Bon Voyage • BTS

Bon Voyage, KIM NAMJOON • 9

Passaporte das Palavras

por _meninadojardim

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Capítulo 9 

Cheguei na Coreia do Sul com o mesmo sentimento estranho de "tristeza" de quando parti para a Inglaterra. Quando deixei o meu país para buscar inspiração em outro lugar, eu não fazia ideia de que, mesmo tão distante, encontraria uma pessoa que me passaria a sensação de lar.

Cathy havia me feito derramar uma lágrima teimosa e pesada durante o voo enquanto eu lia a sua despedida profunda que mais parecia ter sido tirada de um romance do século XIX. E falando em romance do século XIX, eu havia devorado cada página daquele livro e, no fim, tive a certeza de que eu não estava amando sozinho. Todas as citações usadas entre nós dois, todos os olhares, e, todos os momentos roubados foram para nos alertar sobre a tragédia que seria o nosso romance.

Cathy havia me entregado o final para o meu livro, mesmo sem saber.

Era triste pensar daquela forma, mas era a realidade.

Uma realidade idiota que me fazia odiar o fato de sermos adultos cheios de responsabilidades e bom-senso. Dane-se essa história de que o amor pode resolver tudo, porque ele não tinha feito a minha garota dos olhos azuis sobrevoar o oceano comigo.

Enfim, nós seríamos só mais um casal que não havia dado certo.

Os meninos me encontraram no aeroporto e eu fui bombardeado de perguntas sobre a garota que eu deveria estar escondendo dentro da mala. Porém, assim que eles notaram a minha expressão de "poucos amigos", o silêncio reinou sobre nós.

Yoongi ainda tentou fazer algumas piadas ácidas sobre a nossa aposta ter sido bem sucedida e que o seu dinheiro havia sido bem gasto, mas, no fundo, era só o jeito dele de me mandar, sutilmente, guardar os momentos bons e "seguir em frente".

Taehyung ficava me abraçando em momentos espontâneos e inesperados, tentando me arrancar alguma reação.

Jimin ficava me encarando quando achava que eu não estava olhando, provavelmente, tentando adivinhar o que tiraria aquela carranca do meu rosto.

Hoseok ficava tagarelando sobre qualquer coisa que via pela frente, só para não deixar o silêncio nos entristecer ainda mais.

Jin só mantinha a mão sobre o meu ombro, chacoalhando de vez em quando, porque ele sabia que o melhor remédio para o meu mal seria "apoio e compreensão".

E Jungkook, bem, o Jungkook só caminhava ao nosso lado com o rosto escondido sob o capuz da blusa de moletom cinza, de vez em quando, rindo de algo que o Hoseok fazia.

As semanas passaram voando.

Eu, basicamente, só dormia, comia e trabalhava. Nada de sair com os meninos para algum barzinho, e, nada de aceitar os convites das garotas com quem eu costumava me satisfazer.

Nenhuma delas tinha os olhos azuis que eu desejava ver.

Nenhuma delas era a Cathy.

Ah, Catherine, o que será que você está fazendo agora? Espero que você esteja tão atormentada pela minha lembrança quanto eu estou pela sua.

Eu tentava me manter focado em qualquer outra coisa que não fosse sofrer pela minha estrangeira que amava dançar descalça. Mas, parecia uma maldição, porque em todos os cantos ela se fazia presente. Ou possuíam o sorriso dela, ou o modo como os seus cabelos se agitavam com o vento, ou como ela ficava corada depois do sexo.