XIII

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XIII
Enrico

Pela primeira vez senti que Liz teve medo de mim e com isso precisei sair imediatamente daquela sala.
Eu era um monstro.
Imperfeito.
Um homem incapaz de fazer bem à alguém, até mesmo as pessoas que eu amo e quero por perto, pois era isso, eu sentia que já amava a pequena Liz.

Em meu quarto, eu quebrava algumas coisas por sentir a revolta de estar daquela forma.
Eu precisava me acalmar.
Eu não conseguia.
Desta vez ninguém da minha família entrou no quarto para me parar, talvez estivessem se acostumando com a ideia de eu destruir tudo e chorar em seguida.

Aline

Da sala eu conseguia escutar as coisas se quebrando, era ele. Liz estava entretida em seu chacoalho e Catarina estava desconfortável com a situação.
- É sempre assim? - ouso perguntar.
- Infelizmente sim. - disse fitando o chão com os olhos cheios de lágrimas.
- Você vai lá? - pergunto.
- Não. - fungou e secou uma lágrima. - Ele não era assim Aline, eu juro. Antes daquele incêndio o meu irmão era totalmente diferente do que é hoje. Ele era lindo, forte, sadio, amava a empresa mais do que a si mesmo, era presente em nossas vidas, ele sorria da mesma forma que sorri quando segura tua filha em seus braços.
Paro de passar o esmalte e fico a encarando.
- E agora, tudo é vazio. Quando ele sente que alguém está com medo ou pena dele, ele se revolta e fica desta forma.
- Vocês não fazem acompanhamento em psicólogo?
- E adianta? O último que o levamos ele mandou ir para a puta que pariu. Meu irmão deixou-se vencer pela depressão e com o passar dos dias está cada vez mais difícil dele se livrar.
- Eu vou lá falar com ele. - digo decidida a ir até seu quarto.

ENRICOWhere stories live. Discover now