XLII

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Aline

Com o passar dos dias, eu ficava ainda mais feliz ao lado de Enrico e em especial, engordava um pouco mais.

Lembro-me com clareza que um homem era a coisa que eu menos queria antes de conhecer Enrico, pois Yan já tinha me feito estragos demais, mas, quem resistiria à um homem como o cara por quem me apaixonei? Que mesmo tão sombrio no início, ainda sim, tinha um coração do tamanho do oceano, onde mesmo demorando um tempo, abrigou-me junto com minha filha sem se preocupar com o meu status de mãe solteira que as pessoas às vezes rotulavam, sem preocupar-se sequer com a minha parte financeira que não era uma das melhores.

Ele me aceitou.

Demorou mas ainda sim, aceitou.

Assumiu Liz sem ter obrigação alguma, virou pai antes da hora e mesmo com todas as marcas da vida e daquele acidente, tornou-se o homem da minha vida e pai de todos os meus filhos.

Agora eu estava sentada na sala de espera do médico, onde finalmente Enrico iria acabar com o que o fazia mal.

Enrico já havia entrado, eu trocava mensagens com a sua irmã e nossos filhos se mexiam sem parar, eu já estava entrando no quinto mês de gestação.

— O que é o seu bebê? - uma senhora com uma revista em mãos perguntou.

— Um casal. - sorrio sem graça.

— Ai meu Deus, são gêmeos? - ela diz animada.

— São sim.

— Que legal! Eu sempre quis ter gêmeos, acho a coisa mais linda do mundo, mas tive o privilégio de ter uma única filha por quatro anos e depois Deus a recolheu. - disse com os olhos manejados de lágrimas.

— Nossa, eu sinto muito.

— Hoje ela teria trinta anos, acredita? - seca uma lágrima.

— Eu imagino como deve ser difícil perder um filho, moça.

— É doloroso, mas tudo bem. Anos mais tarde, eu e meu esposo decidimos adotar e depois de dois anos e cinco meses, conseguimos a guarda de Liz.

— Liz? - digo com a sobrancelha arqueada.

— Sim.

— Eu também tenho uma filha que se chama Liz. - sorrio.

— Que incrível! Liz se queimou em uma panela de pressão e agora está passando por um procedimento onde arrancará toda a cicatriz que ficou.

— O meu esposo também. Ele foi vítima de um incêndio, teve uma boa parte do corpo queimado e está lá dentro agora.

— Devemos ser amigas... Aceita tomar um café?

— Devemos e aceito! - sorrio.

Eu estava contente pois naquela sala de espera eu havia feito uma nova amizade, com o detalhe de: Eu sequer sei o nome dela.


O próximo capítulo é o epílogo! ♥


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