Capítulo VI

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Duas semanas depois, e Julie parecia ainda mais decidida a não voltar com Ryan, já não chorava mais, nem dormia na minha casa. Estava voltando a fazer as coisas normalmente, como frequentar as aulas, ajudar no clube de artes e ir ao shopping. Ainda éramos melhores amigas, e, embora eu não entendesse qual era o sentido em terminar o namoro para evitar sofrer (e continuar sofrendo), desisti de discutir com ela sobre isso.

Na manhã de sábado, Julie invadiu meu quarto, abriu as cortinas e a luz do sol invadiu o cômodo. Cobri os olhos, irritada.

- Pronta para o nosso dia de melhores amigas juntas? – perguntou, e, por mais que ela estivesse animada, Julie ainda não tinha recuperado totalmente o brilho que perdera por conta do término.

- Você se lembra da festa hoje a noite, né? – questionei, sentando lentamente na cama.

- Eu não vou. – Julie respondeu, simplesmente. Esperei que me desse um motivo, mas isso não aconteceu.

Enquanto eu tomava café da manhã, ela me contava as últimas novidades da escola.

- Sabia que Tommy Shawn foi traído pela namorada? – contou. Eu o conhecia, já que era um dos jogadores de hóquei que viviam na casa do Benny.

- Que droga. – comentei, com a boca cheia de torradas.

- Ele não pareceu tão triste. – ela abriu um sorriso. – Sabe a festa de ontem?

Concordei com a cabeça. Não tinha como eu não saber das festinhas que Benny Bu dava, afinal a música alta e a conversa chegavam na minha janela. Ele sempre nos convidava, mas dificilmente íamos. Ontem, Julie estava lá, e eu fiquei em casa ajudando meus pais a escolherem a nova decoração da sala de estar (às vezes, sem motivo nenhum, mamãe decidia "repaginar" algum cômodo).

- Adivinha só?

A expressão dela me fez entender o que tinha acontecido.

- Vocês dois? – perguntei, embora soubesse a resposta. – Você? E o Tommy?

Não consegui ter outra reação além de gargalhar.

- Foi uma aposta. – ela deu de ombros. – Foi divertido, ele beija bem e ainda ganhamos vinte pratas.

- Isso foi ideia do Benny. – deduzi.

- De quem mais poderia ser?

Continuamos a conversar, assistimos a algumas séries de baixo orçamento terríveis e comer bobeiras, até que meus pais pediram ajuda com a decoração.

- Amo como Megan e Blake estão sempre mudando as coisas por aqui. – Julie comentou, enquanto descíamos as escadas. Depois de tantos anos de amizade, ela já os chamava pelo primeiro nome, sem a necessidade de formalidades. Meu único outro amigo que fazia isso era Benny.

Todos nos acomodamos em volta da mesa de centro, onde mamãe espalhou os esboços que fizera (ela era designer de interiores) para analisarmos as opções; papai abriu seu notebook e mostrou algumas ideias para ajudar.

- Vamos trocar esse sofá, tirar aquelas prateleiras e adicionar alguns quadros ali... – minha mãe apontava as mudanças que faríamos.

Depois de algum tempo, ficamos com fome e Julie se ofereceu para buscar salgadinhos na cozinha.

Antes que ela voltasse para a sala, ouvimos uma batida na porta.

- Estão esperando alguém? – papai perguntou.

Arte & GuerraWhere stories live. Discover now