XVIII

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ALINE

Na manhã seguinte, resolvi dar uma volta com Liz, não tinha clientes para atender, então, eu poderia me dar esse luxo.

Caminhei com ela em meu colo até a beira de um riacho muito bonito e famoso, o dia estava lindo, não tinha muitas pessoas, somente algumas crianças.

Estendi uma toalha de piquenique no chão, coloquei alguns de seus brinquedos nela e fiquei namorando-a um pouquinho.

- Você está ficando cada dia mais linda, minha pequena Liz. - digo beijando sua cabecinha e a mesma sorri.

Não demorou que eu sentisse que estava sendo observada por alguém, olhei para trás segurando Liz um pouco mais forte e não tinha ninguém, voltei a brincar, novamente a mesma sensação.

Na terceira vez em que senti, eu encontrei o dono do olhar que me fitava e meu coração faltou saltar pela boca.

Yan estava ali e para minha infelicidade ele era o maldito pai de Liz.

Tentando em vão manter minha respiração controlada, respirei fundo incansáveis vezes, ele não se dando por vencido veio ao nosso encontro.

Eu estava prestes a levantar para ir embora, quando o ouvi dizer:

- Não vá embora, precisamos conversar.

Hilário.

- Nós não temos nada para conversar. - soei rudemente, hoje eu já não tinha mais medo de Yan.

Quando estávamos juntos ele me fazia temer, me fazia acreditar que eu nunca seria feliz sem ele, que eu nunca iria conseguir me reerguer mas hoje posso afirmar que ele estava extremamente enganado.

- Estou arrependido.

- O problema é todo seu.

- Eu descobri que te amo Aline e estou sofrendo sem você, quero muito que você volte pra mim, para a nossa casa, que possamos criar a nossa filha juntos.

Dei risada em sua cara.

- Você quis dizer minha filha, não é Yan? Porque você só prestou mesmo para fazê-la, porque criar eu estou fazendo isso sozinha.

- Eu estou disposto a tentar. Somos adultos, nos amamos.

- Você está completamente enganado Yan, eu não te amo, você é doente.

- Você dizia me amar.

- Eu amei. Amei e suportei todos os dias que você chegava drogado e me agredia, lembra? Lembra também o que você fez quando descobriu que eu estava esperando um filho teu? E quando soube que era uma menina e não um menino que você tanto almejava? Lembra-se de todas às vezes que você me ofendeu, fez com que eu acreditasse que eu nunca iria conseguir viver sem você. Lembra-se das vezes que eu o vi me traindo com sua própria prima, mas ainda sim fiquei com você porque eu te amava? Claro que você se lembra Yan, só um tolo para fingir que não.

- Eu não vim brigar. - ele faz rendição com a mão. - Eu só estou disposto a tentar, prometo que tudo será diferente, eu mudei.

- E você acha que eu acredito? Se for pra viver no inferno, eu prefiro ficar solteira e garantir vaga no céu.

Seus olhos estavam cheios de lágrimas, lágrimas estas que eu não acreditava, eram de crocodilos como minha mãe dizia quando eu fingia chorar por querer alguma coisa.

- Se não quer ficar comigo, tudo bem. Pelo menos, me deixe ter o direito de ver a minha filha, de passar um dia com ela.

E lá fui eu, dando risada mais uma vez.

- E você acha que é fácil assim? Você chega do nada e quer ter direito sobre uma criança que você renegou? Não Yan, só no teu mundo é fácil assim. Eu não confio em você e a minha filha você não irá colocar as mãos tão cedo.

- É o meu direito. Eu sou o pai. - ele gritou irritado.

- Se tem uma coisa nesse mundo que você não é Yan, é ser pai. Você não quis a criança, você me bateu até metade da minha gravidez querendo que eu a perdesse, você foi um monstro conosco, não se preocupou com nada, então, não venha agora me dizer que é o pai e que quer os teus direitos porque você não terá.

- Vou leva-la para justiça, você vai ver se eu tenho direito ou não.

- Ótimo. Pode me levar, a propósito eu irei adorar contar para o juiz o que você fazia comigo quando estávamos entre quatro paredes e não é de sexo que estou falando. Eu quero ver Yan, quem será o doido que irá deixar com que você tenha direito sobre a minha filha.

Ele fechou a mão, como se estivesse preparando um soco.

Liz nos olhava como se estivesse entendendo tudo o que estávamos conversando.

- Você não teria coragem.

Seus olhos naquele momento tinham mudado levemente de cor e também sua feição estava macabra, comecei a sentir um leve medo.

- Quer pagar pra ver?

- Eu não admito isso. - ele diz vindo pra cima de mim.

Não tive muito tempo para pensar, o máximo que fiz foi jogar Liz no chão mesmo sabendo que poderia machuca-la, ela começou a chorar assim que viu o monstro do seu pai me dando uma bofetada no rosto, ao ar livre.

- Eu vou acabar com você! - ele diz pegando-me pelo pescoço.

Cadê as pessoas daquele riacho? Aonde estavam as poucas crianças que brincavam para que eu pudesse pedir socorro.

Ele começou a apertar o meu pescoço sem se preocupar se estaria sendo visto ou não, me debati em vão, temendo que ele pegasse Liz.

Estava começando a ficar sem ar, e sem ter para onde fugir, quando sua mão soltou o meu pescoço e pude ver Yan sendo jogado na grama.

Em seguida, alguém todo de preto rolou com ele, dando-lhes inúmeros socos.

Liz chorava.

Eu estava desesperada.

Meu pescoço doía e uma tosse compulsiva se instalou em mim.

Eu com certeza morreria se por ventura, o alguém de preto irreconhecível não tivesse aparecido.

Depois de tantos socos que Yan levou, o mesmo cheio de sangue ficou desacordado, foi aí que o homem todo de preto veio até a mim e eu pude ver que na verdade aquele homem era o Enrico.

ENRICOWhere stories live. Discover now