VI

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VI

Aline

Naquela noite, Liz chorava descontroladamente, cheguei a dar-lhe um remédio para dor que seu pediatra havia me indicado caso ela sentisse resquícios, mas nem ele a fazia parar, decidi então chama-lo para que este viesse até minha residência atende-la.

Nestas horas eu queria que ela fosse maior, que soubesse falar e me explicasse o que estava sentindo, mas ser mãe de uma criança de quatro meses era só não ter a bola de cristal, mas ser uma extrema vidente.

- Vai passar filha, vai passar. - eu dizia balançando-a de um lado para o outro.

Logo o pediatra chegou e a examinou da cabeça aos pés em minha cama, assim que terminou Liz já dormia calmamente, sequer parecia que tinha feito um escândalo.

- Posso te fazer uma pergunta íntima? - o doutor pergunta.

- Claro. - respondi.

- Você é casada?

- Não.

- Manteve contato com algum homem recentemente, apresentando-o para Liz?

Pensei, pensei e pensei, era óbvio que não.

- Não doutor, mas porque tantas perguntas? - perguntei preocupada.

- Liz não está doente Aline, na verdade, ela não tem nada além de uma pequena carência pelo o que posso ver. Pode parecer que não, mas nesta fase, os bebês sentem mais do que nós mesmos. Liz deve estar sentindo falta de uma figura paterna, pois bastou eu chegar perto e a examinar para que ela dormisse calmamente.

Quase não fui capaz de acreditar no que ele havia dito.

Um bebê de quatro meses sentir falta de uma figura paterna era tão possível assim? Sequer eu de vinte e tantos anos sentia.

Lembrei-me então do homem que Liz ficou na casa de Catarina que possivelmente era seu irmão, da forma que ela o olhava atenta e sorria para ele, senti o coração apertar ao pensar que em minutos, aquele homem pôde ter despertado a carência em minha filha.

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