Capítulo XXXIII

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Durante o jantar, Julie e eu tentamos descobrir o que Heather e Benny poderiam estar escondendo. Puxamos assunto, fizemos perguntas aparentemente aleatórias e até mesmo checamos as redes sociais deles por baixo da mesa. No fim, não conseguimos nenhuma informação, porque não tinha absolutamente nada para ser descoberto.

- Não é possível, Liz. – dois dias depois e Julie ainda não tinha superado nosso fracasso investigativo. – A gente nunca erra.

- Parece que para tudo tem uma primeira vez. – respondi.

- Realmente. – Max levantou as mãos, mostrando as unhas recém pintadas.

Estávamos na sala da minha casa, assistindo televisão, conversando e usando o pobre garoto de cobaia para os esmaltes novos que Julie comprara ontem.

- Não existe jeito melhor de aproveitar as minhas folgas. – ele brincou.

- Ok, foco no nosso problema aqui. – ela insistiu. – Ele está agindo de um jeito muito estranho para não ser nada demais.

Não havia como discordar de que era esquisito Benny Bu levar a garota para sair com os amigos e a família, mostrar seus filmes favoritos e mais um monte de coisas de casal, se eles estavam simplesmente "curtindo".

- Por outro lado, Bendyk nunca foi normal. – lembrei.

Julie concordou com um gesto de cabeça e voltou sua atenção para as unhas de Max, dando os últimos retoques. Enquanto esperávamos o esmalte secar, pegamos sorvete na geladeira.

- Como foi na casa do Ryan? – mudei de assunto.

- Legal. A mãe dele até me ofereceu bolo, como fazia antigamente. – Julie respondeu.

Ela começou a contar sobre a conversa que teve com a família do namorado. Depois de terminar com ele e todo aquele drama acontecer, ela se afastou deles, por medo de que tivessem algum tipo de ressentimento. Ao que parece, tudo estava se resolvendo.

- Todos estão bem otimistas de que vai ficar tudo bem, então isso me acalmou. – continuou.

Era maravilhoso vê-la mais conformada e tranquila em relação ao namorado. Desde que Jonathan retornou, ela parecia sempre meio chateada por só um deles ter sido mandado de volta. Eu estaria assim também, se fosse o contrário.

- Pensei em irmos para o shopping hoje. – sugeri, sabendo que aquilo a deixaria um pouco mais animada. – O dinheiro da venda do quadro já está disponível e eu queria comprar tintas novas.

Os olhos de Julie pareceram se iluminar e ela começou a tagarelar sobre as liquidações que estavam acontecendo nas lojas. Antes que pudéssemos sair, Benny abriu a porta da sala de estar, sem sequer bater.

- Como você sempre entra na minha casa se não tem uma cópia da chave? – questionei, em tom de brincadeira.

- Seus pais deixam a porta aberta, Liz. – foi Julie quem respondeu.

- Nada seguro... – Max comentou.

- Seth teve uma recaída e foi para a UTI. – ele nos interrompeu. – Tommy acabou de ligar.

Só então notamos como Benny parecia assustado: pálido, ofegante e com os olhos arregalados.

- O que? – Max empalideceu. Ele e Seth tinham se tornado bons amigos, então o garoto estava sempre visitando o outro no hospital.

- Precisamos ir até lá. – meu vizinho mostrou as chaves do carro, impaciente. – No caminho conversamos.

Entramos no carro e ele pisou no acelerador. Antes de seguirmos para o hospital, buscamos Jonathan. No caminho, Benny explicou o que sabia da situação:

Arte & GuerraWhere stories live. Discover now