isso lhe rende uma risada tímida.- Watashi wa rikai shite inai, anata wa watashi ga itta koto o kurikaesu koto ga dekimasu ka? (Eu não entendi bem, você pode me repetir o que disse?)

Droga.

O que ela tinha dito? Eram tantas palavras! Por que ela ainda estava rindo de mim? Qual era a graça!? E por qual motivo eu não conseguia dizer nada?

Bon Voyage • BTSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora