Capítulo III

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Capítulo III

Pouco depois do almoço de domingo, sentei-me nos degraus de entrada da minha casa, a fim de pintar. Misturei as tintas e encarei a tela em branco, pensando no que fazer, mas a única imagem que surgia na minha mente era o beijo forjado.

- Não, você não vai pintar isso. – falei comigo mesma, irritada.

- Falando sozinha, Liz? – a voz de Benny me assustou.

Ele estava subindo os degraus. Sentou ao medo lado e ficou me encarando em silêncio, com um sorriso no rosto.

- O que foi? – perguntei, sem entender.

O sorriso dele se alargou.

- Ah, meu Deus. – suspirei e olhei para o céu. – O que você fez agora? De qual encrenca vou ter que te tirar, Benny Bu?

Ele levantou as duas mãos de maneira teatral.

- Sou inocente. – garantiu. – Dessa vez, pelo menos. – acrescentou.

- Certo. – semicerrei os olhos, desconfiada.

Benny passou o braço ao redor dos meus ombros. Era bem mais alto que eu, então precisei levantar o rosto para que pudéssemos nos encarar.

- Estava só pensando... – começou, como quem não quer nada. – Somos amigos há bastante tempo, né?

Concordei com a cabeça.

- E você me contaria se tivesse saindo com alguém, né?

Finalmente, entendi o que estava acontecendo. Jonathan.

- Se tivesse alguma coisa para contar, Benny Bu, pode ter certeza que você seria um dos primeiros a saber. – garanti. – Mas não tem.

Ele arqueou as sobrancelhas e me encarou, como se não acreditasse.

- Então o que eu vi ontem...

- Não era nada. – cortei. – Somos só amigos.

- Vamos ver se a Julie pensa o mesmo. – Benny apontou para a esquina, de onde minha melhor amiga vinha caminhando determinada.

Droga.

Bendyk sequer esperou ela se aproximar para gritar:

- A Liz está saindo com o Jonathan, não é?

Escondi o rosto nas mãos. Às vezes, odeio meus amigos.

- Elizabeth e Jonathan, o mais novo casal da escola! – Julie comentou, animada.

Benny beijou minha bochecha e me lançou um sorriso vitorioso.

- Falando em sair com alguém, tem uma garota muito linda que vem para a minha casa daqui a pouco... – ele se levantou, deixando o resto da frase no ar.

- Não se preocupe, vou fechar minhas cortinas. – concordei, rindo. – Só não entendo porque você não fecha as suas. Seria bem mais fácil.

- Não tem a mesma graça. – ele deu de ombros, enquanto se afastava.

Julie esperou Bendyk voltar para casa.

- Vamos entrar? – quebrou os silêncio. – Precisamos conversar.

Concordei com a cabeça, juntando meu material de pintura. Não seria hoje que eu começaria esse quadro.

Subimos para o meu quarto e Julie começou a me interrogar sobre o encontro. Como foi? Ele tinha sido legal comigo? O filme era bom? O figurino era careta? Não parou de falar até eu responder todas as perguntas.

Arte & GuerraWhere stories live. Discover now