Bon Voyage, PARK JIMIN • Prólogo

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Me gustas tu

por mclarah

Prólogo

Arriba, abajo, al centro y adentro (acima, embaixo, ao centro e para dentro)! – a rodinha de pessoas em que estava integrado fez a ritual sagrado. – Tequila!

Viramos em sincronia o líquido amarelado e, mesmo depois de três meses, eu nunca me acostumava  com o calor descendo pela minha garganta. Fiz uma careta e a vi sorrir para mim como não tinha visto durante a última semana, talvez fosse o efeito da bebida mágica de agave*.  Ela puxou minha mão empolgada, fazendo formigar o local, mas não demorou para que ela descolasse nossas mãos e colasse nosso corpo no meio do amontoado de pessoas, talvez fosse efeito do ritmo quente do reggaeton* que estourava nas caixas de som do quiosque.

– Park Jimmy! – ela se aproximou do meu ouvido, apoiando as mãos no meu ombro, pois depois que ela "aprendeu" a ordem do meu nome, aquele pareceu ter se tornado seu som favorito, mesmo que a pronúncia ainda não estivesse 100%.  E eu também gostava bastante do jeito que a voz dela soava no meu ouvido.

Ela voltou a gargalhar de nada e apoiou as mãos no meu peitoral sobre o tecido fino da camisa florida entreaberta que deixava à vista –  propositalmente, é claro – , algumas de minhas tatuagens, aquelas próximas à clavícula, e, logo depois me empurrou para trás como se quisesse criar uma distância entre nós para que eu a assistisse dançando e eu gostava muito do que via, nem parecia a garota solitária dos livros sentada na esteira na praia, escondida atrás dos óculos escuros grandes.

(...)

–  Jimmy, tequila, tequila! –  sua voz despontou da música e lá estava ela me puxando pela mão, cruzando as pessoas até o bar para o segundo de muitos outros shots.

Arriba, abajo, al centro y adentro.

Arriba, abajo, al centro y adentro.

Arriba, abajo, al centro y adentro.

(...)

Minha cabeça descansava em algo relativamente confortável, mas havia um peso sobre o meu ombro que era um pouco incômodo, somado a um raio de sol que esquentava meu rosto, além de um balanço chatinho que me fazia acreditar que ainda deveria estar bêbado, maravilha. Abri os olhos e primeiro vi ela, o tal "peso no meu ombro", deitada sobre o meu tórax agora completamente exposto, pois, aparentemente, eu achei que a minha camisa de botão florida poderia ficar desabotoada. O sol, que me forçou abrir os olhos, entrava pela janela e minha cabeça descansava na poltrona do ônibus, o causador do sacolejo chato que me fazia lembrar de cada dose de tequila.

Buenos días... Estamos quase lá...– completei em inglês e acariciei com cuidado seus cabelos castanhos em uma tentativa de acordá-la de uma forma que não fosse parecer muito invasiva e, ao mesmo, que não fosse tão fria, pois, devido aos acontecimentos da noite passada, imaginei que poderia ao menos tocar no seu cabelo como já tínhamos certa... Como posso dizer... Intimidade alcoólica? Seus olhos foram se abrindo devagar, contudo, quando cruzaram os meus ela os arregalou e, quase como um reflexo, se afastou o máximo que pôde  já que nossas poltronas eram uma ao lado da outra. Com isso, entendi que não tínhamos tal intimidade.

Puta que pariu... O que? – a garota balbuciava coisa que deduzi que fossem em português, devido à semelhança com o espanhol, enquanto seu olhar se deslocava por cada canto do ônibus. Quando quase saltou no assento do ônibus e só respirou aliviada quando tirou o seu passaporte do bolso de trás do short jeans. – O que... Park Jimmy, não é? Onde estamos indo? – ela perguntou um pouco receosa, eu diria. Pelo menos ela lembrava o meu nome.

Bon Voyage • BTSOnde as histórias ganham vida. Descobre agora