Capítulo 01 - Eis-me aqui, Pai ❤

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A l g u n s     m e s e s  a n t e s    d o    m a s s a c r e.

Em sete anos a vida de todos muda. As pessoas evoluem em vários quesitos. Personalidade, corpo, mente, crença, sentimentos. Tudo muda. E não é diferente com absolutamente ninguém, talvez um dia, todos pensem: "eu serei o mesmo daqui por diante" ou "Eu serei assim para sempre", mas não é assim. Pau que nasce torto não morre torto. Não mesmo.

Muitas situações transformam as pessoas, os "bons moços" viram maus e os vilões podem vir a ser os bons. Aquela menina linda e magra, pode engordar e se sentir um lixo humano e aquele rapaz maromba do último ano pode se descuidar e ganhar vários quilos e fingir que ainda se acha impecável.

Sete anos depois de uma grande tragédia em minha vida, eu, Alana Sanchez também mudei, e muito. Além da minha personalidade, eu mudei de vida e país. Fui a Portugal, em busca de viver algo inovador com minha avó, Ivy e achei o que procurava. Também realizei sonhos que não sabia que tinha guardado em meu peito, espremidos com a opressão de um irmão controlador.

Pisei meus pés em solo distante e desconhecido e vi o sofrimento real, de perto.

Frio demais ou calor demais. Nada é na média quando você viaja em missões. É tudo muito intenso. Principalmente o amor. Isso é o mais intenso. Resgatar pessoas da morte, espiritual e carnal, é algo que você precisa estar pronto e ter maturidade para enfrentar. Não é fácil. Nunca será. Mas meu amor por Cristo cresceu de tal maneira que, sempre que eu pisava em terra nova, meu peito ardia, chamas de amor se acendiam em mim.

Talvez a imaginação leve a quem me olha pensar que eu fiquei bem, mas eu apanhei mais, muito mais e levo comigo essas marcas incríveis do que é servir a Jesus realmente. O que Pablo me fez nunca chegou perto de uma dor real. Não mesmo. Encontrei com muitos missionários que, morreram cruelmente nas mãos de radicalistas e invasores.

Vi crianças com seus olhos cheios de paixão por Jesus dizer: "eu não vou negar a Cristo, nunca" e aí serem mortas a sangue frio. Eu vi tudo isso acontecer e tudo o que passei com Pablo foi ficando para trás, foi levado pelo vento assim como uma flor dente-de-leão que, quando tem um sopro, por mais suave que seja, voa.

Eu não tenho mais tempo para bancos e ficar observando a vida passar. Eu tenho a necessidade em mim de permanecer de pé, ao lado de Cristo, fazendo o nome Dele ser louvado. Eu sempre soube que um dia, poderia fazer isso, por mais que demorasse dez, vinte ou trinta anos para conseguir isso, mas dentro de mim, eu sabia que ia conseguir.

Me pergunto sempre como meu irmão deve estar. Mas nunca o procuro, pois ouvia Deus dizendo ao pé do seu ouvido: Não é chegado o tempo. Me sinto culpada por ter sido tão egoísta a respeito dos seus sentimentos, mas há sete anos eu pensava apenas em me ver livre dele, assim como uma criança espera ansiosa o sinal da escola bater.

Eu estou, agora, deitada, no chão de uma tenda com minha cabeça apoiada em cima da pequena mochila que eu mesma levava para todo canto, meu corpo estava coberto apenas com um casaco que, graças a Deus, minha avó colocou na mochila, mesmo que eu não pudesse mais usá-lo, servia bem para aquecer minhas pernas e depois meus braços.

Enquanto não caia no sono, senti meu corpo se remexer, quase que sozinho, de um lado para o outro. Quando abri meus olhos, não estava mais no mesmo lugar, então eu soube: Deus queria falar através de um sonho.

Eu estava em uma ilha, perdida. Ao longe, um avião caído aos pedaços ali. Por mais que eu tentasse os movimentos não saiam. Eu era como uma espectadora nesse sonho. É como se eu não pudesse fazer nada além de observar, apesar de, nada estar acontecendo. Eu apenas sentia a pele congelar minha pele enquanto a noite caia sorrateiramente.

O preço de amar a CristoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora