XVII

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Aline

Assim que o médico assinou a alta de Liz, Enrico virou pra mim e disse:
— Vou levá-las para casa.
— Obrigada. - agradeci.
*
*
O caminho todos fomos em silêncio, Liz dormiu até chegar em casa, ofereci meu braço pra pegá-la quando acordou e ela mirou para Enrico que com um sorriso a pegou.
- Espertinha. - brinca.
Fechei as portas do carro que ficaram abertas, peguei nossas coisas e entramos.
Assim que cheguei à sala, ele cantarolava uma música para ela que o encarava com os olhos brilhando, os observei por um tempo e pensei em  deveria ser ter Enrico em nossas vidas frequentemente, notei então que por dentro, eu estava tão apegada à ele quanto minha própria filha e isso era um risco.

Cerca de trinta minutos depois, Liz pegou no sono, o acompanhei até o quarto dela e ele a colocou no berço com cuidado, em seguida, beijou suas bochechas gordinhas e virou-se para mim, lá estava eu, de braços cruzados os observando mais uma vez.
— Então é isso, vou embora. - disse.
Descruzei os braços.
— Tudo bem, eu o levo até a porta. - respondi mas, não sai do lugar, Enrico resolveu me encarar.
Após alguns segundos em silêncio, ele resolveu abrir a boca:
— Eu a admiro muito, por ser mãe solteira e lutar todos os dias pelo bem estar seu e da tua filha.
— Eu devo agradecer por isso? Ser mãe solteira não é uma opção, acredite. - dou um sorriso irônico.
— Não sei se deve, mas fique com isso. Sinto orgulho de você.
— Obrigada por sentir. - respondo aproximando-me fazendo com que meu coração acelerasse.
Ele deu um sorriso fraco.
Eu o abracei.
Foi um abraço complicado porque ele não deve estar acostumado a receber, então, ficou tão sem graça quanto eu mas passou as mãos pelas minhas costas como se o aceitasse.
Em seguida, olhei para cima e fiquei de frente para a cicatriz do seu queixo, passei minhas mãos levemente por ela.
— Dói? - pergunto.
— Apenas na alma. - disse dando um passo para trás.
Respiro fundo e me aproximo novamente.
Coloco minhas duas mãos em seu rosto e na ponta dos pés, dou-lhe um selinho impensado, acreditando ter tamanha intimidade, aprofundo o beijo que apenas no começo foi bem aceito, um tempo depois ele me afastou bruscamente assustando-me.
— Não misture as coisas. - pediu e saiu do quarto.
Toquei os lábios e junto com a vergonha de ter o beijado, senti-me tola por ter tomado atitude.

ENRICOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora